Entrevista exclusiva A BOLA «Centralização de direitos foi a segunda medida para o sucesso da LaLiga»
Javier Tebas explica desenvolvimento da liga espanhola e o que é a Liga Impulso
Desde que há dez anos assumiu a presidência, Javier Tebas revolucionou a LaLiga. Tornou-se num dos dirigentes mais influentes do futebol europeu e mundial e é inimigo declarado do projeto da Superliga. A BOLA abordou o dirigente espanhol para uma entrevista, cuja primeira parte pode ler neste sábado.
-Em dez anos, a LaLiga deu um enorme salto transformando-se numa multinacional conhecida em todo o mundo, qual foi o segredo do êxito?
-Escolher uma boa equipa, trabalhar bem em conjunto, estudar tudo o que é novo, ir à frente dos outros e fazer mais do que eles. Já estamos, diretamente, em mais de 60 países, temos 700 empregados e outros 300 em sociedades participadas e contamos com um orçamento que, incluindo os direitos audiovisuais, anda à volta dos 2.200 milhões de euros.
-A centralização desses direitos foi a grande medida para o arranque de Laliga?
-Essa foi a segunda, a primeira foi o controlo económico dos clubes. Os direitos, que eram comercializados individualmente, tinham vindo a crescer desde 1998, mas, apesar disso, a situação dos clubes ia-se agravando, o endividamento era cada vez mais alto, com a centralização e o controlo económico conseguimos aumentar as receitas e diminuir as dividas de toda a espécie que havia com os jogadores, os fornecedores ou o Estado, agora a gestão dos clubes é absolutamente exemplar, pagaram ao Fisco e a toda a gente tudo o que deviam. Acho que não devemos ver os clubes pelos ativos que possuem nem pretender que construam um património gigante, o objetivo fundamental que devem ter é o dos resultados desportivos e estar saneados, como estão, para poder competir.
-O que é que LaLiga faz no estrangeiro?
-Temos mais de 90 “Broadcast” internacionais, procuramos estar perto deles, ajudá-los nas promoções para que estejamos presentes o mais possível nos meios de comunicação social dos diferentes países para que nos tornemos mais conhecidos, buscamos novos patrocinadores e fazendo com que a nossa experiência possa servir de apoio às ligas estrangeiras que o necessitem.
-E que faz LaLiga para preparar os futebolistas para quando terminem as suas carreiras?
-Estamos iniciando um “master” de formação para os jogadores igual ao que fazemos com os dirigentes, a ideia é a de que, quando eles se retirem e quiserem continuar ligados ao futebol, tenham conhecimentos mais além dos desportivos como os jurídicos, financeiros ou de marketing, se aspiram a ser diretores profissionais de algum clube têm de saber muito bem tudo o que existe à volta do futebol e da sua gestão. Estamos também a colaborar com o sindicato procurando encontrar formas que ajudem os futebolistas a começar uma nova vida, vimos muitos casos de jogadores que ganharam muito dinheiro e, de repente, viram-se sem nada, para evitar isso é preciso formação, formação e mais formação, dar-lhes a oportunidade de adquirir a capacidade necessária para analisar a situação que vivem e decidir o que for melhor para o seu futuro. As coisas vão melhorando, mas há ainda muito trabalho a fazer.