Leandro Barreiro marcou três golos na vitória do Benfica sobre o Famalicão, por 4-0, na Luz
Leandro Barreiro marcou três golos na vitória do Benfica sobre o Famalicão, por 4-0, na Luz (Foto: Miguel Nunes)

Benfica: Regresso a casa com a Taça

OPINIÃO11:00

'Visão de golo' é o espaço de opinião semanal de Rui Águas, treinador e antigo avançado internacional português

De regresso a casa e com a Taça da Liga. Neste regresso feliz à Luz o Benfica mostrou-se uma equipa segura a defender e contundente a atacar. Permitir poucos remates e ocasiões ao adversário e por outro lado criar situações de remate que resultem em golos. É este equilíbrio e controlo que as equipas procuram garantir.

A equipa foi sólida defensivamente e agressiva na frente, conseguindo desde cedo a vantagem sobre o Famalicão, aspeto importante para a sempre ansiada estabilidade exibicional.

No ataque a figura surpreendente foi Leandro Barreiro, que fez a diferença vindo de trás, em movimentos diagonais sempre tão difíceis de anular por quem defende. O timing do movimento coordena-se com o momento do passe e com a posição da linha defensiva adversária. Claro que o protagonista depende da qualidade de quem faz a assistência, no caso, quer Pavlidis, quer Schjelderup, foram certeiros.

Barreiro consegue, com simplicidade, ser pressionante à frente na saída de bola do adversário, sendo depois mais um recuperador atrás. O seu raio de ação completa-se com a presença que consegue no ataque, com especial relevo nesta última vitória. Os seus três parceiros da frente estiveram também em bom nível, com Schjelderup à cabeça, que encanta e confirma influência. De técnica apurada com a bola e pé direito muito próximos, dificulta o timing de quem procura o corte. Akturkoglu surgiu bem. Figura, que já se percebeu, de forte temperamento, reagiu bem ao banco, como convém, num regresso convicto e participativo em alguns dos melhores lances de ataque do Benfica. Tão bem na direita como agora na esquerda. Com a mesma profundidade, embora mais exterior, acrescentou nesta mudança de lado a qualidade do seu cruzamento. O ângulo de remate é, no entanto, para um destro mais fechado que no flanco oposto.

Sem conhecer pessoalmente Leandro Barreiro, sinto ser alguém que merece a noite única (veremos...) que viveu. A sua simplicidade percebe-se, sendo um bom modelo para muitos. A disponibilidade, humildade e a discrição são caraterísticas raras na egoísta atualidade que vivemos. Barreiro é um bom exemplo.

GRANDE ÁREA

Quanto a Pavlidis, mantém o seu habitual esforço e entrega, cujo contributo assenta na sua capacidade técnica e mobilidade, eventualmente demasiada para um número nove. Talvez deva medir melhor os seus espaços para a pretendida correspondência na finalização. A grande área será sempre a zona preferencial e onde o resultado se faz. É principalmente lá que o atacante tem que prestar serviço.

O equilíbrio entre o apoio lateral que é pedido ao avançado centro deve ser equilibrado com a obrigatória presença na área, ainda mais quando se joga com um único ponta de lança. Respeito muito o esforço de quem tenta e dá o máximo. Uma regra que sempre me guiou enquanto joguei: 'As eventuais críticas que cheguem só podem resultar da falta de pontaria, nunca da menor entrega.' É o caso do jogador internacional grego.

FESTA É FESTA

Lusitano de Évora e Elvas são os mui nobres representantes alentejanos do Campeonato de Portugal na democrática festa da Taça de Portugal desta temporada. Atingir fases tão adiantadas da histórica competição é o sonho de muitos, mas alcançada por quase nenhuns de divisões mais modestas. Nesta edição, o Minho tremeu e bem, ante a capacidade e vontade de quem compete em contextos mais humildes. SC Braga e Vitória SC, vizinhos e rivais entre si, suaram e sofreram, acabando com sortes diferentes.

É um facto que a nossa casa é naturalmente mais confortável porque se conhecem os seus cantos e por isso também mais incómoda para visitas, mesmo quando ilustres.

Assim, o Elvas fez valer o calor da sua planície para heroicamente seguir em frente. Já o Lusitano de Évora, mesmo competindo até ao fim, enfrentava um cenário bem mais adverso. A honra que a equipa deixou em campo foi celebrada mesmo assim pelos muitos adeptos que a acompanharam, vindos de tão longe. Bravo, Alentejo!