O fantasma que pairou sobre o Sporting-FC Porto
Jogadores do FC Porto festejam conquista da Supertaça
Foto: IMAGO

O fantasma que pairou sobre o Sporting-FC Porto

OPINIÃO04.08.202400:55

Como se explica que uma equipa que está a vencer por 3-0 antes da meia-hora se deixe perder por 4-3 já no prolongamento? Houve desconcentração coletiva ou faltou liderança?

O estatuto de campeão acrescenta sempre algo, é mais do que um símbolo que gera respeito ou para o qual se aponta quando se quer provar um ponto de vista. Em terra firme e estável, como parece existir em Alvalade, assume-se naturalmente enquanto alicerce na nova época, já que acumula a experiência do savoir faire, mesmo perante um rival que, esteja bem ou mal, mantém a premissa inabalável: assim que surge o primeiro apito, desaparecem toalhas que se possam atirar ao chão. Ali, ganhe-se ou perca-se, é inegociável. É até à última gota de suor.

Quando, aos 24 minutos, consegue o 3-0, o Sporting tem de obrigatoriamente saber o que fazer a seguir. Ainda mais ao recolher aos balneários após um golo literalmente caído dos céus para o adversário. Há aí tempo para serenar e afinar a estratégia. Aos 3-2, idem, idem, aspas, aspas. Como é que o leão se deixa engolir pelo redemoinho portista sem sequer esbracejar? Como é que a noite de pesadelo que os dragões viviam aos 24 minutos com o remate de Quenda se transforma num triunfo épico aos 120, uma história a contar durante muitos anos por todos os que a viveram.

Depois de tanto ouvirmos falar de substituições tardias noutros bancos, Rúben Amorim fez a primeira alteração aos 83 minutos, estava o resultado em 3-3. Na realidade, a troca de Trincão por Edwards pouco acrescentou, como as restantes, porém a mensagem pareceu tardia. Entretanto, o FC Porto alimentou-se de pequenas conquistas, acreditou e a sorte retribuiu a audácia. Não foi o processo ou as ideias, mas sim a velha resiliência e a eterna fome de conquista. É claro que Eustáquio dinamizou a meia-direita, reavivada com Martim, tal como Zé Pedro acertou perante Gyokeres, após arranque de pesadelo, até tirar de vez a clarividência ao sueco. No entanto, tal só seria possível com a alma de sempre.

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Não consigo deixar de pensar em Coates. Imagino que se estivesse em campo, teria, tal como o compatriota Obdulio Varela na final do Mundial de 50 no Maracanã, agarrado na bola no fundo da baliza após o golo de Nico e caminhado tranquilamente até ao meio-campo. Ele, hoje um fantasma, saberia certamente o que fazer.

O triunfo dá combustível ao processo de Vítor Bruno e até pode criar esperança para o resto da época, contudo há que saber controlar as expetativas. Do lado dos leões, há trabalho a fazer, como sempre haveria, diante de qualquer resultado. A Supertaça muda pouco: é favorito, mesmo com arestas para limar.