A apresentação do plano estratégico a dez anos mostra bem que em Alvalade não se quer apenas ganhar no imediato, quer-se ganhar agora e continuar a ganhar no futuro. E esse futuro deve passar por Varandas para lá de 2026… Deve candidatar-se a novo mandato. Este é 'Nunca Mais é Sábado', espaço de opinião de Nuno Raposo
Os sinais são claros: o Sporting conseguiu chegar a um patamar superior que o pode estabilizar numa rota de sucesso em que não estava há 40 anos. Quatro décadas com dois períodos de jejum de títulos de campeão nacional no futebol, um de 18 anos e outro de 19, com um intervalo de duas conquistas (1999/2000 e 2001/2002) que foram apenas oásis num deserto sufocante. Entretanto, o título de 2020/2021 abriu caminho a uma nova era mas é agora, após a conquista de 2023/2024, que os sinais, dentro e fora de campo, apontam para uma verdadeira viragem que os leões não se podem dar ao luxo de perder. Porque se 2020/2021 foi o balanço que era preciso dar, agora é preciso ficar no topo e isso é o mais difícil, sempre: o ficar lá.
E por lá, no topo, está para ficar o leão no campo desportivo. Porque o escudo na camisola parece que desta vez não é um peso, mas um incentivo.
«Na primeira vez que fomos à Liga dos Campeões, aí sim, éramos muito inexperientes. Sinto a equipa ansiosa, mas mais preparada do que naquela altura, também porque me sinto mais preparado para os ajudar nesta competição.»
«O resultado foi melhor do que a exibição, mas já sabíamos que o primeiro jogo é sempre complicado. Correu-nos tudo bem, a expulsão ajudou. E, portanto, foi um dia feliz para todos nós, mas uma prova clara de que temos muito ainda para fazer.»
As frases são de Rúben Amorim (antes e depois do jogo com o Lille), o grande obreiro desta revolução desportiva e que mostram bem como está crescido este Sporting, em que uma vitória na Liga dos Campeões, sempre motivo de alegria mas outrora festejada como se de um título se tratasse, é encarada como natural e até com «muito ainda para fazer». O treinador estava satisfeito com os três pontos Champions mas sei bem, porque mo confidenciaram, que Amorim, no final jogo, não estava satisfeito — ele como a equipa sentiram que podiam ter feito mais. E isso depois de uma vitória na mais difícil e prestigiada liga do mundo mostra bem que agora sim o Sporting de Amorim chegou à idade adulta.
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Quando em 2018 Frederico Varandas chegou à presidência de um Sporting em convulsão, sabia que a tarefa era dificílima, ingrata até pela herança de uma era que ficará assinalada como a mais triste da história do clube — e é preciso não deixar cair no esquecimento o mal que fizeram ao Sporting naqueles anos. No início foram tomadas decisões questionáveis, por isso criticadas — e eu também as critiquei. A escolha de Amorim foi importante (e na altura também criticada…), porque deu a estabilidade desportiva sempre necessária para que possam acontecer mudanças estruturantes fora de campo, servem no fundo como colete anti bala para a administração poder avançar com medidas que se impõem, mesmo que impopulares. Mas dizer que o sucesso desta administração está apenas alicerçado no futebol de Amorim é redundante. Muito redundante. Porque a equipa de Varandas — com Hugo Viana junto do treinador e da equipa, Salgado Zenha nas finanças e André Bernardo na comunicação, marketing e infraestruturas — está a mostrar agora que viu, desde o início como quase todos nós que os criticámos não vimos, o que era preciso fazer para levar o Sporting ao topo e, mais importante e outra vez, mantê-lo lá. A apresentação do plano estratégico a dez anos, feito ontem, mostra bem que em Alvalade não se quer apenas ganhar no imediato, quer-se ganhar agora e continuar a ganhar no futuro. E esse futuro deve passar por Varandas para lá de 2026…