Entrevista exclusiva A BOLA A explicação do salário de João Félix, que foi de €400 mil a €4 milhões

Desde que há dez anos assumiu a presidência, Javier Tebas revolucionou a LaLiga; tornou-se num dos dirigentes mais influentes do futebol europeu e mundial e é inimigo declarado do projeto da Superliga; A BOLA abordou o dirigente espanhol para uma entrevista, cuja segunda parte pode ler neste domingo.

-Preocupa-o a situação financeira que atravessa o Barcelona?

-Ocupa-me, mas não me preocupa porque sei que o clube tem mecanismos que lhe irão permitir sair do estado em que está, terá de adaptar-se e ver quais são as melhores opções para encontrar o caminho certo e solucionar o problema, umas serão mais agressivas e pouco populares, outras menos e são os dirigentes os que terão de decidir o que é melhor para o futuro da instituição.

-Como pôde chegar o Barcelona a esta crise?

-O Barcelona sempre teve o costume de ir ao máximo do limite salarial imposto por LaLiga, chegou a pandemia, as receitas baixaram drasticamente o que não sucedeu com os salários, os contratos eram por vários anos com os jogadores com os que o clube não conseguiu chegar a acordos para a sua revisão e a consequência foi que os encargos não se adequaram à redução dos rendimentos. Outros clubes, sim, lograram fazê-lo, o Real Madrid, por exemplo, nunca atingiu o limite a que podia chegar, foi mais precavido e isso deu-lhe margem para, quando chegou a crise, poder controlar a situação.

-Falando de salários, no contrato de Joâo Félix que o Barça vos mandou figurava que iria ganhar 400 mil euros, LaLiga corrigiu para 4 milhões, que sucedeu?

-A nós não nos interessa o valor que os clubes ponham nos contratos, temos os nossos próprios critérios para, a efeitos do controlo económico, calcular o salário que esteja de acordo com a valia do jogador. Claro que estranhámos que um futebolista com a categoria de João Félix pudesse ter esse ordenado, era demasiado baixo e, por isso, decidimos subi-lo até ao montante que nos pareceu mais realista.

-As saídas de Cristiano Ronaldo e de Messi desvalorizaram LaLiga?

-Não causaram danos porque não decrescemos, mas, com eles, certamente teríamos crescido de forma mais rápida. A liga francesa com Messi, Neymar e Mbappé não cresceu, Cristiano Ronaldo foi para a Itália e as receitas internacionais da liga italiana não aumentaram, as nossas sim apesar de termos perdido a eles os dois. A razão está em que, tanto os patrocinadores como meios audiovisuais o que mais têm em conta é que a competição seja economicamente sustentável, que sete anos depois continue a ser muito competitiva e que em Espanha sempre há muito bons jogadores, este ano temos o melhor do mundo que é Bellingham, na época passada Lewandowski esteve a um grande nível, o Atlético tem Griezmann, se vier o Mbappé isso vai ajudar-nos a ser mais competitivos e a crescer de forma ainda mais rápida.

-A que distancia está Laliga de la Premier?

-Somando os orçamentos de todas as equipas da primeira divisão, o orçamento total da  Premier é 1,8 vezes maior que LaLiga mas estamos num setor em que nem tudo é economia, está também a parte desportiva e, neste aspeto, o nosso historial europeu dos últimos anos está à frente, ganhámos 60% dos títulos, na atual Champions estão quatro equipas espanholas e duas inglesas, o que temos que ver no futebol é o equilíbrio entre os dois aspetos, o desportivo e o económico, no primeiro somos melhores, no segundo ganha a Premier.