ENTREVISTA A BOLA Carlos Freitas: «Mourinho poderia ter marcado uma era duradoura no Sporting»
O acordo com o 'Special One' em 2001, o método defensivo de Jesus, o ofensivo de Peseiro e a nobreza de Pioli
— Trabalhou com muitos treinadores, qual foi o mais diferenciado?
—Felizmente tive a sorte de ter trabalhado com vários treinadores que me marcaram. Diria que na fase defensiva, o método do Jorge Jesus foi aquele que me pareceu mais eficaz.
— Jorge Jesus, que quis para o Sporting em 2001…
— Foi uma das hipóteses que me foi aventada, é verdade. No processo ofensivo, o método do Peseiro é algo que ainda hoje é referência para muitas reflexões, porque foi um ano onde o Sporting marcava claramente o seu timbre por um cariz ofensivo muito rico.
— Peseiro tinha um futebol champanhe…
— Diria que sim, talvez um pouco descompensado na fase defensiva, mas na fase ofensiva era muito eficaz. Depois a nobreza de Pioli é algo que me marca em termos até pessoais, mas depois também não posso deixar de falar, nos dois treinadores com os quais tive a sorte de poder festejar títulos, que foram Inácio e Boloni.
— É verdade que teve pré-acordo com o Mourinho em 2001?
— Essa história está mais do que confirmada...
— Ele podia ter mudado a história do Sporting?
— Depois de Inácio, José Mourinho esteve muito perto de assinar para o Sporting.
— Acha que ele podia ter mudado um pouco a história do Sporting naquela altura, entrar logo no caminho vitorioso, com maior consistência?
— Não consigo ser taxativo nessa frase, porque a verdade é que o Sporting em 2002 conquista não a dobradinha, mas o triplete. Ou seja, teve sucesso em 2002; em 2005 vai a uma das suas duas finais europeias. Agora é verdade que todo o trajeto que José Mourinho fez no FC Porto e a partir daí no futebol mundial, permite dizer que poderia também ter marcado uma era duradoura no Sporting. A verdade é que a especificidade do Sporting nessa altura, onde havia uma liderança marcadamente bicéfala... Impedia uma fluidez nas decisões.
— Pela SAD ele tinha vindo, pelo clube não veio…
— Foi mais ou menos assim. Ou seja, aquela conferência de imprensa, de porta aberta, ainda hoje está no YouTube. Explica bem aquilo que era o ambiente de então e a oportunidade que o Sporting perdeu.