Opinião Sporting: a emocionante balada da despedida

OPINIÃO06.11.202415:13

Era difícil imaginar um adeus mais perfeito de Rúben Amorim de Alvalade. Fosse qual fosse o resultado, porém, seria sempre algo de emotivo, porque ambas as partes têm a agradecer uma à outra

Foi uma balada. Não foi rock n'roll nem heavy metal. Foi uma balada, construída com paciência e algum sofrimento. Foi, no fundo, o espelho da passagem de Rúben Amorim pelo Sporting — sair de baixo, subir, conseguir equiparar e depois ganhar. Talvez seja o que Rúben Amorim sonha para a sua nova etapa profissional, e o Manchester United bem precisa.

Na flash-interview da Sport TV, poucos minutos depois de ter dado uma volta olímpica ao relvado de Alvalade, o ainda treinador dizia algo como isto: «Acabei de fazer as pazes com os adeptos.»

Não precisava desta goleada ao campeão inglês para ter paz junto dos adeptos leoninos. Ao entrar no recinto, em boa verdade, a maior parte deles, provavelmente, só quereria não ser goleado como há dois anos. Estariam prontos para empatar, para ganhar ou para perder por poucos. E no fim aplaudiriam Rúbem Amorim.

Não havia como não fazê-lo. Foram quatro anos e meio de uma simbiose quase absoluta, mesmo com uma pandemia e um quarto lugar na Liga pelo caminho.

Terminar assim, em casa, frente a um dos rivais que terá pela frente nos próximos anos (espera-se) é uma espécie de despedida de sonho para o ainda treinador do Sporting.

Para os adeptos leoninos também. Sentam-se, hoje, na bancada de Alvalade com uma confiança que não tinham antes de Amorim chegar. E sabem-no.

Ontem sofreram um golo aos 4 minutos e reviram o pesadelo de há dois anos e meio. Rúben Amorim, com a capacidade de comunicação e o rigor analítico que se lhe reconhece, admitiu no final que a sorte do jogo caiu para o lado leonino, ao contrário daquele jogo que terminou com chapa 5.

Com mais ou menos sorte, é certo que nenhum adepto do Sporting terá dado o jogo por perdido com aquele revés inicial. E estes sentimentos valem ouro, porque têm reflexos também no relvado, onde tudo se decide. O Sporting que ontem se apresentou frente ao Manchester City, com mais ou menos sorte do jogo a pender para o seu lado, foi um Sporting capaz de estar num palco europeu como há muitos anos não estava, sobretudo na Liga dos Campeões, onde tudo se joga nos dias que correm. Foi (também) isso que Alvalade agradeceu a Rúben Amorim, deixando o treinador tranquilo no adeus àquela que foi a sua casa dos últimos anos.

Entre detalhes mais ou menos subjetivos, há algo que ressalta da participação do Sporting nesta Champions: tem 10 pontos conquistados (mais três que o City, já agora, e mais quatro que o Real Madrid) e isso parece ser, segundo as projeções, o patamar para chegar à fase seguinte da competição.

Claro que os pontos do City e do Real Madrid, entre outros, se resolverão entretanto, mas a meio do percurso não deixa, este, de ser um dado favorável aos leões.

O Benfica entra hoje em campo frente a uma besta negra, em Munique. Fá-lo com seis pontos conquistados e a ter de pensar, necessariamente, em conquistar mais.

A história não joga a favor dos encarnados, mas não consta que ela entre em campo na Allianz Arena. Pedem-se pontos para cada equipa portuguesa e pedem-se pontos para o ranking nacional. Venha Munique!