ENTREVISTA A BOLA Carlos Freitas: «Tem faltado estabilidade ao V. Guimarães»

Esteve no SC Braga e no arquirrival minhoto

— Ficou muito ligado ao Sporting, depois foi para o SC Braga. Está convicto de que contribuiu para o crescimento sustentado do clube, embora este tenha um forte cariz presidencialista?

—Era isso que eu ia dizer, claramente. Ou seja, eu tenho muito orgulho nos dois anos que passei em Braga. O primeiro ano com uma Taça Intertoto; o segundo ano com o segundo lugar que ainda hoje continua a ser a melhor classificação de sempre do clube. Mas fui única e simplesmente uma das muitas peças que ao longo do seu trajeto o presidente do Sporting de Braga tem escolhido para trabalhar consigo. Porque, como dizia e bem, quem muda a história do clube, ou seja, todo o reconhecimento público que o clube tem tido tem muito a ver com o presidente e com a dinâmica que ele incutiu, a capacidade que teve de impor uma velocidade de procedimentos e um acerto nas suas decisões que levaram o SC Braga ao seu estado atual.

— Também esteve no V. Guimarães. O que falta ao clube para dar um passo em frente?

—Como dizia, e eu concordo e assino em baixo, em termos de peso social não falta nada. Em termos de paixão à volta é dos clubes que têm maior dose disso mesmo em termos nacionais. Acho que falta paciência, falta tempo, e aceitar que o grande rival do Minho, fruto de um trabalho que tem décadas. O SC Braga, a vantagem que tem nos últimos anos é um trabalho continuado, ainda com algumas inversões de marcha, com algumas opções que não se revelaram as melhores. A verdade é que tem faltado estabilidade ao Vitória para consolidar essa posição no tecido do futebol nacional.Veremos se este presidente tem essa faculdade ou essa vontade, porque nas vezes que se tem pronunciado sobre uma matéria não garante a sua continuidade. Porque não tem faltado jogadores. Eu, por exemplo, quando olho para o plantel do Vitória no meu tempo, eu vejo o Bisseck a pontificar na Série A, vejo o Mumin a pontificar na Liga espanhola, vejo o Pepelu chamado pelo Luís de La Fuente numa pré-convocatória da seleção...

— O Tapsoba…

— O Tapsoba é só no primeiro ano, nos primeiros seis meses. Não queria misturar os plantéis. Estava a falar do último, no Bruno Duarte que joga na Liga dos Campeões pelo Estrela Vermelha; o Edwards que joga na Liga dos Campeões e foi campeão por Sporting. Ou seja, não faltavam jogadores para construir uma boa equipa. Com tempo. Agora, é verdade que houve uma mudança. O Vitória tem estado na Europa, o que revela que o trabalho tem sido bem feito. Acho que o tempo vai dar essa consistência que tem faltado para o Vitória se afirmar no campo, naquilo que é realmente um dos maiores clubes nacionais.