ENTREVISTA A BOLA Carlos Freitas: «Chegámos a acordo com João Pinto numa área de serviço no fim da A5»
Uma viagem pelas imensas contratações que já fez
— Qual foi a melhor contratação que fez? Liedson, Vlahovic…
—São duas que... redundaram em grande sucesso, quer pelos valores que envolveram, quer pelo percurso que tiveram. O de Vlahovic ainda me parece que tem muitos anos pela frente para continuar a marcar uma era no futebol italiano e mundial. O Liedson esteve sete anos em Portugal sempre acima dos 20 golos, portanto foi alguém que obviamente teve um grande sucesso.
—E a mais rocambolesca, aquela mais inusitada que não estava à espera e que surgiu?
— Talvez a do Jardel, porque o Jardel quando o processo é desencadeado ele estava num quarto do hotel em Marselha, quando fui confrontado com a hipótese de o contratar, e isso envolveu a aceitação de três jogadores do Sporting em irem para a Turquia: Spehar, Mpenza e Horvath. Obviamente o clube turco tinha que chegar a acordo com os três jogadores, nós também chegámos a um acordo com o Galatasaray, ou seja, havia que unir várias pontes, e felizmente isso foi conseguido. A do João Pinto também teve episódios rocambolescos, porque entre a hipótese de podermos contratá-lo e a efetivação do contrato, houve vários clubes internacionais e nacionais que tentaram também a sua aquisição, e acabou o acordo por ser feito numa área de serviço no fim da A5.
— E a pior, aquela em que depositava mais esperanças e depois não correspondeu?
—Já o referi várias vezes e estou a falar de uma pessoa que tenho a maior simpatia por ela, mas por aquilo que tinha feito, o que era no FC Porto, quer no futebol italiano, o Paredes foi alguém que estava à espera de muito mais rendimento, quer nós, Sporting, quer o próprio.
— Jogou muito pouco no Sporting..
— Porque a verdade é que não parecia o mesmo jogador, ou seja...
— Tinha muitos problemas físicos também…
— E talvez um tipo de futebol que convinha mais quando estava em Itália, ou seja, um futebol com menos espaço, mais pausado, com linhas muito juntas, uma equipa que jogava em bloco baixo, o transfer desse quadro para uma equipa que pretendia jogar, sobretudo, ser controladora e dominante; ele teve mais dificuldade e foi uma aquisição que não resultou.
— Qual foi aquela contratação que esteve quase a conseguir, que falhou e que mais frustração lhe causou?
—Não posso falar em frustração porque na sequência disso veio o Liedson. Mas quando saiu o Cristiano [Ronaldo], as duas aquisições que estavam preparadas para virem em conjunto eram o Nilmar e o Daniel Carvalho. O Nilmar acaba por vir para o Lyon e depois, se não estou em erro, para o Villarreal. O Daniel Carvalho acaba por ser um dos carrascos do Sporting final da Liga Europa de 2005 e fez vários anos de grande sucesso no CSKA. A incapacidade de materializar essas aquisições em termos financeiros obrigou a SAD a procurar outras soluções e felizmente fomos capazes de trazer o Liedson, que foram sete anos, onde ele marcou, também ele, seguramente, uma geração de adeptos do Sporting.