Entrevista exclusiva A BOLA «Mesmo campeão, o SC Braga iria parar à terceira categoria e o Benfica à primeira»
Presidente da LaLiga, Javier Tebas é muito crítico da Superliga, mas também admite que não tinha mudado nada na Liga dos Campeões
Desde que há dez anos assumiu a presidência, Javier Tebas revolucionou a LaLiga. Tornou-se num dos dirigentes mais influentes do futebol europeu e mundial e é inimigo declarado do projeto da Superliga. A BOLA abordou o dirigente espanhol para uma entrevista, cuja primeira parte pode ler neste sábado.
-O SC Braga que este ano esteve na Champions, onde iria parar na Superliga?
-À terceira categoria, mesmo sendo campeão não teria direito a ir à Liga “star”, onde, embora não o tendo sido, sim poderia estar o Benfica. O Braga ficaria, pois, na terceira divisão europeia, teria de ser um dos dois primeiros para poder subir à segunda e depois o mesmo para ascender à primeira. Com isto rompe-se a essência com a que criámos o futebol europeu, os resultados desportivos nas ligas nacionais deixam de garantir a presença na Europa na temporada seguinte.
-Um dos argumentos da Superliga é o de que o futebol está a perder interesse, sobretudo entre os jovens. Está de acordo?
-Essa é outra mentira mais. Agora o que mais se vende nos quiosques e nos supermercados são os cromos dos jogadores comprados por miúdos de 10 a 12 anos, o que mais se vê no Tik-Tok são os vídeos de futebol, há um aumento claro do número de jovens que vê o futebol em direto, nos smartphones, nos tablets ou usando o duplo ecrã enquanto falam com os amigos por WhatsApp. O que sim é verdade é que as pessoas com mais de 50 anos veem menos futebol, não porque não queiram, mas porque têm mais dificuldade em usar a tecnologia.
-E os jovens, vão aos estádios?
-Esta temporada estamos a bater todos os recordes de assistência, vamos chegar a 85% na taxa de ocupação dos estádios, basta ver as imagens na televisão para constatar que os jovens sim vão aos jogos e em grande número, isto não sucede só em Espanha, mas em toda a Europa. Todos os estudos contradizem a Superliga que não consegue apresentar nada que confirme o que afirma e que não é mais que uma conversa de bar às cinco da manhã.
--O novo formato da Champions é uma tentativa de resposta da UEFA à Superliga?
-Eu não teria mudado nada, tenho muitas dúvidas e assim o expressei quando foi a votação para a sua aprovação, adverti que deveríamos ter um período experimental de 3 ou 4 anos para ver como, economicamente, o novo formato afetava às ligas nacionais.