Destaques de Portugal: os pais CR7 e Pepe, o filho Conceição e o Neto, Pedro
MIGUEL NUNES

PORTUGAL-CHÉQUIA, 2-1 Destaques de Portugal: os pais CR7 e Pepe, o filho Conceição e o Neto, Pedro

SELEÇÃO19.06.202400:25

O ‘espalha-brasas’ e a escolha de Martínez mais contestada entram aos 90’ e desenham o 2-1 ao 90+2’; Antes, Jota marcou, mas não valeu; Quanto vale ter os ‘velhos’ e Bruno Fernandes?

DIOGO COSTA (6) — Nem uma defesa para o registo, quanto mais para a fotografia. Espectador na primeira parte, viu-se em apuros por duas vezes na segunda, uma por conta do golaço de Provod, outra num tiro de Soucek (82’), mas em que a bola saiu ao lado.

 

RÚBEN DIAS (7) — Tem alma de capitão e será, num futuro não muito distante, um dos generais da Seleção. Em Leipzig, além da nota alta a defender — destacando-se o corte nas alturas a lance de perigo de Sevcik (82’) — ainda se destacou como... extremo. Surgiu, ainda, na zona de remate (22’).

 

PEPE (7) — Eis, senhoras e senhores, o mais velho futebolista de sempre em Europeus. Dito isto, o pior mesmo é... acreditar. Sim, seja qual for a fonte, todas indicam que Pepe tem 41 anos, mas o general que se vê em campo não pode ter essa idade, tal a frescura que evidencia, a velocidade que ainda alcança e a capacidade de impulsão e de ataque aos adversários. Incrível!

 

NUNO MENDES (5) — E, sem aviso prévio, eis que recebeu a missão de ser o central mais à esquerda da linha de 3, numa das grandes surpresas proporcionadas por Roberto Martínez na noite de Leipzig. A experiência, porém, não foi bem sucedida. Nuno nunca se adaptou, revelou raro nervosismo e poucas coisas lhe saíram bem, sobretudo no momento da definição. Tentou de longe, aos 17’, e acabou por ter intervenção no 1-1, cabeceando para a zona onde Hranac desviou para a própria baliza. 

DIOGO DALOT (6)— Fundamental no reencontro de Portugal com a sua melhor imagem, depois de dez minutos iniciais de algum desacerto, sobretudo defensivo. Dalot respondeu com garra e uma entrega ímpar. 

VITINHA (7) — Pode ter, aqui e ali, uma falha ou outra, às vezes de perceção, outras de definição, mas, cada vez mais, deixa em campo uma certeza: não sabe jogar mal, facto a que acrescenta uma dinâmica e uma visão de jogo, quer a defender, quer a atacar, muito acima da média, numa espécie de sonho para qualquer treinador ou equipa. Destacou-se ao minuto 32, com um remate em arco para grande defesa de Stanek; logo a seguir (33’), quando recebeu bem o passe mágico de CR7 e quase fez o 1-0; e, por fim (78’) com um tiro potente, para nova defesa de luxo. 

BRUNO FERNANDES (7) — Longe de ter sido uma das suas melhores exibições pela Seleção, a de Leipzig com a Chéquia não deixou de ter a excelência do terceiro general desta equipa — só superado na longevidade por CR7e  Pepe. E que beleza é ver Bruno_(quando sente que é preciso... espalhar brasas), cavalgar campo fora, conduzindo a bola com garra e eficácia, carregando os companheiros com ele. Deixou coração, alma e pele em campo.

 

JOÃO CANCELO (6) — Outra surpresa de Martínez pela posição em que surgiu. Ou melhor: pela ausência dela. Foi cavaleiro errante, o mais livre taticamente, ora surgindo na esquerda, ora na direita, mas sobretudo no miolo, numa espécie de número 10, ou médio à Pep Guardiola. Fê-lo longe da perfeição, mas com muita competência e destacou-se com belíssimos passes na vertical, que geraram perigo.

 

BERNARDO SILVA (6) — É sempre um dilema qualificar Bernardo quando a sua exibição não deslumbra. Mas vamos a isso: fez tudo bem, mas... não fez a diferença, tendo denotado falta de poder para desequilibrar. Ensaiou um belo remate aos 72’, mas viu o golo ser-lhe negado pelo gigante Stanek. 

 

CRISTIANO RONALDO (7) — Que jogo! E que combatente continua a ser aos 39 anos, sentindo a camisola da Seleção como poucos, lutando até ao limite por cada lance, oportunidade ou bola. Teve, porém, nesta entrada no seu sexto Europeu um rival à altura: o guarda-redes Stanek, que lhe negou o golo em três ocasiões (32’, 45+1’ e 58’), na primeira com uma enorme defesa, com o pé e, depois, com uma palmada no esférico.

 

RAFAEL LEÃO (5) — Primeiros minutos sob fogo intenso e com grandes acelerações. A chama, porém, foi-se apagando, por conta de ter falhado muito na hora de definir.

 

DIOGO JOTA (6) — Entrou a todo o gás e, aos 87’, celebrou golo. No lance, porém, Ronaldo estava fora de jogo.

 

GONÇALO INÁCIO (6)— Em cheio a opção de lançá-lo. Três centrais tem de ser com o esquerdino.

 
PEDRO NETO (7) — O mais contestado dos eleitos de Martínez, entrou, fez uma diagonal e assistiu Conceição para a explosão de alegria.

 

NÉLSON SEMEDO (-) — Entrou a tempo de celebrar em campo.

A FIGURA: FRANCISCO CONCEIÇÃO (8)

Poderia ser simplesmente uma história de encantar, daquelas que fazem sonhar, que inspiram poetas ou revolucionam corações. Mas foi real. Aconteceu mesmo. Na sua estreia num Campeonato da Europa, Francisco Conceição saltou do banco aos 90’, quando Portugal já não sabia mais o que fazer para conseguir vencer, e foi, simplesmente, aquilo que Roberto Martínez espera dele e que, num momento de felicidade retórica, o levou a justificar a sua presença na Seleção com o facto de Chico ser um espalha-brasas. E como a equipa precisava em Leipzig de algo que a atiçasse. Foi Conceição, o filho, que o conseguiu, com um golo no sítio certo à hora certa. O legado do pai já está assegurado.