Questionado por Francisco Alves Tavares, jornalista de A BOLA, sobre o que leva para Inglaterra desta goleada ao Man. City, Rúben Amorim respondeu desta forma
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Sporting-Man. City. 4-1 «Alô Manchester, agora sim já sabem quem é Amorim…» (crónica)

NACIONAL05.11.202423:45

Sessenta anos depois de um 5-0 ao Manchester United, o Sporting voltou a fazer história em Alvalade, ao golear o Manchester City numa noite mágica, em que o pragmatismo de Amorim levou a melhor sobre o lirismo de Guardiola

Comecemos pelo fim, e pela volta olímpica que marcou o adeus de Rúben Amorim a Alvalade. Se fosse um filme arrebatava todos os Oscares, se fosse uma pintura estava no Louvre, se fosse uma ópera decorreria no Scala de Milão. Sublime, emocionante, avassaladora.

Estádio: Estádio José Alvalade

Árbitro: Daniel Siebert

Comentário

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Vamos, então ao jogo, que deve ser dividido em pelo menos quatro partes, do ponto de vista leonino: tremer, sobreviver, acreditar e golear.

TREMER E SOBREVIVER

O Sporting entrou mal no jogo, desconfortável quando o City fazia pressão alta, sem  espaço para ter bola, muito menos para municiar devidamente os avançado. E, para piorar as coisas, logo a abrir, uma perda de bola em zona proibida de Morita para Foden levou a bola ao fundo das redes de Franco Israel. Temeu-se o pior. Enquanto os leões, com o seu sistema habitual, não se libertavam do espartilho do tetracampeão inglês, que trouxe como novidade tática a colocação do alegado defesa direito, Rico Lewis, onde quer que fosse necessário criar superioridade numérica para um tiki-taka que chegou a ter períodos de grande qualidade, o City ia criando ocasiões para ampliar a vantagem, valendo ao Sporting não só a abnegação defensiva da equipa, muitas vezes a ter de optar por soluções menos académicas, e sobretudo de Franco Israel, que com um punhado de paradas de grande valia manteve a desvantagem tangencial. Foram pelo menos 30 minutos de coração nas mãos, apenas com um aviso de Gyokeres aos 8 minutos que, isolado, deu a bola a Ederson. Aliás, a Gyokeres, além do ‘hat-trick’ que a estatística lhe atribuiu, devia ser atribuído mais um golo quando, aos 28 minutos, tirou em cima da linha uma bola cabeceada por Haaland que se encaminhava para o fundo das redes leoninas.

ACREDITAR E GOLEAR

A partir da meia hora de jogo, o City avassalador desapareceu e deu lugar a uma equipa que decidiu descansar com bola e tentar atrair o Sporting. Deu-se mal com a estratégia, porque os leões começaram a carburar com maior normalidade, ensaiaram algumas das rotinas que se lhes conhece, e numa delas, protagonizada por Quenda, com um grande passe, e Gyokeres, com uma finalização soberba, empataram o jogo aos 38 minutos e puderam ir para intervalo com ânimo renovado, enquanto que os ingleses passaram a ser assaltados por algumas dúvidas quanto à sua consistência defensiva.

A segunda parte não podia ter começado melhor para os donos da casa que tiveram a primeira posse de bola. E o que fizeram? Com sete toques, sem que nenhum ‘citizen’ tivesse tocado na bola, Maxi Araujo, a passe de Pedro Gonçalves, bateu pela segunda vez o desamparado Ederson. A ‘remontada’ estava operada e agora era a vez do Manchester City correr atrás do prejuízo. E quando se dispunha a fazê-lo a equipa de Guardiola, aos 49 minutos, levou um verdadeiro direto no nariz, quando, após falta dentro da área de Gvardiol sobre Trincão, novamente após ação de contra-ataque que desbaratou o último reduto do City, Gyokeres bisou, desta vez de penálti.

Com uma vantagem de dois golos, o Sporting juntou imediatamente à frente de uma linha de cinco, defensiva, outros quatro homens, dois deles, Pedro Gonçalves e Trincão, com liberdade para iniciarem ações de contra-ataque tendo Gyokeres como destino final da bola.

O Manchester City tinha o controlo territorial (na primeira parte teve 71 por cento de posse de bola e terminou com 66), mas mostrava muita dificuldade em penetrar na exemplar organização do Sporting. Até que Bernardo Silva, aos 66 minuto rematou, a bola bateu no braço de Diomande e o árbitro apontou para os onze metros. Faltavam 24 minutos para o jogo acabar e um golo do City seria sinónimo de reentrada no jogo. Porém, Erling Haaland, a estrela da companhia, acertou em cheio na trave e Alvalade reagiu como se de um golo de Gyokeres se tratasse. Este lance aziago para os ingleses teve o condão de manter o Sporting focado e concentrado, enquanto que a equipa de Guardiola, a cada minuto que passava, dava sinais de acreditar pouco na possibilidade de ainda sair com um ponto que fosse de Alvalade. E o que os ingleses, que entretanto tinham mandado a jogo Gundogan e Doku e mais tarde Kevin de Bruin, não sabiam era que ainda faltava a cereja no topo do bolo: Genny Catamo, entretanto entrado para a esquerda, roubou a bola a Matheus Nunes e o ex-sportinguista fez falta para penálti que Gyokeres (80) converteu, selando um ‘hat-trick’ histórico, e igualando Osvaldo Silva, que em 1964 também marcara três golos ao United, na caminhada para a conquista da Taça das Taças.

Amorim, que a partir dos 75 minutos (tripla substituição com as entradas de Bragança, St. Juste e Catamo) começou a refrescar a equipa, sem nunca mexer na estrutura, e mais tarde ainda chamou Quaresma e Harder para os lugares dos esgotados Quenda e Trincão, viu o seu plano de jogo, após os solavancos iniciais, correr às mil maravilhas. Era um adeus em glória a Alvalade, à espera de, com esta goleada ao futuro rival de Manchester, ter um cartão de visita ainda mais composto para apresentar aos adeptos dos ‘red devils’.