Otamendi, capitão do Benfica, com mais alguns companheiros a seu lado no palanque, segura no troféu da Taça da Liga que os encarnados conquistaram no último sábado ao derrotarem o Sporting na final por 7-6 nos penáltis após 1-1 nos 90 minutos
Otamendi, capitão do Benfica, segura no troféu da Taça da Liga que os encarnados conquistaram no último sábado ao derrotarem o Sporting na final

OPINIÃO DE RUI ÁGUAS Taça que convence

OPINIÃO10:00

Visão de golo é o espaço de opinião semanal de Rui Águas, antigo avançado internacional por Portugal

Entre o campeonato e duas derrotas consecutivas, que por serem raras abalaram o Benfica, quis o calendário da taçaTaça da Liga que os mesmos intervenientes se voltassem a encontrar, pouco tempo depois, para tirar as teimas. A síndrome das primeiras partes frouxas era fundamental reverter nestes novos embates e isso aconteceu. Passando à final, foi excelente o nível exibido por Benfica e Sporting num jogo equilibrado e vibrante. Uma bela demonstração, digna da capacidade real das respetivas equipas.

Surpreendente a intensidade mostrada depois de disputadas as meias-finais, ainda mais no caso do Benfica, com menos um dia de descanso. Para valorizar o espetáculo, ao contrário do que acontece na maioria das ocasiões, as equipas passaram por cima do estafado e histórico estudo mútuo e aceleraram desde início. O Benfica repetiu a forte entrada contra o SC Braga e de novo com efeito decisivo.

Lage decidiu premiar Schjelderup pelos belos serviços prestados e influência marcante no jogo anterior com o SC Braga. Se então o jovem norueguês ameaçou, na final lá marcou e como. Mesmo com um ritmo de jogo abaixo dos restantes, a vontade de mostrar, a personalidade com bola e a superior qualidade técnica sobressaíram e convenceram. A aposta de Lage teve o efeito desejado e com juros. Imagino que a substituição do jovem norueguês tenha sido decidida pelo seu esgotamento físico. Só pode. Mal refeito da sua boa estreia a titular e poucos dias depois ter que defrontar o rival, mais a pressão que um dérbi envolve, é duro. Deu tudo o que tinha de bom em 45 minutos frenéticos, à frente e atrás.

Quanto ao resultado, foi uma vitória da equipa que mais perto esteve de evitar os penáltis. A perdida de Pavlidis, embora ainda na primeira parte, poderia ter assinalado uma final diferente e o esboço antecipado de quem sairia vencedor. O empate acaba por acontecer pela bola parada menos difícil de concretizar, mas que faz parte, muitas vezes por precipitação de quem defende. Esse momento vivido por Florentino penaliza um dos melhores em campo. Fez um bom jogo, de muitas ações decisivas e grande desgaste, que por vezes precipita intervenções de maior risco, inadequado na própria área. Na defesa, a fórmula dos gémeos Tomás e António, já anteriormente testada e mais uma vez fiável. Opção para manter?

No rescaldo da final e mesmo para os mais céticos, a resposta foi boa e ficou claro que o Benfica pode chegar onde quer. E Schjelderup também... Quanto às rivalidades, o último dérbi importa e faz sempre mossa. Muitas vezes muda a dinâmica e o curso da história que corre.

Nota: Francisco Trincão pode e deve lamentar o penalti falhado, que desempatou a final, mas pedir desculpa? Fazê-lo por algo que se quer conseguir e não se consegue, por mérito de quem defende? Nunca se é culpado quando se tenta o melhor. Claro que a tristeza é compreensível e a humildade uma qualidade admirável. No rescaldo da competição, a alegria ou tristeza não deve corresponder a elogio ou insulto. É pedir muito respeitar o esforço e vontade, mesmo na derrota?

50 EUROS

Podcasts são espaços atuais interessantes de partilha de vivências num ambiente o mais caseiro possível e confortável, que proporciona a sinceridade e abertura do entrevistado. Não sendo eu especialmente seguidor deste recente meio de divulgação, já participei num par de ocasiões e gostei. Entrelinhas é um destes projetos e é sobre uma das últimas edições emitidas que vos falo. Carlos Vinícius, avançado que passou pelo Benfica, foi o convidado. Reconheceu ele, com ingénua naturalidade e graça, que pagava 50 euros aos seus colegas do Rio Ave por cada assistência que lhe fizessem e que resultasse em golo. A ideia, à partida, faz soltar uma gargalhada a qualquer um, mas o resultado está à vista. Sabemos que o golo gera vitórias e, para um avançado, é determinante para a progressão da sua carreira. A verdade é que este original investimento resultou e catorze foram os golos conseguidos nessa época por Vinícius. E o mister saberia? Euros à parte, o avançado brasileiro pode orgulhar-se sim, do seu belíssimo trajeto, só ao alcance dos bons.