Samu não é tema lateral  no potencial deste dragão (crónica)
Samu ganha nas alturas, no V. Guimarães-FC Porto (ANDRE ALVES/GRAFISLAB)

V. Guimarães-FC Porto, 0-3 Samu não é tema lateral no potencial deste dragão (crónica)

NACIONAL21.09.202421:40

A primeira parte foi de bloqueio mútuo, mas na etapa complementar o FC Porto arrancou para triunfo sólido, à boleia da nova referência ofensiva. Não foi, contudo, o único reforço em destaque em Guimarães.

Na estreia a titular, ao terceiro jogo, Samu confirmou a ideia de que pode ser a peça – aliada às outras, claro – que vai catapultar este FC Porto 2024/25 para outro patamar. O primeiro golo apontado pelo avançado espanhol em Guimarães, ao minuto 47, é quase simbólico, nesse aspeto, tal a potência da impulsão que permitiu depois direcionar acuradamente o cabeceamento e encaminhar o triunfo portista.

Ao fazer depois o bis, apenas 12 minutos depois, Samu confirmou acutilância a atacar o espaço nas costas da defesa contrária, mas a exibição frente ao Vitória - interrompida ao minuto 75, por evidente desgaste físico – também reforçou indicadores promissores na capacidade de segurar a bola de costas, ou mesmo utilidade nos lances de bola parada defensivos.

De forma ponderada, mas plenamente convicta, Vítor Bruno já vai tirando rendimento dos reforços, e não apenas do avançado espanhol, tendo em conta que Nehuén Pérez voltou a mostrar capacidade de liderança no eixo defensivo, agora ao lado de Zé Pedro, e Francisco Moura destacou-se com duas assistências no Estádio D. Afonso Henriques.

O jogo só ganhou emoção na etapa complementar, depois de uma primeira parte de bloqueio mútuo, em que o receio de cometer erros foi maior do que a coragem para assumir o domínio do encontro.

Ainda assim o FC Porto abordou o jogo de forma mais autoritária, com Eustáquio junto a Alan Varela e Nico González de regresso a terrenos mais adiantados. Com uma primeira linha de construção formada por três elementos – Varela e Moura iam alternando ao lado de Nehuén e Zé Pedro -, a equipa de Vítor Bruno procurou assumir o jogo, mas teve dificuldades em contornar a organização defensiva do Vitória de Rui Borges, sem pudores em prescindir da postura impositiva que sustentou um arranque de época quase imaculado.

Todos os lances de (relativo) perigo da primeira parte surgiram na sequência de jogo aéreo, e quase sempre a partir de lances de bola parada. Os centrais portistas foram à área contrária criar perigo, mas Nico González foi aquele que apareceu em melhor situação para finalizar, para cabecear muito por cima.

O Vitória só deu sinal de vida atacante à beira do intervalo, e também de cabeça, mas Nuno Santos nem incomodou Diogo Costa.

Esforçado mas discreto na primeira parte, Samu cabeceou torto na última ocasião antes do intervalo, mas foi como um salto de ensaio para o golo apontado logo a abrir a etapa complementar, a beneficiar de um belo cruzamento de João Mário e, antes disso, do trabalho de Pepê descaído à direita.

O Vitória procurou reagir, mas nunca teve a capacidade de chegar com sustento ao último terço. Tomás Handel tentou dar o mote de longe, mas a ocasião mais perigosa até foi um desvio de Samu para o lado errado, a sair perto do poste. A equipa de Rui Borges procurou subir linhas, mas isso permitiu que Samu mostrasse que o espaço aéreo não é o único que gosta de explorar. O avançado espanhol arrancou um metro atrás de Tomás Ribeiro, mas a velocidade deu-lhe tempo suficiente para enquadrar da melhor forma o passe perfeito de Francisco Moura.

O Vitória animou com a entrada do seu Samu, assim como de Chuchu Ramírez e Gustavo Silva, mas ao minuto 88 o FC Porto ainda chegou ao terceiro golo, com Moura a brilhar novamente com o cruzamento para o desvio de Pepê.

Agora com um novo goleador, o FC Porto impôs-se de forma clara na disputa da vice-liderança.