A ‘seca’ de Pavlidis, Rúben Amorim e alterações na equipa: tudo o que disse Bruno Lage

NACIONAL29.10.202415:00

Técnico do Benfica fez a antevisão ao jogo com o Santa Clara, para os quartos de final da Taça da Liga.

— Sendo este um jogo a eliminar, espera um Santa Clara diferente em relação ao jogo da Liga [que o Benfica venceu por 4-1]?

— Não prevejo uma equipa muito diferente daquela que jogou há mês e meio connosco e daquilo que tem feito no campeonato. assim como para nós, nada muda, todos os jogos são encarados como finais. Amanhã é mais uma final para nós, queremos estar na final-four, queremos fazer um grande jogo frente a um adversário muito competente, pela excelente campanha que está a fazer no campeonato. nós temos de estar com uma ambição enorme de seguirmos em frente na prova.

—  Que prioridade pode dar à Liga ou à Liga dos Campeões, em relação à Taça da Liga, até pela densidade competitiva, se pensa fazer alterações na equipa, se será muito diferente da que jogou na última partida?

— A prioridade é sempre o próximo jogo. Procuramos o mais rápido possível a consistência que pretendemos. Há sempre duas coisas que vão contra essa consistência, uma é o espaço temporal que ficamos, por vezes, sem competir, outra claramente são as muitas alterações sem termos uma base sólida. Se entender que há jogadores que possam entrar na nossa equipa para esta continuar a render, é isso que farei. Tratara-se de uma final para nós e temos muita ambição de seguir em frente na prova.

— Como vê a possível saída de Rúben Amorim do Sporting, tendo em conta que é um dos principais rivais do Benfica? 

— Entendo que é o assunto do momento, mas para nós o assunto momento é o Santa Clara. O Rúben neste momento é treinador do Sporting, não vamos jogar contra o Sporting, vamos jogar com o Santa Clara e a estarmos focados em algum treinador, tem de ser no Vasco [Matos] e no excelente trabalho que ele tem realizado.

Renato Sanches está pronto para ser titular amanhã, agora que já fez duas partidas seguidas e faz sentido pensar, nesta altura, pensar que o Renato pode ter o impacto que teve na primeira passagem pelo Benfica, em 2016?

— Sinto o Renato à semelhança dos outros jogadores, todos podem ser titulares a qualquer momento. Tem dado boas respostas nos dois jogos em que entrou, nos treinos que tem realizado, o impacto que possa ter... Foi uma contratação do clube, toda a gente acredita no Renato. Treinei-o no Swansea, sabem do impacto que ele teve, o quanto lamentámos a sua lesão após o alto rendimento e contributo que deu à equipa. É um jogador muito importante, mas coloco-o à semelhança dos outros que têm feito trabalho muito positivo. Dados e boas exibições de jogadores que têm saído do banco. A jogar de três em três dias não há titulares.

— Sobre Pavlidis, em oposição com os rivais diretos, Gyokeres e Samu, Pavlidis está atrás a nível dos golos marcados, esta seca de golos do avançado preocupa-o?

— Enquanto treinador vejo a questão em termos coletivos. Nos jogos que eu realizei enquanto treinador, nós temos 26 golos marcados e seis sofridos. Eu tenho de olhar para o que a equipa produz em termos ofensivos e neste momento, estou satisfeito. Para haver golos tem de haver um trabalho de toda a gente, todos atacam e todos defendem. As movimentações do Pavlidis foram muito importantes para o Akturkoglu fazer os golos que fez no último jogo. A entrada do Arthur Cabral, no golo do Schjelderup, o movimento dele é muito importante para o Schjelderup poder fazer o golo. Claro que há coisas que todos podem melhorar, acreditamos que, com o tempo e o trabalho, todos vão melhorar. Recordo que há três jogos atrás, o Pavlidis jogou pela seleção e marcou dois golos em Wembley. O mais importante é estarmos convictos do trabalho que estamos a fazer.

— Como viu as entradas de Amdouni e de Schjelderup no último jogo, poderão ser titulares frente ao Santa Clara? E poderemos ter o regresso de jogadores como o António Silva, o Florentino e o Rollheiser?

— Esses jogadores têm dado um enorme contributo saltando do banco. O Beste também fez um jogo muito bom na Taça de Portugal, marcou dois golos, e fez agora uma boa exibição… independentemente dos nomes, quando eles forem chamados têm de dar um bom contributo à equipa. No último jogo, senti que, naquele momento, tinha de fazer uma alteração estratégica e coloquei o Beste em campo, meti o Florentino a suplente, e é assim que vamos jogar amanhã, olhar para o que os jogadores têm feito e perspetivar o jogo com o melhor onze para vencer.  

— Ainda sobre Pavlidis e a pressão que ele sentirá por não marcar golos, ele estará a acusar essa pressão e teve a necessidade de conversar com ele, para reforçar aquilo que eles está a fazer na equipa?

— Vou usar a palavra que usou que é pressão que ele tem de fazer quando temos de defender e todos têm feito um trabalho fantástico nesse sentido. Reforço que a nossa visão é objetiva na análise coletiva. É verdade que um ponta de lança vive de golos, em termos dos adeptos e de quem gosta de futebol é um jogador que é sempre avaliado pelos golos. É o único contributo que às vezes é mais visível, o número de golos que um ponta de lança dá. E nós temos de ver a questão de outra maneira. Nós temos fazemos a análises, a seguir a cada jogo, em termos globais, por vezes em termos individuais, tenho falado com todos, porque como não temos tanto tempo para trabalhar, temos de analisar, de colocar jogadores a perceberem as movimentações dos outros. Esse é um trabalho que temos feito.

— Pode atualizar a condição física de Leandro Barreiro e de Prestianni , se poderão ser opções em breve, e já agora também sobre a evolução de Tiago Gouveia?

— Estão os três a evoluir muito bem, estiveram os três hoje no treino e treinaram à parte, ainda não com a equipa.

— Faz sentido ter esta competição, numa altura em que existe uma sobrecarga de jogos, e se faz sentido este formato da competição, que à partida exclui 30 das 36 equipas profissionais?

—Vou por partes, acho que faz sentido a competição, preferia fazer uma fase de grupos. Agora, aquilo que gostava de ter era tempo para treinar. Independentemente de ter feito a pré-época ou não, nós temos de pensar muito bem o tempo que temos para treinar. Os jogadores precisam disso, de terem tempo para recuperar e de voltarem à competição. Há cinco, seis anos atrás, nós tínhamos mais tempo para treinar entre os jogos, mesmo nos compromissos da seleção. Temos de arranjar maneira de enquadrar as competições num espaço temporal entre os jogos, para jogar para as ligas nacionais, poder jogar a Liga dos Campeões a meio da semana, mas eu acho que tinha de haver maior tempo e espaço entre os jogos. Essa é a minha opinião, qualquer dia só temos a pré-época para fazer, e mesmo na próxima pré-época, se houver uma nova competição, nem na pré-época temos tempo para treinar. Para os jogos serem mais competitivos, eventualmente para haver menos lesões, o espaço entre os jogos deviam ser maiores e para as equipas criarem automatismos tem que haver tempo para treinar.