Só Pinto da Costa saberá como travar Gyokeres

Só Pinto da Costa saberá como travar Gyokeres

OPINIÃO02.09.202408:00

António Lobo Antunes disse um dia, numa entrevista, que tinha péssima memória: «Lembro-me de tudo», justificou. Concordo. Recordarmo-nos de tudo, de facto, não dá jeito algum. Quem não tem memória péssima é Pinto da Costa. Não se lembrou que era semana de Sporting- FC Porto e desatou a dar entrevistas atrás de entrevistas atrás de entrevistas atrás de entrevistas e sempre a dar bicadas.

A Frederico Varandas? Não. A Hugo Viana? Não. A Rúben Amorim? Não. Ao Sporting? Não. Ao seu próprio clube: o FC Porto. Poderia ter optado por elogiar o novo rumo do FC Porto ou por ser elegante para com André Villas-Boas e aquilo que o presidente do FC Porto tem feito nos últimos quatro meses. Não o fez. Deve ser mesmo difícil sair de um local onde estamos há 42 anos, sobretudo quando, com o tempo, ficamos a parecer uma lapa agarrada a um rochedo. Todos temos ego e, apesar de os budistas dizerem que, sem ego não há problema, compreende-se que seja um período difícil para ele. O mais fácil é atacar tudo e todos. Ou quase tudo e quase todos.

Não teria vendido agora Evanilson; com Sérgio Conceição haveria alguma possibilidade de o FC Porto voltar a ser campeão da Europa, agora não há qualquer possibilidade; traidor é uma palavra muito forte, talvez deselegante seja mais apropriado. Escaparam (para já) Jorge Costa e Andoni Zubizarreta. Alguma vez comprou ou tentou comprar um árbitro? Não. Já fez as pazes com Filipe Vieira e até, pasmem-se os mais pasmos, com Bruno de Carvalho. A continuar assim, qualquer dia mostra o cartão de sócio do Benfica ou então ainda aparece a dizer que isto do futebol feminino não lembra ao diabo.

Qualquer dia o Sporting muda de nome e passa a chamar-se Gyokeres Clube de Portugal. A marca do sueco neste Sporting só é comparável, nos últimos 50 anos, à marca de Hector Yazalde no Sporting de 1974 e à de Jardel no Sporting de 2002. Diz-se que faz sempre a mesma jogada e os adversários já deveriam saber travá-lo. Robben, meus caros, também fazia sempre a mesma finta, derivava sempre para o mesmo lado, rematava sempre com o mesmo pé e sempre da mesma zona e sempre com a mesma potência. E no entanto, como diria Galileu, a bola movia-se e entrava.

Deve haver, claro que deve, uma forma de parar Gyokeres. Que não é, decerto, a encontrada por Otávio. A verdade é que, quanto mais joga, mais o sueco parece quase imparável. Talvez Pinto da Costa, numa das próximas temporadas de entrevistas, desvende a forma ideal para parar Gyokeres. Só mesmo ele saberá como.

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