OPINIÃO Chico: sair ou ficar?
Lado financeiro e ambiente do balneário são pontos fulcrais neste dilema sobre a continuidade do jovem extremo ao serviço do FC Porto. O que será melhor para clube e atleta?
A praticamente duas semanas do fecho do mercado de transferências, subsiste a dúvida sobre a permanência (ou não) de Francisco Conceição no reino azul e branco. A Juventus parece levar a dianteira para contratar o talentoso jogador, mas os números colocados em cima da mesa não agradam a André Villas-Boas e à restante cúpula da Administração SAD. O jovem extremo continua a ser um dos maiores ativos do plantel principal e há a plena consciência de que deixá-lo sair por um valor abaixo da cláusula de rescisão de 45 milhões de euros seria um negócio ruinoso, como foi antes vendê-lo a preço de saldo (5 milhões de euros) ao Ajax e resgatá-lo um ano depois pelo dobro desse montante.
Entende-se, em certa medida, que o futebolista tenha ficado melindrado com o processo que conduziu à saída do seu pai do comando técnico e culminou com a pronta sucessão de Vítor Bruno. Os laços familiares no clã Conceição são inquebráveis, mas Francisco Conceição depara-se agora com um cenário que lhe pode afetar, em certa medida, o futuro risonho que todos lhe auguram. Por um lado, não enjeitará de forma alguma uma mudança para Itália — país onde o seu progenitor passeou classe e fez história —, mas esse desígnio pode esbarrar na intransigência natural dos responsáveis azuis e brancos em venderem o seu passe ao desbarato, até porque numa hipotética transferência o jogador terá direito a 20 por cento do valor e Jorge Mendes a mais 10 por cento por ser intermediário no negócio.
O lado financeiro e a questão do ambiente balneário estão interligados e ambas as partes procuraram esgrimir argumentos para se chegar a bom porto. Já na reta final da recuperação de uma lesão contraída no glúteo, Francisco Conceição (des)espera que se defina o seu futuro. No universo portista há quem defenda que a melhor solução seria a saída de Francisco Conceição se chegar uma proposta consentânea com o real valor do atleta, mas do ponto de vista desportivo a equipa de Vítor Bruno ficaria a perder um ativo importante, uma mais-valia, um jogador dotado de características ímpares, que escasseiam no futebol moderno, daqueles futebolistas que sozinhos conseguem muitas vezes decidir um jogo.
Juve tem de subir a fasquia
A saída de Francisco Conceição até ao dia 2 de setembro poderá ser inevitável, mas nunca pelos números tão baixos que os responsáveis da Vecchia Signora insistem em colocar sobre a mesa. Perante este cenário tão adverso, André Villas-Boas sabe que o tempo urge e que a pressão para vender Francisco Conceição vai aumentar significativamente à medida que o fecho do mercado se aproxima, mas, como em outras decisões fundamentais na defesa dos interesses do FC Porto, não está disposto a facilitar. O líder máximo dos dragões aponta para a cláusula de 45 milhões de euros para quem quiser levar o talentoso jogador do reino azul e branco, mas, ao que parece, nenhum clube da Europa está na disposição de avançar com esse valor. O tempo urge e clube e jogador começam a mostrar sinais de querer chegar a um acordo que deixe todas as partes satisfeitas. Uma coisa é certa: o FC Porto sem Francisco Conceição não será mais forte na temporada, mas ninguém, ninguém mesmo, está acima da instituição FC Porto.
Caso não surja uma proposta que leve mesmo André Villas-Boas a vender os direitos económicos de Francisco Conceição, restará ao internacional português mostrar todo o seu lado profissional ao serviço do clube do coração. Embora sentido, terá de perceber que está em causa o seu futuro e que ele próprio tem consciência de que pode ajudar (e muito) o FC Porto a atingir os seus objetivos na presente temporada. Será um cenário utópico? Talvez, mas enquanto não baterem a cláusula essa possibilidade continua em cima da mesa.