FC Porto, da AG ao Moreirense
Vítor Bruno no Moreirense-FC Porto. Foto: Grafislab

FC Porto, da AG ao Moreirense

Num clube com a exigência do FC Porto, não será de estranhar que, bem manipulada, a emoção se sobreponha à razão, o que pode criar cenários fraturantes…

O FC Porto está transformado num caso de estudo. Já se percebeu, quer pelas eleições, quer pela mais recente Assembleia Geral (AG), que 80 por cento dos sócios estão com Villas-Boas e 20 por cento, que preferiam a continuação do modelo anterior, estão contra. Também já se percebeu que, derrotadas esmagadoramente nas urnas, as franjas mais radicais deste grupo minoritário, quiçá quem sentiu profundamente no bolso as mudanças introduzidas, vão promover uma guerrilha interna, que não mata mas mói, que terá sempre por base os insucessos desportivos e o descontentamento deles decorrente que, bem potenciados, podem abalar a nação portista. Porém, quantos, dos 80 por cento acima referidos, terão vacilado nas convicções, depois da eliminação do FC Porto da Taça de Portugal, em Moreira de Cónegos? E quantos, dos 20 por cento, terão visto no espalhanço portista, uma luz ao fundo de um túnel que desejam que desemboque num «ó tempo volta pra trás»?

André Villas-Boas deve ter consciência de que, ao mexer no vespeiro dos poderes instalados, arranjou inimigos para a vida (os adversários, adaptando Winston Churchill, estão nos outros clubes), preparados para uma luta autofágica e para uma estratégia de terra queimada. Ao dia de hoje, o alvo dessa ‘quinta coluna’, que já se deve ter esquecido do Krasnodar, é cada vez mais Vítor Bruno, treinador escolhido por André Villas-Boas para substituir Sérgio Conceição (entretanto criticado pelo antigo presidente, não lhe tendo valido, sequer, o apoio público que lhe manifestou na véspera das eleições), independentemente do FC Porto, à 12.ª jornada, contra os mesmos adversários (substituindo o Vizela pelo Santa Clara e o Portimonense pelo AVS) ter agora mais quatro pontos. Todavia, quando atacam Vítor Bruno, quem querem atingir é Villas-Boas, o que se mete pelos olhos dentro de quem tiver dois dedos de testa. Nesse sentido, se o presidente portista for arrastado pela maré da solução mais recorrente, estará a ficar mais perto do alvo que, desde que esmagou nas eleições, os irredutíveis do passado querem pôr-lhe nas costas. Mal de finanças, a ter de recorrer a empréstimos massivos, e com o fair-play da UEFA a rondar-lhe a porta, qualquer portista lúcido deverá perceber que a equipa de Villas-Boas está a percorrer o caminho das pedras, e dar-lhe-á tempo para sanear o que outros inquinaram. Porém, num clube com a exigência do FC Porto, que se habituou a ganhar muitas vezes, não será de estranhar que a emoção se sobreponha à razão, o que pode criar cenários fraturantes, onde alguns podem ganhar (nem que seja apenas pela derrota dos outros), mas o clube perde de certeza absoluta…