Isto é muito simples: quem marca tem de jogar
Samu celebra a vitória em Guimarães. Foto: Grafislab

Isto é muito simples: quem marca tem de jogar

OPINIÃO07:00

O FC Porto chegou à 6.ª jornada da Liga e às portas da Liga Europa sem saber com que ponta de lança contar. Samu descomplicou o que afinal sempre foi bem simples: basta marcar...

Vítor Bruno provavelmente já estaria à espera da pergunta, porque na antevisão do jogo de Guimarães ela tinha de ser feita. Samu tinha dado a vitória ao FC Porto sobre o Farense e, perante a falta de golos daquele que era até então o ponta de lança titular (Namaso), diria mesmo que era obrigatória. O treinador desenrascou-se bem: elogiou os quatro jogadores que tem no plantel para fazer essa posição (os outros são Fran Navarro e Deniz Gul), usou os argumentos habituais de que depende do adversário, das dinâmicas que a equipa precisar, ou do rendimento dos próprios. Também usou palavras mais caras, como o «caráter obsessivo de olhar para métricas», como justificação para não estar preocupado com a falta de golos de Namaso - que, já se sabe, dá outras coisas à equipa. Por isso, prometeu que o inglês «terá sempre vida» consigo, o que, sabemos agora, era só uma forma simpática de lhe indicar o banco de suplentes.

Namaso continuará a ter vida, até porque as outras alternativas não são propriamente excecionais, mas terá de esperar nova oportunidade (e já teve muitas...). É que Samu voltou da seleção sub-21 espanhola com fome, e o bis contra o Vitória dificilmente dará espaço a que brevemente se questione a sua titularidade. Assunto arrumado, por agora.

Um jogo ou dois não dirão tudo sobre Samu - e sobre a tal conversa do que pode dar à equipa -, mas o que vimos em Guimarães foi um ponta de lança a aparecer muito bem de cabeça no primeiro golo e a desmarcar-se, a controlar a bola e a rematar de pé direito de forma indefensável para o guarda-redes no segundo. A força física é evidente - ainda que não esteja em condições perfeitas e tivesse de ser até substituído - e também podia agora enumerar aqui outras características com palavras caras, mas estaria a fugir à intenção deste artigo de opinião. É que bem sei que os treinadores (e comentadores) analisam muito mais num jogador do que uma simples estatística como os golos marcados, mas às vezes bastaria só descomplicar um pouco o que, afinal, sempre foi bem simples: um ponta de lança tem de marcar golos e Samu leva três em três jogos (dois deles como suplente utilizado e pouquíssimos minutos...).

Teremos muito campeonato para perceber se isto será regra ou exceção, mas por agora deixemo-nos de dinâmicas, ou movimentos, ou avançados muito bons de costas para a baliza. Samu está a marcar, logo tem de ser ele a jogar. Não sou refém de estatísticas, mas esta dos golos num ponta de lança até acho que ajuda muito.