A análise de Duarte Gomes à arbitragem do Portugal-Chéquia

A análise de Duarte Gomes à arbitragem do Portugal-Chéquia

SELEÇÃO18.06.202422:49

Arbitragem globalmente bem conseguida

Foi italiana a equipa de arbitragem nomeada pela UEFA para dirigir a estreia de Portugal no Euro 2024. Marco Guida, o árbitro do jogo com a Chéquia, foi auxiliado à distância pelo compatriota Massimiliano Irrati, um dos VAR mais credenciados a nível mundial. Foi o terceiro desafio que Guida dirigiu da seleção nacional, o segundo oficial.

Segue análise técnica aos lances mais relevantes do encontro:

1' Pontapé de saída para Portugal. Antes de Bruno Fernandes dar o toque inicial, Diogo Dalot estava vários metros dentro do meio-campo adversário, no corredor direito. Se a jogada resultasse em golo, a irregularidade valeria, porque só poderia ser detetada em campo (o VAR não podia intervir nesta situação). 

19' Holes usou as duas mãos para perturbar a ação de Cristiano Ronaldo, que estava à sua frente no lance. A jogada não teve quaisquer repetições que esclarecessem se o contacto foi ou não ilegal. É por isso justo aceitar como correta a decisão que (toda) a equipa de arbitragem tomou. Lance dentro da área checa.

22' Remate de Rúben Dias desviado pelo corpo e não braço de Sulc. Bem o árbitro ao assinalar pontapé de canto para Portugal, em lance que ocorreu na área da Chéquia.

26' Coufal arriscou mas não cometeu infração sobre Rafael Leão. O checo colocou a mão direita no ombro esquerdo do adversário, em contacto ligeiro e sem impacto na tentativa de finalização do português. Lance legal na área da seleção checa. 

32' Ronaldo surgiu isolado na cara de Stanek, permitindo a defesa in extremis do guarda-redes adversário. O lance foi validado, mas a verdade é que o capitão português estava ligeiramente adiantado. Se fosse marcado golo, o VAR iria seguramente intervir para anulá-lo.

39' Rafael Leão projetou-se para o solo após passar por Soucek. O avançado português não sofreu falta do adversário, tentou apenas ludibriar o árbitro para que este assinalasse infração inexistente. A sua simulação foi bem sancionado com o primeiro cartão amarelo da partida.

NOTA: Até ao intervalo, foram assinaladas quatro infrações, apenas uma das quais cometida pela seleção portuguesa. Curiosamente foi essa (a de Rafael Leão) que valeu a única advertência até então.

57' Patrik Schick rasteirou João Cancelo, cometendo infração bem assinalada por Marco Guida. O lance valeu advertência para o jogador da Chéquia, em decisão disciplinar que, naquele contexto, pareceu algo excessiva.

62' Golo legal da Chéquia, da autoria de Provod, a inaugurar o marcador no Leipzig Stadium.

66' Entrada algo perigosa de Diogo Jota, que levantou o pé à altura da cabeça de Provod, tocando-o com clara imprudência. Esteve bem o italiano a assinalar a infração, apesar dos protestos de alguns jogadores portugueses.

69' Golo do empate marcado por Hranac (na própria baliza). A assistência foi de Nuno Mendes, que disputou bola aérea com Coufal sem carregar irregularmente o adversário. Lance bem validado pela equipa de arbitragem. 

87' Diogo Jota marcou golo que foi depois bem anulado por fora de jogo de Cristiano Ronaldo. O avançado português (cabeceou ao poste) estava ligeiramente adiantado quando a bola foi passada na sua direção. A tecnologia voltou a provar a sua eficácia ao serviço da verdade desportiva, corrigindo má avaliação em campo, em lance muito relevante na partida.

90+1' Falta clara de Nélson Semedo sobre o Doudera (obstrução com contacto) que não foi assinalada pelo árbitro italiano. O lance ocorreu junto à linha lateral e terminou erradamente com pontapé de baliza favorável a Portugal.

90+2' Golo de Portugal marcado por Francisco Conceição, na sequência de assistência da esquerda de Pedro Neto. Toda a jogada em si foi legal mas, em bom rigor, o pontapé de baliza de Diogo Costa (deu início ao lance) não devia ter acontecido, devido à infração descrita anteriormente (a cometida por Nélson Semedo, aos 90+1') que valeria pontapé livre para a Chéquia. Importa recordar que após este tipo de recomeços, o VAR nunca poderia intervir.

NOTA: 6

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