A pergunta errada que fazem sobre Prestianni
Prestianni festeja golo diante do Feyenoord
Foto: IMAGO

A pergunta errada que fazem sobre Prestianni

OPINIÃO01.08.202407:00

Jovem avançado argentino é o mais sério candidato a um lugar no onze ao lado de Pavlidis e não só pelo que oferece ao Benfica com bola. É uma das boas notícias da pré-época dos encarnados

A discussão, perdoem-me, já não deveria ser se Prestianni terá ou não minutos suficientes, mas sim onde jogarão Marcos Leonardo, ao qual foi aberta a vaga de Rafa perante a imediata resposta de Pavlidis, e Kokçu, que assumiu que o seu lugar é mais à frente daquele para o qual foi contratado e que até tinha desempenhado com qualidade no Feyenoord nos últimos meses. Por muito que pareça precipitada a conclusão, quem viu o jovem argentino jogar no Vélez Sarsfield reconhece-lhe a personalidade e o talento necessários para criar forte impacto no futebol do Benfica, como já se tem visto nestes jogos de preparação.

Por muito que o jovem brasileiro tenha aproveitado bem a oportunidade e não haja dúvidas da valia do turco, o companheiro ideal para Pavlidis, seja no momento com bola seja na pressão que a equipa quer tecer para recuperá-la, parece mesmo ser o miúdo da Ciudadela, terra natal de Tévez e Fernando Gago, na grande Buenos Aires. É uma das melhores notícias da pré-época dos encarnados, que procuram a solidez competitiva para atacar da melhor forma as competições internas e a Liga dos Campeões.

Prestianni, Pavlidis, o regresso de Aursnes à posição certa, a sustentação dada pelos dois médios-centro e até a agressividade de posicionamento e desarme de Bah e Beste poderão devolver aos encarnados a pressão alta e reação à perda desaprendida nos últimos meses. E, se Schmidt quiser, ainda há a inteligência de João Mário disponível para a direita, embora seja natural queDi María e Neres, se o brasileiro continuar, ganhem a corrida a esse espaço. A eventual afirmação de Prestianni empurraria Marcos Leonardo para o banco, mas assim o clube da Luz já poderia deixar sair com maior tranquilidade Arthur Cabral e Tengstedt.

Curiosamente, mesmo sem reforços exceto Beste, os encarnados também atenuaram um dos problemas do passado: a primeira fase de construção. Leandro Barreiro assume-se como pivot importante, porém o outro grande responsável é Tomás Araújo, que apresenta a excelência de passe de um bom médio. Resistirá o técnico ao regresso de Otamendi, carregado de estatuto e a ostentar a braçadeira, e apostará numa dupla só portuguesa, que até se conhece dos tempos da B e parece refletir melhor – até pela inconstância de Morato – aquilo que o Benfica precisa? O Schmidt da primeira época talvez não tivesse dúvidas. O de hoje deu já sinais que a abordagem foi repensada, mas terá sido o suficiente?