Presidente dos leões voltou a mostrar que há muito estagnou na comunicação, mas pelo menos João Pereira deu alguns sinais de maior à-vontade, graças aos triunfos e ao treino que tem recebido
As duas vitórias, ainda que sofridas, fizeram bem a João Pereira no plano comunicacional. Viu-se maior à-vontade na troca de palavras com os jornalistas durante a antevisão ao difícil encontro de Barcelos com o Gil Vicente, o que não pode ser dissociado de um ambiente menos carregado, somado ao trabalho que tem feito junto do departamento de comunicação dos leões para ajustar o discurso ao contexto.
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Embora, sobretudo na questão da aposta de Quenda como falso extremo esquerdo, as ideias ainda pareçam um pouco confusas, permitiu-se, com esse treino, a corrigir o seu adjunto na análise ao encontro com o Santa Clara, o que lhe fica bem porque acaba por encaixar melhor com a realidade, e aguentar-se perante a inconsistência das palavras do seu presidente, para quem passou de «um treinador de um grande clube europeu em dois ou três anos» a alguém que recebeu «um presente envenenado» ao ser convidado para ser agora o treinador principal. Claro que lhe era impossível recusar, como afirmou, todavia, na imagem passada por Varandas passou de estar preparado para a missão a alguém que, afinal, não o estava. O presidente do Sporting, esse sim, e já não é de hoje, mostrou que não tem ido às aulas.
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Se me parece que em João Pereira, consiga ou não dar por completo a volta às dificuldades, há humildade suficiente para que tal seja possível, também vejo o lado de um dirigente, que, depois de ter recalcado com Rúben Amorim muitas das intervenções do passado, ainda não terá encontrado sozinho o equilíbrio que lhe permitiria saber sempre evitar danos colaterais. Há algo de moralizador a extrair das suas palavras? É possível que inspirem alguém? Só os jogadores e treinadores saberão.
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P.S. No FC Porto, parece estar a nascer uma estrela. Um tal de Rodrigo Mora, que na sua estreia a titular, aos 17 anos, assistiu e marcou, fazendo descansar os dragões na difícil, e anteriormente traumática, visita a Moreira de Cónegos. O miúdo terá sido, talvez, a últimas das opções de Vítor Bruno para o lugar e talvez aquela que mais sentido fez. Porém, logo depois do apito final, o técnico, que disse «adorar» o tipo de futebol do médio ofensivo, também lembrou o muito que este precisa percorrer. E ainda, sobretudo, perceber que Namaso, dias antes, assinou uma grande exibição. Não se percebe que a juventude, mesmo com maturidade e tanta qualidade à vista, continue a merecer tamanha desconfiança. Ainda mais num país tão virado para a formação.