FC Porto: reviravoltas há muitas...
Em época de muitas mudanças, a equipa de Vítor Bruno é capaz de virar um 3-0 para 3-4 e um 0-2 para 3-2, mas aquele golo de Maguire pode ter fartado os adeptos de tanto descontrolo
Provavelmente já poucos se lembram daqueles 20 minutos frente ao Sporting, na Supertaça, e o resultado final nem sequer motivou muita reflexão, mas sofrer três golos em tão pouco tempo revelou um desnorte poucas vezes visto no FC Porto. É verdade que a reviravolta épica só deu aos dragões mais força e crença para a época que então começava, mas, dois meses depois, os primeiros sinais de descontentamento das bancadas levam-me a recuar até a esse momento para tentar encontrar uma explicação.
Na Liga, este novo FC Porto - com nova direção, novo treinador e um plantel também ele muito novo - tem sido muito eficaz. Tirando o segundo jogo contra o Sporting - em que a superioridade dos leões foi inquestionável -, os portistas só têm razões para sorrir e com resultados até por vezes dilatados. Para tal, muito têm contribuído alguns achados, como Samu, claro, e os seus muitos golos, e Nico González, a fazer uma época brutal, com um novo papel na equipa. Escolhi um reforço e um jogador que teve de conquistar o seu espaço durante a época passada para mostrar que no mercado e no banco houve trabalho a ser bem feito.
No entanto, a Liga Europa não tem sido o que se esperava: numa prova um nível abaixo do que o FC Porto está habituado, Vítor Bruno e os seus rapazes podiam aproveitar para continuar a crescer com adversários teoricamente mais acessíveis, mas o que aconteceu frente ao Bodo/Glimt e ao Man. United terá feito soar alguns alarmes. Na Noruega o plano falhou totalmente, com os ingleses houve novo jogo de loucos, que só não acabou bem porque a equipa pareceu incapaz de controlar a vantagem entretanto conquistada. Houve emoção, é certo, houve belos momentos de futebol e também golos de fazer levantar o estádio. Mas o desconforto de alguns adeptos (sempre exigentes...) fez-se notar, tanto na forma aparentemente fácil como o Man. United chegou ao 0-2, como depois do golo de Maguire, que expôs alguma falta de maturidade da equipa. Ao mesmo tempo, os rivais caseiros têm aproveitado as competições europeias para ganhar pontos e confiança, facto que também não será alheio a este incómodo no Dragão.
Resta agora confirmar qual destas faces é, afinal, a mais recorrente neste novo FC Porto. A versão superior da Liga, que por vezes até se guarda para desferir os golpes fatais (como frente ao Vitória SC e Arouca), ou a equipa algo descontrolada, que vai fazer sofrer muito os adeptos. Não podia vir em melhor altura para termos a resposta: hoje há duelo com o SC Braga.