Dores de crescimento mostram desorganização defensiva e meio-campo débil da equipa na Liga Europa. No plano interno há melhorias significativas, mas persistem (algumas) lacunas...
O empate com o Manchester United (3-3) deixou um grande amargo de boca na nação portista, num jogo que colocou a nu as debilidades defensivas da equipa treinada por Vítor Bruno, mormente na lateral-direita e no eixo defensivo. João Mário e Zé Pedro não encontraram o antídoto para travar as investidas do Marcus Rashford, mas Pepê também não colaborou devidamente na ajuda ao último reduto portista. A organização defensiva está longe estar oleada, mas há notórios problemas também no meio-campo e na capacidade de a equipa ter bola, mesmo em situação de vantagem no marcador.
A ganhar por 3-2, graças em grande parte a uma exibição estratosférica de Samu, impunha-se que o FC Porto gerisse o jogo com posse de bola, mas os dragões optaram por recuar linhas e sofreram na pele um grande dissabor, esperado face àquilo que se assistia dentro das quatro linhas. A entrada de Grujic não ajudou a equilibrar as contas na zona intermédia e o internacional sérvio volta a estar no olho do furação, em mais uma entrada em campo nefasta para a equipa, isto depois da exibição paupérrima que rubricou na Noruega, ante o modesto Bodo/Glimt. Sofrer seis golos em duas partidas da Liga Europa é motivo de ampla preocupação para Vítor Bruno, que tem a clara noção de que há muito trabalho pela frente até a equipa estabilizar defensivamente e impedir que a baliza de Diogo Costa — também ele com uma noite infeliz contra o Manchester United, sobretudo no primeiro golo dos red devils — à mercê dos adversários.
Outro dos setores do FC Porto que ainda não encontrou a devida consistência é o meio-campo. Alan Varela e Nico González têm lugar cativo, mas ainda falta encontrar uma terceira unidade que permita dar uma maior solidez a essa zona do terreno e a inclusão de Fábio Vieira a breve trecho pode ser uma solução, ainda que o tecnicista não seja propriamente um valor acrescentado em termos defensivos, ainda que possa compensar em larga escala aquilo que acrescenta ao futebol ofensivo dos azuis e brancos.
Vítor Bruno tem plena consciência de que o novo dragão está longe da perfeição e há muitos aspectos para aperfeiçoar, numa altura em que emerge num nome no ataque portista: Samu. O portentoso avançado contratado ao Atlético Madrid por 15 milhões de euros, num negócio que pode revelar-se uma autêntica mais-valia para os cofres da SAD perante o desempenho do internacional Sub-21 espanhol, vai conseguindo disfarçar as debilidades de um FC Porto ainda em fase de maturação e com um matriz de jogo que ainda não convenceu a exigente plateia do dragão. No que concerne à defesa, não é de descurar mesmo mexidas de vulto na receção ao SC Braga, com Martim Fernandes a poder regressar à titularidade no lado direito da defesa. No centro, Tiago Djaló reclama uma oportunidade e Otávio também pode sair do 'castigo'... Como sempre acontece nestas situações, a cabeça do treinador é logo pedida pelos mais radicais, mas Vítor Bruno tem ampla margem para trabalhar e corrigir os erros defensivos que a equipa apresenta e podem ser lesivos no campeonato, o grande objetivo da temporada...
Impactante a preponderância de Samu no ataque azul e branco. André Villas-Boas teve olho de lince e agora vê potencial enorme de valorização financeira: está preso por cláusula de € 100 Milhões...