Felicidade do avançado do Barcelona até resiste à intermitência enquanto titular; cinco golos e quatro assistências em 11 jogos neste início de época; segundo melhor arranque de carreira
Um dos melhores em campo na goleada da Seleção Nacional à Bósnia nesta segunda-feira (5-0), João Félix confirmou que aponta já para uma das melhores épocas da ainda curta carreira. O avançado do Barcelona, separado de um Atlético de Madrid que complicará sempre a consumação de um divórcio há muito anunciado, nem abanou com o seu lugar habitual no onze das quinas a ser mais recentemente entregue a Rafael Leão – diante dos bósnios alinharam ambos, com o extremo do Milan a manter a esquerda do tridente de apoio a Cristiano Ronaldo e o ‘culé’ assumiu o papel de número 10 – e entregou-se de alma ao carrossel ofensivo da equipa das quinas, com um golo e uma assistência, e vários outros momentos de destaque. Está feliz, como já o reconheceu várias vezes publicamente, e mostra-o em campo. Além disso, apresenta-se também consciente do que lhe tem faltado: consistência. Ou seja, manter um nível alto ao longo da temporada. Reconheceu-o precisamente na conferência de imprensa de antevisão à partida diante dos bósnios.
Com essa ressalva da necessidade de garantir continuidade no nível exibicional, os números de Félix prometem. E o que fez na Seleção, mesmo não jogando todos os minutos, confirmam-no. Nos últimos três jogos por Portugal – dois como suplente utilizado, depois de não ter saído do banco em Bratislava diante da Eslováquia – soma então dois golos e uma assistência. Já no Barcelona, leva três remates certeiros e outros tantos passes decisivos em oito partidas, ao se juntar campeonato e Liga dos Campeões. Contas feitas, cinco golos e quatro assistências em 11 encontros e 658 minutos, uma ação decisiva a cada 82 minutos.
A melhor época da carreira de João Félix foi a primeira, ainda no Benfica. E esses números parecem, para já, difíceis de repetir num contexto mais exigente de uma ‘Big Five’, como é a La Liga. Foram 43 jogos, 20 golos e 11 assistências ao serviço dos encarnados. Estreou-se na Seleção, diante da Suíça nas meias-finais da Liga das Nações que Portugal viria a conquistar, mas não marcou nem assistiu. Aliás, o seu trajeto na ‘equipa de todos nós’ até ao Campeonato do Mundo do Catar (um golo e duas assistências) apresentou-se sempre bastante irregular, revelando dificuldades com o jogo muitas vezes mais direto professado por Fernando Santos.
Capitão está imparável em frente à baliza: aos 18’ já tinha bisado. Médio do M. United somou também mais um golo e nova assistência e João Neves estreou-se na Seleção A aos 19 anos
Depois de deixar a Luz, o seu melhor registo surgiu em 2020/21, a época do último título ‘colchonero’. Mesmo com algumas lesões pelo caminho, Félix participou em 52 jogos entre clube e seleção, marcou 12 golos e fez sete assistências. É esta a fasquia que está mais ao alcance do português, ele que, apesar da boa capacidade de definição à frente da baliza, sempre foi mais um criador do que um finalizador.
Curiosamente, a última época, dividida por ‘Atleti’ e Chelsea (e Seleção), é a segunda melhor no pós-Benfica. Foram 49 jogos, muitos a partir de uma condição de suplente, 11 golos apontados e cinco assistências. E, logo depois, a anterior, em que sofreu uma lesão grave no tornozelo, com 39 jogos, dez golos e seis assistências. Na primeira em Espanha, colheu nove remates certeiros e três passes decisivos em 41 partidas.
A primeira parte de Portugal foi ‘apenas’ deslumbrante; o mesmo sistema e novas dinâmicas; o ‘jogo a sério’ acabou ao intervalo
No que diz respeito a golos e arranques de época, se contabilizarmos apenas os clubes – e juntando o Benfica –, o atual já iguala o segundo melhor registo, alcançado em 2019/20, com três golos em período idêntico. Somada a Seleção, ultrapassa-o. O melhor, mais uma vez, conseguiu-o no ano do título, com cinco golos em oito jornadas e na participação na Liga dos Campeões, com um bis ao Salzburgo.
João Félix está mesmo de volta, falta-lhe manter o nível.