Que mania esta de andar a espalhar brasas (crónica)

Portugal-Chéquia, 2-1 Que mania esta de andar a espalhar brasas (crónica)

INTERNACIONAL18.06.202423:44

Equipa das quinas sofreu sem necessidade, por desacerto no último terço, mas foi ao banco buscar uma forma de reagir à adversidade

LEIPIZIG - Depois da imaculada qualificação, a Seleção Nacional parece mesmo empenhada em treinar a adversidade. Já se sabe que tudo está bem quando acaba bem, mas o sofrimento era dispensável. Sobretudo porque a exibição não o justificou. O pecado esteve na definição, que o ascendente de Portugal sobre a Chéquia não justificava andar a espalhar brasas na discussão do triunfo. Foi preciso ir ao banco para contornar um contratempo: Pedro Neto e Francisco Conceição, porventura os dois nomes mais debatidos da convocatória, já justificaram a aposta do selecionador.

MÁ DECISÃO

Alguns palpites apostavam em dois centrais, outros em três defesas, muitos discutiam entre João Félix, Diogo Jota e Rafael Leão, mas poucos esperariam João Palhinha de fora e, sobretudo, Nuno Mendes como terceiro central, ao lado de Pepe e Rúben Dias.

Mesmo dentro da versatilidade tática que tem promovido desde que assumiu o comando da Seleção Nacional, Roberto Martínez conseguiu surpreender no plano de jogo pensado para a estreia de Portugal no Campeonato da Europa. O dia em que Cristiano Ronaldo confirmou o estatuto histórico de jogador presente em seis torneios.

O capitão deu o mote. Logo no aquecimento, ao puxar pelo público português presente no Estádio Leipzig, e depois no arranque do encontro, mas o desvio na área teve pouca cabeça e a equipa das quinas não encontrou o ombro amigo de tantas ocasiões.

Os primeiros minutos também revelaram alguma indefinição na organização defensiva, entre a tentativa de condicionar a Chéquia logo à saída da sua área e a falta de Palhinha como ponto equilíbrio. Mas o ajuste foi rápido, sem abdicar por completo da intenção de ter Bernardo Silva tanto na direita como numa posição mais central.

Portugal passou a pressionar melhor, mais alto, e com isso assumiu um domínio traído pelo desacerto na definição, personificada sobretudo em Rafael Leão e Nuno Mendes. Não tanto finalização, antes na definição do último passe e na exploração de momentos de desequilíbrio.

A segurança de Stanek teve também um papel de relevo a segurar o nulo até ao intervalo, com três intervenções – duas delas a negar o golo a Ronaldo -, sem esquecer um corte providencial de Hranac a remate de Vitinha.

TARDOU MAS NÃO FALHOU

Na segunda parte a Seleção procurou incutir maior dinâmica no ataque e investiu mais nos cruzamentos para a área, mas a defensiva checa, reforçada em altura por Soucek, lidou bem com essa ameaça, representada sobretudo por Cristiano Ronaldo. O capitão também tentou de livre direto, mas a segurança de Stanek não abanou com um remate pouco colocado.

Do outro lado houve eficácia total. Na primeira vez em que atirou à baliza de Diogo Costa, a Chéquia marcou, com um remate de fora da área do Provod que fez lembrar a ausência de Palhinha.

Portugal soube reagir, mas precisou de ajuda para contornar as dificuldades na definição, ao beneficiar do autogolo provocado pelo desvio infeliz de Stanek contra Hranac.

Roberto Martínez tinha mexido bem na equipa, sobretudo com a entrada de Diogo Jota - que teve um golo anulado por fora de jogo de Cristiano Ronaldo. As alterações seguintes tardaram, mas não falharam: lançados ao minuto 90, Pedro Neto e Francisco Conceição assumiram a reviravolta lusa no arranque da missão 2024.