Análise Gonçalo Ramos de volta ao grande palco
Castigo de CR7 reabre-lhe as portas de Portugal e é no Algarve que o… algarvio será titular pela terceira vez. Tem melhor média de minutos por golo do que Ronaldo e acima dos dois só… Paulinho
Perante a certeza de que, devido a castigo, Cristiano Ronaldo não poderia constar na lista de eleitos para o próximo jogo de Portugal, Roberto Martínez não hesitou em adiantar o nome do substituto do capitão. «O Gonçalo Ramos trabalhou bem durante a semana e, por isso, segunda-feira com o Luxemburgo jogará ele», disse o selecionador, em resposta a pergunta de A BOLA, anteontem, após a vitória na Eslováquia, por 1-0.
Para o jovem avançado, esta será, assim, a terceira vez assumirá a titularidade com a camisola da Seleção Nacional, depois de dois jogos nessa condição no Mundial do Catar, no final de 2022. Ou seja, o duelo com os luxemburgueses, da 6.ª jornada do grupo J de qualificação para o Europeu, marcará a estreia como titular, em território nacional, do jovem avançado que o Benfica cedeu ao PSG este verão, com cláusula de opção de compra que pode ser acionada por qualquer um dos clubes no valor de 65 milhões de euros, valor do qual as águias já receberam 20 milhões.
E que melhor cenário para este regresso de Ramos ao palco maior do que o Algarve, ele que é algarvio natural de Olhão? Aos 22 anos, o jovem atacante soma um total de quatro golos em sete internacionalizações, quatro delas como suplente utilizado.
No primeiro de todos os desafios de quinas ao peito, em novembro do ano passado diante da Nigéria, derradeiro teste antes do Mundial, o jogador do PSG estreou-se também a marcar. Fernando Santos lançou-o a 23 minutos do fim, muito a tempo de, assistido por Raphael Guerreiro, desferir o remate com o pé direito que pôs o resultado em 3-0, aos 82 minutos. Portugal venceria por 4-0.
O momento de maior glória, esse, estava guardado para o maior de todos os palcos, o Campeonato do Mundo. E também então substituiu Cristiano Ronaldo, retirado da equipa pelo engenheiro depois de ter protestado uma substituição no encontro anterior. Gonçalo Ramos agarrou a oportunidade com unhas e dentes e, a 6 de dezembro de 2022, nos oitavos de final contra a Suíça, abriu o livro e protagonizou um histórico hat-trick na goleada com a Suíça (6-1).
No jogo seguinte, com Marrocos, a chama apagou-se – a dele e a dos restantes companheiros – e a Seleção Nacional acabava em lágrimas após cair nos quartos de final diante de Marrocos (0-1).
Contas feitas, os números de Ramos na Seleção conferem-lhe lugar de topo no ranking da média de golos por jogo. O jovem avançado tem média de 0,57 e só é ultrapassado por Cristiano Ronaldo com estrondosos 0,61 por conta dos 123 golos em 201 jogos. Se a contabilidade, porém, for ao número de minutos de que necessitam para fazer um golo por Portugal, aí a média de Gonçalo Ramos dispara para valores estratosféricos: um golo a cada 53 minutos de jogo contra os 79’ do melhor marcador de sempre de Portugal. Há porém um outro que ultrapassa este dois: Paulinho, do Sporting, que com dois golos em três internacionalizações, tem média de um remate certeiro a cada 41 minutos!
Voltando a CR7, as suas performances aos 38 anos vão merecendo alguns reparos, não obstante ser o goleador português da fase de qualificação para o Euro-2024 com cinco golos (dois com o Liechtenstein e outros tantos com o Luxemburgo, e um, decisivo, com a Islândia). Mas, amanhã, a hora será do miúdo algarvio que, na época passada, marcou 27 em 41 desafios pelo Benfica e que, no PSG, soma três partidas, embora ainda não tenha feito o gosto ao pé.
Será para ficar? Roberto Martínez, o selecionador que só sabe vencer, terá a palavra.