Os recados para os jogadores que desistem: tudo o que disse Bruno Lage

Treinador do Benfica falou em conferência de imprensa, na véspera da final da Taça da Liga, frente ao Sporting

É a sua primeira final da Taça da Liga. Que expectativas tem para este dérbi e o que é que pode fazer a diferença?

As nossas expectativas são as melhores. Chegámos à final e queremos vencer. Preparámos bem o jogo, tecnicamente, taticamente, estrategicamente e emocionalmente. Estamos prontos para fazer um bom jogo e vencer. O mais importante é a vontade de nós jogarmos a final e podermos aumentar o número de Taças da Liga conquistadas pelo Benfica.

Há alguma vantagem psicológica por parte do Sporting, por ter vencido recentemente o jogo contra o Benfica, e que conclusões tirou desse jogo para esta partida?

Não existe, porque se assim fosse poderia também ter essa mesma resposta sobre o jogo com o SC Braga e foram dois jogos consecutivos. Não acredito nesse tipo de vantagens. Acredito sim em termos a mentalidade certa para fazermos um bom jogo. É para isso que nós temos de estar preparados e preparámo-nos muito bem para amanhã, durante 90 minutos, fazer aquilo que nos compete. Jogar bem, sermos agressivos, sermos fortes na pressão e marcar.

O Schjelderup, com a exibição que fez frente ao SC Braga, conquistou a titularidade para a final?

Todos eles estão disponíveis e prontos para jogar a final. Todos eles. Aquilo que eu quero é que a equipa tenha a capacidade, nesta segunda fase, depois de nós termos organizado a equipa, de ter um futebol ofensivo, e de termos a capacidade de ser consistentes. E, independentemente das alterações que se possam fazer no onze, nós não perdermos a dinâmica ofensiva que temos. Esse é o principal objetivo.

Tem dito que os jogadores têm de estar preparados para jogar no Benfica e no limite consigo. O Rollheiser é um desses jogadores, pois não tem aparecido muito nos jogos?

Falou do Rollheiser mas pode falar do Prestianni, do Adrian [Bajrami], do Rego... Enfim pode falar de um conjunto de jogadores que neste momento não estão a ser solução. Aquilo que eu quero é que os jogadores tenham a preparação que eu acho que é indicada para todos, inclusive até mesmo para o capitão. Prepararem-se bem técnico e taticamente, perceberem bem a estratégia, e emocionalmente estarem preparados para jogar. Para jogar no Benfica, para jogar numa equipa que quer vencer troféus, e numa equipa que, muitas vezes, só tem dois dias de trabalho entre os jogos. Mas, depois da final, temos um bom jogo, três dias a seguir, ou seja, temos domingo, segunda e na terça-feira temos de estar outra vez bem para vencer o Farense e para prosseguir na Taça de Portugal. Isto é com tempo, e nós temos tido esse tempo. Temos de olhar, por exemplo, para este homem que estava aqui ao meu lado, que é o capitão, que já tem no currículo dele várias finais e outros jogadores que ainda não têm uma final. Nós estamos cá para sermos exigentes com eles, e queremos que todos estejam sempre dispostos para jogar. Nós temos um plantel com variadíssimas opções. Neste momento, sobre a questão, foi mais uma opção. Sentimos que temos o Renato [Sanches] mais próximo daquilo que nós achamos ideal. O Renato teve 3, 4, 5 jogos pronto, preparado, e fazia publicações no Instagram, como vocês mencionaram aqui, que estava pronto e preparado, e teve 3, 4 jogos até eu perceber que estava no ponto. Independentemente do jogador, eles têm de estar no ponto de serem opção para estar na convocatória, para estarem no onze e para estarem prontos no banco para entrar. A seguir ao jogo começa uma nova vida para toda a gente, e toda a gente tem que continuar a trabalhar, para se mostrar disponível, e para corresponder às expectativas. Às minhas e à exigência do clube, que vem da força dos adeptos, porque jogar no Benfica é isso mesmo. Independentemente do que acontece, nós temos de estar sempre prontos para dar uma resposta.

Estes dois dias até à final, menos um do que o Sporting, pode ter algum peso em possíveis alterações no onze?

Sim, aproveito para esclarecer a situação. Não disse que o nosso adversário tinha vantagem, nem nós desvantagem. O que disse é que sendo uma competição em que se fazem duas meias-finais, na minha opinião devia haver no mínimo três dias entre os dois jogos. Depois, há a gestão do nosso plantel. Vou voltar a repetir, e será seguramente a última vez que vou falar sobre isto. Numa primeira fase tínhamos objetivos muitos concretos, relativamente àquilo que era a equipa. Reorganizar a equipa, perceber o que é que podia retirar de cada jogador nas posições, criar a dinâmica e o futebol ofensivo que nós pretendíamos. Neste momento, temos de ter a capacidade, eu e os jogadores, dessa consistência. Independentemente das alterações táticas, eles têm de continuar a oferecer a dinâmica ofensiva que nós conseguimos nestes quatro meses. Os jogadores têm estado disponíveis para aprender e para fazer crescer a nossa forma de jogar. Há situações que ainda não controlamos da maneira que eu gostava e vamos ter de continuar a trabalhar. Aquilo que eu quero é, independentemente do jogador, que é a dinâmica que nós criamos em termos ofensivos não se perca, que a nossa organização defensiva, a nossa atitude, e a forma como podemos pressionar, independentemente do jogo, esteja sempre presente, do primeiro ao último minuto.

Teme que o Benfica volte ao que foi frente ao SC Braga e ao Sporting para o campeonato?

Há uma coisa que é fundamental, e que foi visível no jogo, a equipa tem qualidade para jogar bem, a equipa sabe jogar bem sob pressão.

No último jogo, apostou em Schjelderup e foi um dos melhores do Benfica. O Schjelderup era um jogador apontado à saída neste mercado. Vai ficar e ser titular?

Sobre o Andreas [Schjelderup], ficámos muito satisfeitos com o rendimento dele, e sinto que tem uma oportunidade muito boa que pode fazer golo. Seria um momento muito importante por ele e correspondeu. Correspondeu o Andreas como correspondeu o Leandro quando tem entrado. Há uma determinada quantidade de jogadores que vai tendo oportunidades, e à medida que vão tendo oportunidades, tem de justificar que podem jogar, quer a titular, quer a suplente. Essa tem de ser a nossa responsabilidade. Eu não sei quem apontava a saída do jogador. Neste momento de mercado ainda não falámos sobre saídas. Quero que os jogadores estejam concentrados naquilo que são as suas tarefas e as soluções enquanto atletas. Mas, agora, aproveito para falar daquilo que é o mercado de janeiro. Muitas das vezes os jogadores desistem. Não estou a falar de ninguém em concreto, mas vou falar de uma forma geral. Desistem de lutar por uma posição. Hoje em dia querem que aconteça tudo e muito rápido. Há uns tempos, há 20 ou 30 anos, as coisas aconteciam de forma muito mais devagar. Quando as oportunidades apareciam, os jogadores tinham mais paciência, os seus agentes tinham mais paciência, para lutar contra a adversidade. Aquilo que eu acho é que se nós educarmos estes meninos novos, quer os que venham de fora contratados, com 17, 18 ou 19 anos, ou até mesmo os nossos, que há primeira dificuldade na vida, eles vão sair daqui e vão para outro lado, quando chegarem ao outro lado, na mesma janela do mercado, vão fazer a mesma coisa. Se não estão a jogar, ou é por A, B ou C e esquecem-se de olhar para aquilo que podem fazer a cada momento. Por isso, eu como treinador nunca fujo de desafios e nunca fujo de questões difíceis. Estamos cá, temos de corresponder a esta exigência de clube grande e nós temos de estar aqui para ajudar toda a gente a adaptar-se à grandeza e à exigência do Benfica.

 Costuma dizer-se que se trabalha melhor sobre vitórias do que sobre derrotas. Sentiu algo diferente no estado anímico da equipa? E que significado tem esta final, que é o jogo 100 do Bruno Laje no Benfica?

Especial é por ser uma final e aquilo que mais queremos nas nossas carreiras é conquistar títulos. É especial por isso. Vou dizer aquilo que disse no último jogo, após a conferência do jogo do SC Braga. Nós não temos tempo para olhar para aquilo que foi o último jogo. O nosso foco e a nossa atenção tem de estar no jogo seguinte. Se olharmos muito para aquilo que foi o nosso último jogo, não vamos estar preparados para o jogo seguinte. A nossa forma de estar é fazer uma análise concreta, real, passar aos jogadores o que é que temos de fazer melhor no próximo jogo e exigir que isso seja feito.