Olá, Dragão, está tudo bem?

OPINIÃO09:30

Invejo os adeptos desde 25 de fevereiro de 2004. Nessa noite, nos 90 minutos do FC Porto-Man. United, fui compulsivamente enviado para a bancada com outros dois camaradas. A vingança foi servida num ecrã gigante. 'Estádio do Bolhão' é o espaço de opinião semanal do jornalista Pascoal Sousa

Desfrutam os jornalistas de um bom jogo de futebol? Claro que sim. Desfrutam tanto como os adeptos? Não, claro que não. Os adeptos gritam o golo sem a preocupação de saber em que minuto foi, quem fez a assistência e quem iniciou o ataque. Invejo os adeptos desde 25 de fevereiro de 2004. Uma coisa é estar de folga a ver o clube da terra; outra é estar em trabalho e, de repente, por qualquer chatice da vida, um diligente funcionário nos indicar o caminho da bancada, com ordem para só regressar no final do jogo para a cobertura da conferência de imprensa.

Aconteceu no FC Porto-Man. United, na data acima citada. Fomos três. Eu, o António Casanova e o Rui Amorim, três ou quatro degraus acima da relva, com belíssima visão para a baliza sul do Dragão, sentados no meio de milhares de portistas e com as malas dos computadores religiosamente fechadas. O que fazer com um rio imenso de carateres por escrever? O óbvio: desfrutar e atacar o assunto no final do jogo. E como desfrutámos, caros leitores.

A atmosfera do primeiro jogo europeu no Dragão contagiou-nos de tal forma que, ao intervalo, surgimos nos ecrãs gigantes do estádio. Primeiro, cristalizámos; depois fizemos o que qualquer adepto faria: acenamos e sorrimos. Para quem nos enviou para a bancada foi um golpe baixo, admito, mas também não sou um tipo alto. Conseguimos, com o maior rigor, quase em câmara lenta, ver a rotação no ar de Benni McCarthy e o fantástico cabeceamento do sul-africano. O 2-1 arrebatador do FC Porto. A reportagem? Fez-se bem, obrigado, até saímos cedinho.