A BOLA foi ao Estádio do Bonfim para assinalar o 50.º aniversário do último golo de Eusébio da Silva Ferreira com a camisola do Benfica
0 seconds of 5 minutes, 55 secondsVolume 90%
Press shift question mark to access a list of keyboard shortcuts
00:00
05:55
05:55
 

O golo de Eusébio em que a bola foi ao Campo Grande e voltou à Luz

NACIONAL23.03.202511:00

Toni recordou para A BOLA alguns dos melhores golos do Pantera Negra.

Enquanto vemos o ultimo golo de Eusébio pelo Benfica recriado por parte de Toni, pedimos-lhe que evocasse grandes golos do Pantera Negra de que se lembrasse. «Oh pá, já me fizeram essa pergunta várias vezes. Vi grandes golos do Eusébio nos sete anos em que joguei com ele, mas há dois que não esqueço e ainda antes de eu chegar ao Benfica. Um é contra o Chaux-de-Fonds [9 de dezembro de 1964], com o jornal A BOLA a trazer na primeira página: ‘Golo de antologia!’ O Eusébio recebe dentro da área, passa por cima de um defesa e dispara. O outro é contra o Real Madrid, no Estádio da Luz, em que ele arranca e dispara fora da área um tiro, num dos poucos jogos que, nessa altura, a televisão transmitia. Lembro-me também de um golo de livre na Luz contra o Braga, no bico da área. Era o Armando, o guarda-redes. A bola foi ao Campo Grande dar a volta com o arco no ângulo contrário e voltou ao Estádio.»

Antigo médio recorda alguns lances do Pantera Negra
0 seconds of 1 minute, 38 secondsVolume 90%
Press shift question mark to access a list of keyboard shortcuts
00:00
01:38
01:38
 

Passemos a outro António: Vaz. O homem que sofreu o tal último golo de Eusébio. A BOLA mostra-lhe fotografias de grandes jogos do Vitória. «Este é o Zé Mendes, este sou eu, aquele é o Eusébio. Deve ter sido após o golo», diz. Toni brinca: «É pá, usavas boné?!» Vaz esclarece: «Sim, por vezes, por causa do sol.»

Aparece uma foto com Nené e Vaz. «Este fez-te alguns golitos, não?», brinca Toni. Vaz não se desmancha: «Muito bom, muito bom.»

A BOLA mostra fotografias de grandes equipas do Vitória. Vaz e Toni, à vez, vão desvendando os nomes: «Matine… Zé Mendes… Rebelo… Carriço… Correia… Vaz…Octávio… Zé Maria… Torres… Arcanjo… Jota». Toni desafia Vaz: «Esta equipa ficava agora nos cinco primeiros, não ficava?!». Vaz responde com uma só palavra: «Só?!»

A seguir, uma foto de Vaz com José Torres, que era o treinador do Vitória no jogo com o Benfica de março de 1975. «Olha, olha, o patas de urso», ri-se Vaz. Toni olha para a estampa física de Vaz na fotografia e brinca: «Só se elas andassem ceguinhas; só mesmo ceguinhas…»

Guarda-redes do Vitória relembra a figura de José Torres
0 seconds of 40 secondsVolume 90%
Press shift question mark to access a list of keyboard shortcuts
00:00
00:40
00:40
 

Fotos de Vaz colocadas de lado, aparecem algumas de Toni. «Olha para isto», diz o antigo médio, «Eusébio, Vítor Baptista, Jordão, Vítor Martins, Simões. Este meio-campo foi Toni, Vítor Martins e Simões. Rui Rodrigues jogou com o Humberto no centro da defesa, o Adolfo na esquerda e o russo [Artur] na direita. Os dois já cá não estão. Aliás, nesta foto, três, quatro, cinco, seis, sete. Sete já partiram. Portanto, era Rui Rodrigues, Artur, Humberto, Toni, Adolfo e Bento. Manuel Galrinho Bento! Nesta outra, na Luz, é sôr Cabrita, Moinhos, Toni, Vítor Batista, sôr Fernando Neves, Borges Coutinho, Pavic, Móia, Ibraim, Artur, Shéu, Jordão, sôr Vítor Marques, Eusébio, Zé Henrique, Messias, Palhinhas, Barros, Simões, Humberto, Bastos Lopes, Artur, Diamantino, Bento e Nené! É pá, que memórias!»

Saímos da zona do relvado onde Toni cruzou a bola para Eusébio e passamos para a baliza onde Vaz sofreu o golo. «Sim, senhor, vamos para a zona do agrião», avança Toni. «Sabes para quem é que a baliza parece enorme?», pergunta Toni. Dá a resposta: «Para os guarda-redes, porque para quem remata parece uma baliza de hóquei.»

O jornalista de A BOLA lança uma bola pelo chão para Vaz. Ele apanha-a e Toni volta a brincar: «Olá, foste lá abaixo. Dobraste bem. Quantos anos estiveste debaixo de uma baliza?». Vaz pensa uns segundos e responde: «Acabei há 40 anos, com 38. Foram mais de 20 a defender! Se eu tinha lugar nas equipas da atual I Divisão? Acho que sim. Sim, sim.» E, embalado, Vaz fala do Benfica. «Mandaram embora um guarda-redes para ficar com outro que não joga nada. O atual guarda-redes do Benfica não joga nada [a palavra é outra e Toni ri]. Então o outro que lá estava não era melhor que este? O Odysseas não era melhor?!»

Os benfiquistas que decidam. Entretanto, Vaz, Toni e os repórteres de A BOLA saíram do Bonfim. O golo de Eusébio foi há 50 anos e fomos relembrá-lo à baliza onde tudo aconteceu.

Leia também: