Benfica com Lage marca mais do dobro mas sofre o mesmo

NACIONAL21.11.202420:52

Português leva o triplo dos jogos de Schmidt no comando das águias e há conclusões a tirar

Depois do burburinho suscitado pela forma como o Benfica se apresentou no último jogo da fase de liga da Liga dos Campeões, em Munique, não tanto pela derrota (0-1) pela margem mínima frente Bayern, mas antes pela timidez demonstrada pelas águias durante os 90 minutos, Bruno Lage fez a águia voltar a bater as asas no jogo seguinte, com histórica (e por isso rara) goleada ao FC Porto na Luz, por 4-1, no que foi o 12.º jogo ao leme dos encarnados nesta segunda passagem pelo banco da águia.

Lage, nessa noite de 10 de novembro, triplicou os jogos feitos por Roger Schmidt, o seu antecessor, no comando técnico dos encarnados esta temporada. Pelo que se impõe uma análise aos números obtidos desde então, numa comparação direta com os que foram conseguidos pelo alemão. E que conclusões, então, podem ser retiradas? Sucintamente, são duas: este Benfica de Lage é muito melhor em termos ofensivos; mas ainda deixa a desejar no processo defensivo.

Vamos aos factos. Logo na estreia de Lage, com o Santa Clara, na Luz, na 5.ª jornada, a chicotada psicológica surtiu efeitos imediatos: viu-se Benfica mais solto em termos ofensivos, bem menos amarrado do que aquele que se vira com Schmidt nas quatro primeiras jornadas. E daí resultou o que foi o resultado mais gordo (4-1) desta época até então e o primeiro jogo de 2024/2025 em que os encarnados conseguiram ultrapassar a barreira dos três golos marcados (o melhor que Schmidt conseguira fora o 3-0 ao Casa Pia logo na 2.ª jornada).

Seguiu-se o 2-1 ao Estrela Vermelha em Belgrado e, depois, três jogos consecutivos a vencer com diferença de três ou mais golos: 3-0 ao Boavista no Bessa; 5-1 ao Gil Vicente na Luz; e o arrasador 4-0 ao Atlético Madrid, também na Luz. Percebeu-se, depois desse ciclo, a diferença mais óbvia de Lage para Schmidt: uma águia mais goleadora, mais empertigada no processo ofensivo e bem menos previsível no último terço adversário.

Nos sete jogos seguintes, e até ao último, com o FC Porto, saltou à vista o 5-0 ao Rio Ave, na jornada 9, depois da primeira derrota (1-3) dos encarnados esta temporada, na Luz, frente ao Feyenoord, o 3-0 ao Santa Clara no jogo seguinte, também na Luz, mas nos quartos da Taça da Liga, e o já mencionado 4-1 aos dragões, na 11.ª jornada. Contas feitas a esses 12 jogos de Lage, foram 35 golos marcados, à razão de 2,9 golos/jogo. Números que dobraram os de Schmidt, que nos quatro jogos de 2024/2025 antes de ser despedido apenas logrou média de 1,25 golos/jogo. Muito curta para quem está obrigado a lutar por vitórias em todos os jogos e por títulos.

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Mas nem tudo são, ou foram, rosas para Lage. Com o alemão ao leme, e depois de ter entrado a perder na 1.ª jornada (0-2 em Famalicão), o Benfica só voltaria a sofrer golos na 4.ª jornada, de novo fora de casa, perdendo dois pontos com o 1-1 em Moreira de Cónegos, que ditou o fim da linha para Schmidt. Três golos sofridos nas primeiras quatro rondas da Liga custaram cinco pontos e colocaram as águias com média de 0,75 golos sofridos/jogo. Fechado esse capítulo na Luz, e contas feitas à dúzia de jogos com Bruno Lage ao leme, a verdade apontada pelos números é como o algodão: não engana. Com o português, os encarnados continuam exatamente com a mesma média de golos sofridos: 0,75 por jogo, correspondentes aos nove golos encaixados pelo Benfica nas últimas 12 partidas.

O Benfica de Schmidt sofreu golos em metade (2) dos (4) jogos, ao passo que o Benfica de Lage sofreu quase à mesma razão: foram sete das 12 partidas a encaixar golos (com Santa Clara, Estrela Vermelha, Gil Vicente, Feyenoord, Farense, Bayern e FC Porto). Em todo o caso, com diferença substancial para o alemão: nesses sete jogos os encarnados só averbaram resultados negativos em dois, ambos na Liga dos Campeões, enquanto que nos outros cinco jogos a sofrer, todos para o Campeonato, não perdeu qualquer ponto. Além do mais, e cingindo-nos apenas aos jogos da Liga, retira-se conclusão óbvia e animadora para o que resta da temporada: o Benfica de Lage marca quase seis vezes mais golos (23) do que os que sofre (4). Ainda assim, e como se tem visto na Liga dos Campeões, têm sido maiores as dificuldades a marcar e as facilidades em sofrer.