José Manuel Constantino: tudo o que se disse é verdade
José Manuel Constantino, presidente do Comité Olímpico de Portugal, morreu aos 74 anos (D. R.)

José Manuel Constantino: tudo o que se disse é verdade

OPINIÃO13.08.202407:47

José Manuel Constantino era um homem absolutamente excecional, de carisma único, com forte personalidade. Era um pensador crítico, duro, frontal, mas de jogo limpo. Um homem sério – O Poder da Palavra é o espaço semanal de opinião de Duarte Gomes

1 - Infelizmente, a notícia da morte de José Manuel Constantino, Presidente do Comité Olímpico de Portugal, não foi surpreendente (há muito que se sabia que lutava corajosamente contra um cancro), mas não deixou de entristecer quem, como eu, teve a felicidade e o privilégio de o conhecer, partilhando consigo alguns momentos de trabalho.

Posso por isso garantir-vos que tudo o que se disse e escreveu é verdade. José Manuel Constantino era um homem absolutamente excecional, de carisma único, com forte personalidade. Desempenhou papel fundamental no desenvolvimento do desporto português, cujo trabalho iniciou como docente (funções que desempenhou durante mais de vinte e cinco anos), passando depois pelos Institutos Superiores de Educação Física (Lisboa/Porto), FMH, Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, Confederação de Desporto de Portugal, Fundação do Desporto, Instituto do Desporto, Conselho Nacional de Antidopagem e COP, que liderava desde 2013.

Constantino era um pensador crítico, duro, frontal, mas de jogo limpo. Um homem sério. Um defensor acérrimo do olimpismo e dos seus atletas, conforme atesta o tributo que tantos lhe têm prestado recentemente. Recebeu o título de Doutor Honoris Causa das Universidades de Lisboa e Porto, merecendo ainda a condecoração da Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública por parte do atual Presidente da República. Foi homenageado em vida, o que é sempre valioso.

Quis o destino que partisse no mesmo dia do encerramento dos Jogos Olímpicos em Paris, que foram apenas os mais gloriosos de sempre para os nossos atletas. Há pessoas que até na despedida têm classe. Até um dia, caro Dr.

Foi positiva a jornada inaugural da Liga

2 - As arbitragens da 1.ª jornada que envolveram alguns dos eternos candidatos ao título — nomeadamente Sporting, FC Porto e Benfica — foram francamente positivas, o que é de sublinhar tendo em conta a importância que tem (para todos) um bom arranque de época.

Em Famalicão, Fábio Veríssimo fez um trabalho de enorme qualidade num jogo que, ao contrário do que possa parecer, não foi fácil de dirigir e gerir. Antes, no Dragão e em Alvalade, arbitragens competentes de João Gonçalves e Cláudio Pereira, marcadas por uma enorme tentativa em dar fluidez ao jogo. Percebeu-se em ambos uma vontade benévola de interferir pouco tecnicamente, o que em bom rigor é o que se define como ideal: quando os jogos têm poucas infrações, a bola rola mais, há mais tempo útil, mais jogadas bonitas, mais oportunidades, golos e, claro... emoção.

Mas é importante que a estratégia, seguramente na sequência de recomendações técnicas nesse sentido, seja conduzida com equilíbrio e consistência (o que, diga-se de passagem, não é fácil).

Permitir contactos até ao limite é opção simpática e elogiável, mas tem riscos. Um deles, porventura o mais comum, é o de não se assinalarem algumas faltas que são evidentes nas imagens, ferindo assim o que dispõem as leis de jogo. Outro, ainda pior, é quando o excesso de fluidez resvala para alguma permissividade, ocasionando entradas mais duras, suscetíveis de causarem reações acaloradas. Muitas dessas acabam depois por gerar conflitos, protestos e confusão generalizada. Os jogos não são todos iguais e é preciso sentir bem o que está a acontecer a cada momento.

É preciso medir o pulso ao ambiente, ao temperamento pontual dos jogadores, às circunstâncias do jogo em si. Tudo isso deve ser bem calibrado, pensado e melhor executado. Há momentos em que uma vantagem pode valer um grande golo, mas há outros em que pode apenas ser interpretada como convite à violência.

O que se espera é que os nossos árbitros, sobretudo os mais jovens, aliem à sua qualidade potencial e coragem, maturidade competitiva, sensatez e equilíbrio.

Cada jogo tem uma música para tocar, mas os maestros somos nós. Somos sempre nós.