ENTREVISTA A BOLA «Temos de encarar o FC Porto como se fosse uma final»
Dalot espera que United vire a página já no Dragão, tal como Bruno Fernandes após vermelho frente ao Tottenham
O Manchester United atravessa um momento conturbado, sobretudo depois do pesado desaire com o Tottenham, em Old Trafford, mas Diogo Dalot está confiante de que a equipa pode dar uma resposta cabal já na visita ao FC Porto, para a Liga Europa. Neste excerto da entrevista a A BOLA, o internacional português fala das ambições da sua equipa na Liga Europa e também de Bruno Fernandes, expulso no passado domingo.
- O Manchester United vem de três resultados negativos, o último dos quais a derrota caseira com o Tottenham. Com que estado de espírito é que visita o Dragão para a Liga Europa?
— Com energia, é assim que temos de encarar. Infelizmente não foi o resultado e a prestação que queríamos, mas o bom do futebol é que, três dias depois, vem um novo jogo e uma nova oportunidade de mostrar coisas melhores. O jogo com o FC Porto é perfeito, porque é o próximo. Temos que encarar esse jogo como se fosse uma final, pois são pontos de que vamos precisar se quisermos passar à próxima fase, e queremos muito ganhar a competição.
— Como é que o Diogo lida com estas horas em que sai de um resultado negativo e é preciso mudar o chip para o jogo seguinte. Pelo que sei gosta de se resguardar um pouco depois dos desaires…
— É normal passar por um processo de reflexão, até porque isso demonstra capacidade de analisar friamente aquilo que foi feito de bom e de mau. Mas há ali um período máximo de 24 horas para desligar e começar a pensar no próximo. É quase como fechar o jogo. Até porque não temos muito tempo. Se continuarmos a viver aquilo que foi o resultado anterior e não colocarmos o foco no próximo jogo… são jogos diferentes, adversários diferentes, desafios diferentes. Temos de mudar o chip rapidamente para estar da melhor maneira possível, fisicamente e mentalmente.
— E qual é o foco do United na Liga Europa, sendo um clube com um palmarés incrível, nomeadamente na Liga dos Campeões…
— O objetivo é sempre ganhar, em todas as competições em que estejamos. É a exigência do clube, é o palmarés que exige, é isso que dá nome aos adeptos, que mantém este clube aceso. Queremos estar nas grandes competições. A Liga Europa é uma boa competição, mas não é, idealmente, onde o clube quer estar. Queremos jogar a Liga dos Campeões, e para estarmos mais perto sabemos que há uma passagem direta se ganharmos a Liga Europa. Se há essa oportunidade, temos de agarrar com tudo. Estando na Liga Europa, temos de a ganhar, é a exigência mínima.
— O que tem faltado à equipa para estabilizar?
— O que mantém os clubes bem, durante muito tempo, é a consistência. Tem faltado um pouco isso, não só nos resultados, mas também nas exibições. Vai sempre resumir-se ao que fazemos em campo, e quanto mais consistentes formos nos resultados, na atitude, em tudo o que engloba o jogo e leva ao sucesso, mais próximos vamos estar de ganhar. Sinto que agora há uma mudança, uma reestruturação dentro do clube, mas dentro desse processo vais ter de sofrer. É isso que temos feito, estamos todos na mesma página, e isso é o mais importante. É um trabalho diário. O jogo pode correr muito bem, mas sabes que a seguir vais ter de fazer mais ou melhor. Quando não corre tão bem, vão aparecer críticas. Existem esses altos e baixos, e quanto mais equilibrado estiveres, como jogador e como clube, é isso que te vai ajudar a ter sucesso. É isso que o clube está à procura.
— O Diogo dizia que o jogo com o FC Porto é perfeito para virar a página, por ser o próximo. Será uma boa oportunidade também para o Bruno Fernandes virar a página? Já se falava muito de não estar a marcar, ao contrário do que é habitual, e agora teve esta expulsão com o Tottenham, muito contestada. Este jogo em Portugal pode ser um bom gancho para virar a página?
— Não é por ser em Portugal, é por ser o próximo jogo. O Bruno vê as coisas como eu: somos jogadores que estamos constantemente à procura de melhorar, somos exigentes connosco. Ele não é diferente. Já mostrou que consegue estar a um nível altíssimo, sabe que há altos e baixos, mas consegue manter o equilíbrio e sabxe que o momento vai chegar. A equipa precisa dele. Já mostrámos que somos uma equipa muito forte quando ele está bem. Momentos menos bons vão sempre existir, com ele e com outros jogadores. A questão é como nos levantamos, e ele já mostrou, no passado, que tem essa capacidade de voltar a estar positivo, pelo que não tenho dúvidas de que vai ser muito útil num futuro próximo.