A jogada do Sporting que deveria ser exemplo para todos os jovens futebolistas
Daniel Bragança
Foto: IMAGO

A jogada do Sporting que deveria ser exemplo para todos os jovens futebolistas

OPINIÃO29.07.202409:00

Daniel Bragança mostrou como se deve conduzir um ataque rápido no segundo golo dos leões diante do Athletic Bilbao. É um momento que se deveria ser isolado e passado na formação

Há uma jogada do Sporting-Athletic que deveria ser isolada em vídeo e vista e revista até à exaustão desde tenra idade por todos os candidatos a futebolistas profissionais. Não se trata da finalização de Pedro Gonçalves ou do passe de Gyokeres no 1-0 ou sequer das muitas arrancadas de Geovany Quenda, que se estreou a titular para dar ainda mais combustível à ideia de que Benfica e FC Porto terão sempre algum caminho pela frente para se aproximarem da fiabilidade aparente do campeão. Não é nada disto.

Aos 80 minutos, Daniel Bragança conduziu um ataque rápido pelo centro do terreno. Em vez de se livrar da bola, correu e aguentou-a até ao limite, de forma a que o próximo portador tivesse o espaço necessário para aproveitar o desequilíbrio da superioridade numérica. É uma jogada de escola.

O objetivo é fixar o adversário direto e dar para o sítio e jogador certo – não são a mesma coisa, porque se tivesse sido um destro em vez de Matheus Reis a receber o resultado dificilmente seria idêntico – na altura certa. Parece simples, mas não é. Até tem o seu quê de arte, uma a desaparecer no futebol moderno. O que teria sido do ex-benfiquista Rafa, por exemplo, se tivesse juntado esta capacidade na tomada de decisão aos restantes argumentos? A consequência foi o 2-0, apontado por Edwards, numa finalização frontal, sem grande grau de dificuldade. Só possível devido à ação decisiva de Bragança, que não vai aparecer nas estatísticas que todos procuram, as de golos e assistências. Mas vejam e revejam o momento, e mostrem-no aos vossos filhos, se os tiverem.

O Sporting não teve teste fácil. De certa maneira, o 3-0, para as dificuldades que os bascos criaram, poderá ser considerado exagerado, porém o que interessa é o exame e a nota positiva. Perante uma identidade muito vincada, que assenta na pressão e reação à perda, e alterna entre ataques rápidos e o jogo posicional, os leões trabalharam a saída de perto da sua baliza com as dinâmicas habituais e ainda colocaram mais dúvidas aos rivais com a introdução de um segundo ala explosivo, que os torna ainda mais indomáveis.

É verdade que houve erros, abordagens arriscadas – se entendermos como risco a oportunidade de garantir ataques rápidos através das mesmas, como, por vezes, aconteceu – e perdas de bola que poderiam resultado num placar menos colorido. Nada, contudo, que apague a ideia principal: o processo está saudável e desafiará e muito os grandes rivais.