A Taça, a Liga, um dérbi no Jamor e a confiança para a reta final, tudo o que disse Rui Borges

Na antevisão do jogo com o Rio Ave, da 1.ª mão das meias-finais da Taça e Portugal, o treinador do Sporting revelou também o regresso de Pedro Gonçalves

O Sporting entra em ação esta quinta-feira à noite, com o Rio Ave, jogo da 1.ª mão das meias-finais da Taça de Portugal – 20h15 em Alvalade. Depois do treino matinal, Rui Borges fez esta quarta-feira, na Academia Cristiano Ronaldo, em Alcochete, a antevisão da partida com os vila-condenses.

– Numa eliminatória a dois jogos, que estratégia tem e que estratégia espera do Rui Ave?

– O foco está só na vitória. São dois jogos e temos de ter esse pensamento: vão ser dois jogos difíceis. O Rio Ave quer muito estar numa final da Taça, vai agarrar-se muito a isso e vai estar muito motivado. Aqui, os jogos ditam uma final… acredito que a motivação do Rio Ave vai estar em alta, vai dar tudo, e nós igual. Queremos ganhar o primeiro jogo em casa, o adversário não pode estar mais motivado do que nós… Será bastante competitivo e no segundo jogo vamos querer fazer o mesmo. Mas temos de ter a consciência de que nada vai ficar resolvido já. Agora, termos de ter o mesmo rigor, o mesmo foco e a mesma ambição nos dois encontros.

– Mas pode haver algum tipo de gestão tendo em conta o que vem aí no campeonato?

– Queremos muito estar na final e para o conseguirmos temos de ultrapassar o Rio Ave, que vai agarrar-se a tudo e mais alguma coisa, vai ser muito difícil, e jamais podemos facilitar ou pensar em gerir… temos de ser fortes. Pode haver uma ou outra mudança estratégica mas não em termos de gestão. Queremos olhar para o jogo de forma muito séria. Para estarmos na final temos de ganhar amanhã [esta quinta-feira] e depois transportar o mesmo foco e rigor para a 2.ª mão. O foco é exatamente o mesmo para todos os jogos.

– Mas considera que este jogo pode ser perigoso? A próxima jornada pode ser decisiva…

– Percebo a pergunta mas não sinto isso. Se perguntar aos jogadores se querem descansar para jogarem na segunda-feira… eles matam-me! A equipa está focada na Taça e depois viramos o foco para o campeonato. Independentemente de jogarmos com o SC Braga e do Benfica ir ao Dragão, o campeonato será decidido até à última. Temos de estar focados em nós, no que controlamos, no próximo jogo. E sinto que a equipa está totalmente focada nisso. Na sexta-feira vai mudar o chip mas até lá temos de ultrapassar o Rio Ave e sinto que a equipa está focada e que quer muito estar na final da Taça de Portugal.

– É hoje um treinador menos confiante do que quando chegou, mais cauteloso? O discurso parece ter mudado um pouco…

– Não sei por que razão dizem isso, tenho mantido o mesmo discurso, uma ambição enorme de conquistar o campeonato, de estar nesta final da Taça de Portugal. Mas temos de ultrapassar o Rio Ave… O meu discurso tem sido o mesmo, o otimismo também, a confiança é cada vez maior e a equipa tem respondido, tem crescido na confiança, na qualidade em alguns momentos, apesar de não estar sempre dentro do que idealizamos. Mas isso até pelos castigos e lesões... A equipa tem respondido por mim, não preciso de mudar o discurso. A confiança tem sido exatamente a mesma: superconfiante. Têm sido competentes, consistentes a nível estratégico, na qualidade de jogo, resultados… e a energia diária tem aumentado. Estou superconfiante para a reta final do campeonato e da Taça.

– Podemos ter um dérbi entre Sporting e Benfica na final. Isso dá motivação extra?

– O Benfica também ainda joga com o Tirsense e temos de respeitar esse jogo. Mas claro que quem está desse lado quer sempre um grande jogo, entre equipas grandes. Mais do que o adversário, queremos muito vencer a Taça de Portugal mas para isso temos de ultrapassar o Rio Ave. Claro que desse lado vão querer sempre um grande jogo, com equipas grandes, mas a nós motiva-nos é estar lá e depois disputá-la da melhor forma. É um grande desejo de todos.

Pedro Gonçalves e Morita

– Já pode contar com Pedro Gonçalves e Morita?

–Morita está fora deste jogo e o Pote [Pedro Gonçalves] também. Acredito muito que o Pote poderá estar apto nos próximos dez dias. Mas isto sou eu a acreditar, o doutor mata-me [risos]. Não estará disponível ainda para o Rio Ave.

– Não utilizar Pedro Gonçalves para este jogo será truque para o ter contra o SC Braga

– Não, não é truque algum. Ontem até lhe perguntei se dava para 10 minutos, em tom de brincadeira. Se ele estivesse disponível ia para jogo, por tudo o que dá à equipa, por tudo o que é no Sporting: é diferenciado, faz-nos falta e acredito que será muito importante para esta reta final de campeonato. É uma mais-valia.

– Ele vem de uma paragem muito longa, terá de readquirir ritmo competitivo. Por que acredita que ele vai ainda ser assim tão importante?

– Claro que a paragem foi longa mas nesta fase ele já está num processo de ganhar alguma forma. Por tudo o que são as caraterísticas individuais, parece-me que vai acrescentar momentos diferentes. É diferenciado e acredito que em 10 ou 90 minutos será sempre alguém que pode criar um desequilíbrio e fazer a diferença no resultado. Acredito muito que será importante nesta reta final. É um jogador que a qualquer momento decide um jogo. Vai dar mais qualidade, mais consistência.

Jogo 50 da temporada

– Faz esta quinta-feira o jogo 50 da temporada, somando os encontros por V. Guimarães e Sporting. Que significado tem?

– É sinal de que a época está grande... Às vezes até para discursar para os jogadores fica difícil, devem estar fartos de me aturar. É sinal que estamos em grandes competições e clubes e isso deixa-me feliz.

– E neste jogo 50 joga uma meia-final da Taça. Já esteve numa, pelo Ac. Viseu contra o FC Porto, agora vai estar do lado da equipa grande… Que diferenças encontra?

– O Rio Ave vai agarrar-se a tudo e mais alguma coisa e eu quando estava daquele lado, até em escalões inferiores… é sonhar. Estar na final da Taça de Portugal tem sempre um significado diferente, não se consegue explicar, todos olham para a Taça de forma muito especial e eu também. Se calhar foi algo que até me deu notoriedade enquanto treinador, na altura no Ac. Viseu. Quero muito poder disputar uma final e depois sermos capazes de ganhar. Mas para isso temos de lá estar e para lá estarmos temos de fazer um bom jogo amanhã [esta quinta-feira].

– Rui Silva vai estar na baliza ou pode haver rotação?

– Eles não sabem o guarda-redes que vai jogar, então não vou estar aqui a dizer.

– E como o pior em termos de lesões já passou, vai agora poder ter mais tempo para o seu sistema de jogo?

– De alguma forma adaptei-me um bocadinho ao momento do Sporting, ao que ultrapassámos. Para conseguirmos insistir em algo que queremos muito, temos de ter tempo e jogadores disponíveis… infelizmente não tivemos nada disso. O sistema é subjetivo. Nesta fase queríamos criar conforto e confiança à equipa e o grupo tem conseguido ganhar isso. Vamos conseguindo adaptar uma ou outra coisa mas acima de tudo queremos a equipa confortável e a crescer em confiança e energia. Estou supertranquilo nisso do sistema. Mas a ideia inicial, naquilo que é mesmo o modelo que me trouxe até ao Sporting, está longe… Temos de nos adaptar um pouco também e isso faz-nos crescer como treinadores.

Os reforços

– Já pode falar sobre Giorgi Kochorashvili, que já foi oficializado reforço para a próxima época.

– Não vou dizer o nome porque é mais difícil e ontem já vi aí malta a falar da alcunha dele, vi logo que era Gio. Já o tínhamos observado em outros momentos até como equipa técnica. É competitivo, tem golo, tem chegada, tem qualidade técnica e vai acrescentar muito. Houve essa oportunidade de antecipar essa compra e fico feliz por isso. Em janeiro se calhar tínhamos pagado 15 milhões de euros … Agora antecipámos e bem. Será mais um para ajudar.

– Alisson também já é oficial.

– Também era um miúdo que tínhamos identificado e em janeiro não houve oportunidade, conseguimos agora, numa perspetiva mais de futuro, de crescimento.

– Biel não tem jogado porque não tem correspondido ao que esperava?

– Está no crescimento dele e tem jogadores à frente que estão em muito boa forma, Trincão, Quenda, Geny... também são diferenciados. Tem de esperar pelas oportunidades. Estou muito feliz por ver que faz parte do grupo e quando tiver essa oportunidade tem de crescer, dar seguimento ao que tem sido o trabalho.

– Está preocupado com a crise institucional no futebol português e as declarações de André Villas-Boas?

– Nem vou estar a responder, estou preocupado é em ganhar amanhã [esta quinta-feira]... Se me dissessem que eram coisas ditas pelo nosso presidente... Estou focado no que controlo, que é treinar, deixar a equipa bem, confiante, disponível e alegre. E fazer o melhor possível para ganharmos os jogos. Tudo o resto passa ao lado, porque sou treinador e não dirigente. Estou feliz por treinar e é isso que me motiva todos os dias.