Diogo Costa manteve vivo um FC Porto irreconhecível; depois foi Francisco Conceição o homem da ‘virada’; vimaranenses perdulários
Se fosse no boxe, dir-se-ia que, depois de ter estado à beira do knockout nos primeiros assaltos, o FC Porto recompôs-se e acabou por triunfar aos pontos no combate com o V. Guimarães.
Ainda usando a terminologia da modalidade a que alguns chamam de nobre arte, os dragões só não foram ao tapete porque Diogo Costa aguentou os jabs, diretos, cruzados, ganchos e uppercuts dos vimaranenses durante 38 minutos de sofrimento azul e branco, criando condições para a sua equipa continuar viva até ao minuto 39 quando Zaidu, que estava a ter uma atuação infeliz, subiu pelos ares no segundo poste e deu o melhor seguimento a um cruzamento da direita, de pé esquerdo, de Francisco Conceição.
Foi contra a corrente do jogo - e de que maneira -, quando os donos da casa tinham estado à beira do segundo golo em quatro claras ocasiões, mas para a história que se seguiu o que interessa é que esse momento do empate foi o momento de viragem no jogo, deu alento a uns e retirou confiança a outros. Obtido à beira do intervalo, o golo de Zaidu foi a contagem de proteção de que a equipa de Sérgio Conceição precisava para ganhar alento para a reviravolta no segundo tempo.
Guarda-redes extraordinário a travar a excelente 1.ª parte do Vitória. Conceição criou os golos da reviravolta portista. Capitão Pepe voltou a ser traído pela condição física.
Uma equipa esburacada
Sérgio Conceição optou por deixar Taremi, que tem assinado uma temporada muitos furos abaixo do que vale, no banco, e apresentar-se com um 4x3x3 onde André Franco era quem dava mais apoio ao ponta-de-lança Evanilson, que era ladeado por Francisco Conceição e Pepê, ficando Eustáquio e Varela com tarefas mais de contenção. Do outro lado, o 3x4x3 que muito rapidamente se transformava em 5x4x1 de Álvaro Pacheco começou por pulverizar a equipa portista, que interpretou da pior forma aquilo que o treinador pediu: a pressão alta, que é muitas vezes imagem de marca do FC Porto, quase não existiu, o espaço entre setores tornou confortável a circulação de bola dos donos da casa e permitiu que fossem feitos passes, sem oposição, para as costas da defesa, que lançaram o pânico no último reduto portista.
Foi o tempo em que Diogo Costa - só batido na recarga a um penálti que tinha defendido - vestiu a capa de super-homem e disse que não deixava que lhe marcassem mais golos a Jota Silva (18 e 22), André Silva (34) e Ricardo Mangas (38). E só porque antes houve Diogo Costa é que depois houve Francisco Conceição, a outra estrela da companhia na noite de ontem, autor do cruzamento do empate de Zaidu (39), assinando, aos 59 minutos, através de uma brilhante iniciativa individual, o golo que valeu os três pontos à equipa orientada pelo pai Sérgio.
André Silva também em plano de evidência no ataque. Tomás Ribeiro fica ligado ao lance do golo que fez a diferença no final.
Aliás, Francisco Conceição, sempre o mais inconformado dos portistas, viria a sair, com queixas físicas, aos 80 minutos, já depois de, também por lesão, Zaidu (55) e Pepe (67) terem sido substituídos, o que deve ter feito soar os alarmes no Dragão.
Xeque-mate de conceição
Mas falar deste jogo sem referir as substituições operadas no FC Porto ao minuto 55 seria não contar a história toda. O técnico azul e branco chamou Galeno a jogo, para a esquerda do ataque, colocou Pepê a defesa nessa ala (saiu Zaidu) e trocou André Franco por Taremi, que foi colocar-se ao lado de Evanilson. Mas por pouco tempo.
Treinador do Vitória de Guimarães orgulhoso dos jogadores pela exibição, mas «muito triste» pela derrota, que considera injusta, com o FC Porto (1-2)
Logo que os dragões ficaram em vantagem (59), o iraniano passou a ocupar os mesmos espaços antes pisados por André Franco. E mais tarde (80), Conceição, não teve complexos em reforçar a capacidade defensiva do meio-campo com Grujic, ao mesmo tempo que refrescava a ala com Sanchez. Álvaro Pacheco, que já tinha lançado Butzke (75), bem respondeu com o faltoso Nélson da Luz, mas a verdade é que o tempo do Vitória sair com um resultado positivo já tinha passado. E quando uma equipa de meio da tabela defronta um dos grandes e tem na finalização (que deu de caras com a melhor versão de Diogo Costa, é certo), o calcanhar de Aquiles, dificilmente sai do campo a sorrir. Foi isso que aconteceu ao Vitória, que não aproveitou, quando foi tempo disso, as fragilidades portistas.