Rui Costa ilibado é trunfo para Adidas e Emirates…
Rui Costa foi ilibado pelo Ministério Público no processo dos emails. Foto: Miguel Nunes

OPINIÃO Rui Costa ilibado é trunfo para Adidas e Emirates…

Com o clube sob fogo de chumbo grosso — e não é de prever rápida sentença para este processo — ou os benfiquistas se unem em nome de um bem maior, ou terão vida ainda mais difícil…

O Benfica, num primeiro momento, reagiu à acusação do Ministério Público, que, grosso modo, pede a suspensão do clube das competições profissionais de futebol, por um prazo de seis meses a três anos, com uma comunicação obrigatória à CMVM. Seguir-se-ão muitos outros passos, a começar pelo pedido, por parte dos advogados dos encarnados, de abertura de instrução, e a Justiça seguirá o seu caminho, com os seus tempos próprios, como cumpre num Estado de Direito.

No que respeita ao processo — neste como nos que já correram, com este ou outros clubes, recorde-se — muito será especulado, debatido, exaustivamente esmiuçado, com muito fumo e pouco fogo, mais parra que uva, mais ruído que substância. Será um debate absolutamente estéril do ponto de vista jurídico, que terá, porém, o condão de manter a atenção da opinião pública focada no assunto, servindo, por isso, um determinado propósito.

Não darei, como não dei noutros casos, com outras cores, para esse peditório, preferindo aguardar pelo resultado do caminho que a Justiça irá fazer, lembrando apenas que a procissão ainda está no adro. Acredito na Justiça e nas suas várias instâncias, verbero, é certo, a lentidão com que alguns processos são tratados, que levam a indesculpáveis prescrições, mas prefiro esperar pelo trânsito em julgado para perceber se há inocentes ou culpados.

Porém, há uma guerra em que o Benfica se encontra em tremenda desvantagem, dê o que der este processo: a da imagem. Estando nós perante uma matéria que deverá arrastar-se por um tempo razoável, está na rua, ao alcance de todos, através das redes sociais e em alguma opinião publicada ou falada, uma arma de arremesso temível, que não deixará de abalar a credibilidade do clube, dentro e fora de portas. Dessa batalha comunicacional que já está em marcha, desigual, porque no tribunal da opinião pública não é preciso fazer prova, nem há instâncias de recurso, o Benfica deve alinhar, desde já, uma estratégia de contenção de danos, jogando os trunfos que tem. E quais são esses trunfos? O primeiro e mais forte, o facto de «nenhum outro dos anteriores ou atuais membros do Conselho de Administração da Sociedade, incluindo o seu Presidente, ter sido acusado no âmbito deste processo.» O facto de o Ministério Público ter, expressamente, tirado Rui Costa deste filme, é uma carta que o Benfica precisa de usar, não só junto dos sócios, seguramente perplexos com o que está a acontecer, mas também — e não se trata de coisa menor — na interlocução com os patrocinadores, nomeadamente a Adidas e Emirates, dois pilares do clube.

Mas há outro ponto fundamental, que o emblema da Luz — e aqui refiro-me aos membros dos Órgãos Sociais e aos movimentos organizados que têm mostrado o seu desagrado pelo rumo que o clube tem levado — deve observar, e que está inscrito como lema, desde 1904: «E Pluribus Unum», de todos, um. Nesta fase em que o Benfica está, ninguém duvide, debaixo de fogo pesado, se não se mantiver blindado aos ataques, corre o risco de, um dia destes, precisar de ser Fénix. E isto também é válido para os processos que se seguirem, caso venham a existir…

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