O pecado de Roberto Martínez
O que não consigo perceber é que Roberto Martínez tenha ido resgatar Geovany Quenda à Seleção de sub-21 para depois não lhe dar sequer 1 minuto para a estreia. Uma falta de respeito. Este é o ‘Nunca Mais é Sábado’, espaço de opinião de Nuno Raposo
Ver jogador como o Quenda, que é de uma qualidade no um contra um, um jogador criativo...
E de repente o selecionador Roberto Martínez promovia um miúdo que os sportinguistas mais devotos a acompanhar a formação do clube já conheciam, mas que para o público em geral era um desconhecido. Foi em entrevista em A BOLA, no passado mês de janeiro.
É muito importante para nós acompanhar o novo talento, mas o selecionador e a equipa técnica não têm camisolas. O Geovany Quenda vive no desequilíbrio, gosta das situações no um para um, fez um Europeu de sub-17 muito bom, num grupo de jogadores com muito talento. Gostámos muito do que ele fez na pré-época. Adaptou-se a uma posição diferente, à responsabilidade de jogar no onze inicial do campeão de Portugal, e para nós é um jogador que para este estágio pode ser interessante ver como entra no patamar internacional.
Roberto Martínez continuou atento ao ala dos leões; Quenda subiu à equipa principal do Sporting; Rúben Amorim não apenas o promoveu ao plantel como lhe deu a titularidade na ala direita; Martínez convocou-o para a Seleção A para os jogos de setembro da Liga das Nações. Não jogou qualquer minuto...
O Quenda encaixa na ala direita. Já trabalhámos no estágio em setembro e é nessa posição em que o Quenda vai trabalhar. É polivalente. O Quenda traz o desequilíbrio e capacidade técnica à seleção. É um jogador com magia e com um futuro espetacular. Era importante que os jogadores que estão aqui conheçam os nossos conceitos.
Os elogios de Roberto Martínez a Geovany Quenda continuaram depois de garantida a passagem, em 1.º do grupo, aos quartos de final da Liga das Nações e o selecionador resolveu ir buscar Quenda aos sub-21 para de propósito o levar à Croácia. E é aqui que para mim reside o pecado do selecionador.
Roberto Martínez não convocou, à partida, o jovem de 17 anos para esta dupla jornada. Não veio mal ao mundo por isso, ninguém o criticou — Quenda foi chamado por Rui Jorge, que começa a preparar o Europeu de sub-21 e conta com o sportinguista. O que não consigo perceber é que Roberto Martínez tenha ido resgatar o jogador à Seleção de esperanças, interferindo nos planos (o que até é legítimo, pois a Seleção A é o foco principal e soberana e o selecionador é quem manda), e depois não lhe tenha dado um minuto sequer. Nem se trata de recordes, a maior falta de respeito de Martínez foi para com um jovem que naturalmente alimentava o sonho de uma estreia já adiada — nessa altura, OK, foi opção, mas agora, neste contexto, foi uma grande maldade. E foi também para Rui Jorge, privado de trabalhar com um elemento que lhe será fundamental no Europeu e que foi à Croácia passear. Na próxima vez que for chamado, Quenda deve ir cheio de moral...