O conselho de quem sabe aos miúdos do Benfica
Rui Baião estreou-se pela equipa principal do Benfica com 20 anos e deixa um conselho aos mais novos que estão a aproveitar as primeiras oportunidades. Antigo médio confia na gestão de Bruno Lage
O Benfica de Bruno Lage tem apresentado, com sinais positivos, muitos jovens em campo, tal como aconteceu com Samuel Soares, Leandro Santos, António Silva, Bajrami, João Rego, Nuno Félix, Joshua Wynder ou Prestianni, todos utilizados no confronto com o Tirsense, a 9 de abril, em jogo da primeira mão da meia-final da Taça de Portugal, em Barcelos.
Rui Baião, 44 anos, tem pontos de confluência com alguns destes atletas, pois também ele cumpriu grande parte da formação nas águias, como alguns dos jovens utilizados por Bruno Lage.
Já se passaram 24 anos mas o antigo médio-centro não mais esquecerá aquela tarde de abril de 2001 quando, ainda com 20 anos, se estreou na equipa principal do Benfica, numa vitória por 3-0 diante do Marítimo.
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«Para mim foi o concretizar dum sonho, ainda por cima porque era e continuo a ser adepto do Benfica. E o momento foi ainda mais mágico porque foi no mítico antigo Estádio da Luz, que estava praticamente cheio», recorda, em conversa com A BOLA.
Questionado sobre o que é necessário para triunfar ao mais alto nível, Baião tem poucas dúvidas. «Acima de tudo, os miúdos precisa de ter os pés bem assentes no chão e de apoio, que foi aquilo que me faltou. Julgo que esse aspeto já melhorou bastante, pois na minha altura esse apoio era praticamente inexistente. Acredito, no entanto, que têm a sorte de ter um treinador que está em consonância com a administração da SAD na aposta nos jogadores da formação. Depois, é trabalhar», diz quem viu a sua carreira, após o Benfica, cavalgar em sentido descendente, nunca alcançando o patamar que nas camadas jovens lhe auguravam, tendo passado por clubes como Alverca, Varzim, E. Amadora, Gil Vicente, Kerkyra (Grécia), Portimonense, Olhanense, Fátima e Pinhalnovense.
Do lote de jogadores lançados por Bruno Lage, Rui Baião acredita que, entre os mais novos, há dois um pouco à frente. «Julgo que João Rego e Prestianni são aqueles que têm mais condições de vingar ao alto nível. No caso do argentino até é pouco estranho, porque era opção no tempo de Roger Schmidt e depois deixou de ser. Agora está a reaparecer», partilha.
Fase complicada
Apesar de defender a aposta na formação, por tratar-se de jogadores que dão maior rentabilidade aos clubes nas transferências, Rui Baião entende que estes atletas não sejam aposta constante de Bruno Lage nesta reta final da temporada. «Está-se na fase decisiva da época e é compreensível se o treinador optar por jogadores mais experientes, que lhe darão maior garantia de resposta positiva num contexto de muita pressão», avalia.
Está convicto, porém, de que Bruno Lage é o homem ideal para utilizar mais o recurso dos atletas das camadas jovens. «É um treinador que passou muito tempo na formação, sabe como se trabalha bem nesta vertente e pode ser a pessoa ideal para uma aposta mais consistente na prata da casa», conclui.
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