Croácia-Portugal,1-1 O maestro Vitinha pegou na batuta, mas a sinfonia só durou 45 minutos (crónica)

SELEÇÃO18.11.202422:42

Portugal voltou aos três centrais, deu-se muito bem na primeira parte... e muito mal na segunda. Vitinha, Leão e Félix em grande até se afundarem com o resto da equipa. Estreias para Tomás Araújo, Tiago Djaló e Fábio Silva, Quenda tem de esperar

SPLIT – A necessidade de pontuar para não depender do que a Escócia fizesse em Varsóvia, frente à Polónia, era da Croácia, mas, com o pendor que o jogo de Split teve na primeira parte, mais parecia que era Portugal que jogava uma ‘final’. Do 5-1 aos polacos, no Dragão, sobraram apenas quatro – Nuno Mendes, Renato Veiga, João Neves e Rafael Leão – e nem o esquema tático resistiu à revolução de Roberto Martínez, que voltou a um sistema de três centrais que tem experimentado amiúde e permitiu a Tomás Araújo dar seguimento à grande temporada que tem feito no Benfica, estreando-se com a camisola da seleção A.

João Félix foi titular e aproveitou para ser dos melhores do lado português

Ao contrário dessa partida de má memória frente aos georgianos, os jogadores souberam interpretá-lo da melhor forma, pelo menos nos primeiros 45 minutos, onde se assistiu a uma exibição altamente satisfatória de Portugal, sobretudo com bola. Da linha de três centrais para a frente, só Vitinha e João Neves tinham posição fixa no miolo, confirmando-se que Martínez quer uma equipa «flexível» e capaz de se dispor em campo em mais do que um figurino. Entre João Cancelo, por vezes quase médio interior, Leão, João Félix e Otávio havia liberdade para trocas de posições constantes e os croatas andaram ‘às aranhas’.

Vitinha voltou ao onze... e foi um regalo de se ver

A Croácia não conseguia ter bola e o remate muito por cima, de Baturina, aos 16’, foi uma gota de água no oceano de oportunidades de que Portugal dispôs na primeira parte, com João Félix (8’) a dar o primeiro sinal de perigo luso, a que se seguiu um lance da melhor versão de Rafael Leão, aquela que vezes demais anda desaparecida. A grande arrancada do avançado do Milan foi travada por bela defesa de Livakovic e, na recarga, Otávio atirou por cima. ‘Cheirava’ a golo português em Split… e ele apareceu.

Vitinha transpôs o recital que deu na segunda parte frente à Polónia e, à frente da defesa, como primeiro construtor de jogo, foi o farol de quase todos os desenhos ofensivos de Portugal. Foi do pé direito do maestro do PSG, aos 33’, que saiu um monumental passe de 30 metros para receção brilhante de João Félix para deixar os centrais para trás e, na cara de Livakovic, finalizar com classe para voltar aos golos pela Seleção cinco meses depois. Tudo bem feito por Portugal e um golo que só pecou por tardio tal foi o domínio exercido até aí.

A Croácia sentiu o ‘toque’ no lance seguinte deixou a baliza de José Sá a tremer, com o remate de Kramaric, regressado e muito influente no ataque croata, a acertar no poste. O intervalo estava ao virar da esquina, mas não chegou sem mais uma chance clamorosa de golo para Portugal, construída no parque de diversões de Félix e Leão, que, soltinhos no ataque, foram um inferno para Gvardiol e companhia. Aos 45+2’, o passe de primeira do jogador do Chelsea encontrou a corrida do do Milan, mas o remate em arco saiu ligeiramente ao lado.

E O INTERVALO TUDO LEVOU

No balneário, os jogadores croatas certamente terão sabido da vantagem escocesa em Varsóvia, que os deixava fora dos quartos de final, e entraram para a segunda parte com outra cara, desde logo desfazendo o sistema de três centrais e mostrando que iriam ‘para cima’. Portugal não mais conseguir ligar jogo como tinha feito até aí e deixou-se ir empurrando para trás. Aos 62’ chegou o primeiro aviso, com o fora de jogo de Gvardiol a impossibilitar o 1-1, mas se não foi à primeira, foi à segunda. Num lance a papel químico, quatro minutos depois, o central do Man. City apareceu nas costas de Nélson Semedo e bateu José Sá.

O marasmo apoderou-se dos jogadores portugueses, Roberto Martínez tentou espevitar a partir do banco, estreou Fábio Silva e Tiago Djaló, mas só a entrada de Francisco Conceição trouxe alguma energia à equipa, que parecia até perdida com tantas mudanças nos vários setores. Aos 73’, pouco depois de ser lançado, fugiu pela direita, cruzou com precisão para Nuno Mendes, mas Livakovic, com uma defesa ‘impossível’, tirou o golo ao lateral do PSG.

Destaques da Croácia: Gvardiol… muito mais que um defesa

18 novembro 2024, 21:56

Destaques da Croácia: Gvardiol… muito mais que um defesa

Grande segunda parte da Croácia a encostar Portugal às cordas depois de uma primeira parte muito apagada. A lenda Modric (sempre ele, a valer o preço do bilhete), Gvardiol um jogador completo e os muitos trunfos a sair do banco a merecerem um final (ainda) mais feliz

Foi o único sinal de perigo de Portugal numa segunda parte em tudo semelhante à primeira frente à Polónia. Jogar apenas 45 minutos de cada vez com tanta qualidade (e quantidade) ao dispor parece muito poucochinho e a derrota só não veio na bagagem de Portugal porque o poste voltou a ser amigo, levando de volta o remate de Budimir, aos 90+2'.