Agora a bola é dele: tudo sobre a estreia de João Pereira em Alvalade

Da despedida dos relvados em Alvalade, em maio de 2021, até esta sexta-feira, noite de estreia no comando dos leões, passaram 1281 dias. Daí para cá tudo mudou no leão para... melhor. Mas vem aí um novo Sporting!

Um percurso invulgar. A saltar etapas de forma meteórica até a um grande do futebol português. De um final de carreira emotivo em Alvalade, com direito a homenagem em dia de conquista do título nacional que fugia há 19 longos anos — o primeiro na era Amorim — até se tornar treinador dos leões (agarrando o lugar do responsável que o foi contratar aos turcos do Trabzonspor) passaram apenas 1283 dias. Cerca de três anos e meio.

Naquela noite de festa a 19 maio de 2021, derradeira ronda da Liga que terminou com uma goleada por 5-1 sobre o Marítimo, sem adeptos em Alvalade devido à pandemia Covid-19 até hoje, 22 de novembro de 2024, que marca a estreia no comando dos leões, tudo mudou. Desse onze, restam Luís Neto, curiosamente um dos adjuntos que também estará hoje no banco, Matheus Reis e Bragança, que também fizeram parte desse equipa inicial de despedida do antigo lateral dos relvados.

Plantel homenageou João Pereira em maio de 2021, último jogo do então jogador em Alvalade (A BOLA)

Esse foi o ponto de partida para um Sporting que se consolidou, ganhou estabilidade e títulos, tornou-se mais sustentável em termos financeiros, uniu os adeptos e tornou-se numa equipa temível para os adversários. Invencível esta época! É esta a herança (e a responsabilidade) que João Pereira vai carregar nos ombros a partir desta noite em Alvalade. Pesada mas aliciante. Bem diferente daquela que teve nos últimos anos após os estágios pelos sub-23 e bês leoninos onde se foi preparando, na sombra, longe dos holofotes e do escrutínio dos adeptos leoninos.

João Pereira em ação no último jogo pelos leões, diante do Marítimo (A BOLA)

João Pereira entra num jogo de tudo ou nada. Que pode afastar o Sporting de um dos objetivos da época, a Taça de Portugal. Diante do Amarante, equipa da Liga 3, que curiosamente está a competir no patamar competitivo em que o atual técnico iniciou a temporada ao serviço da equipa B dos leões.

E se a meio da semana, diante do Arsenal, para a Liga dos Campeões, onde o grau de exigência é enorme, existe uma margem de erro, não só pela posição confortável que o Sporting ocupa na competição — está no 2.º lugar da fase de Liga na Champions — mas também pela valia de um adversário que luta para ser campeão na Premier League, o jogo desta noite não permitirá deslizes.

João Pereira terá de entrar com o pé direito nesta nova aventura de leão ao peito. Algo que, na ainda curta carreira, só conseguiu numa ocasião. Precisamente esta temporada, no Sporting B, na Covilhã, quando venceu o Sporting local por 3-2, com dois golos de Gabriel Silva e um de João Simões (que já trabalha com o plantel principal...).

Uma estreia auspiciosa na Liga 3, no passado mês de agosto, numa altura em que, por certo, estaria longe de imaginar que hoje (cerca de três meses depois) estaria no banco como treinador da equipa principal e peça fundamental na nova estrutura leonina.

Nas restantes duas estreias de João Pereira, dois empates. Ambos a zero na Liga Revelação. O primeiro na Madeira, diante do Marítimo — curiosamente o mesmo adversário com que João Pereira se despediu dos relvados, em 2022/2023 — e na época seguinte, em Alcochete, diante do Portimonense, também nos sub-23.

Um abraço especial entre João Pereira e Ruben Amorim no adeus do primeiro aos relvados (IMAGO)

FAZER O QUE AMORIM NUNCA FEZ...

Uma nota importante nesta estreia de João Pereira. O novo homem forte do futebol leonino vai mostrar-se pela primeira vez numa competição que foi uma das malapatas do seu antecessor: a Taça de Portugal. Amorim deixou marca em Alvalade e venceu tudo o que havia para vencer em Portugal menos este troféu. Dois campeonatos, duas Taças da Liga e uma Supertaça. Faltou apenas a festa no Jamor que até esteve perto de acontecer, na temporada passada, mas o leão caiu na final, com o FC Porto, 1-2.

Um fator de motivação extra para o jovem técnico, de 40 anos, pois terá aqui, nesta prova, algo que o poderá diferenciar de Amorim que, recorde-se, sofreu alguns dissabores marcantes, como a derrota diante do Varzim, também da Liga 3, por 0-1, na 3.ª eliminatória da Taça de Portugal em outubro de 2022. Não faltam exemplos de surpresas nesta prova e essa, de resto, foi uma mensagem passada pelo próprio João Pereira durante os últimos dias de trabalho.

O Sporting respira confiança. O legado deixado por Amorim é grande mas a esperança é que o novo velho leão esteja hoje presente em Alvalade. Tudo igual mas com um novo dono da bola: João Pereira.