O desabafo de Eustáquio: «É demais, nem tempo temos para recuperar»

Portista considera excessivo o calendário de jogos na Europa e desafia aos jogadores a «unirem-se» para decidirem «o que é realmente importante.» Com o Mundial de Clubes, o desgaste será ainda maior

O FC Porto vem de um período de jogos em que praticamente não teve tempo para respirar. Foram 21 dias em competição, com sete partidas a contar para as mais diversas provas, Taça de Portugal, Liga Europa, Taça da Liga e Liga. Um dos muitos casos de sobrecarga no palco europeu que começam a fazer mossa nos atletas internacionais e nas seleções, sabendo-se que quando a época terminar tem início o Mundial de Clubes.

Particularmente afetados com estes calendários, jogadores como Stephen Eustáquio são atirados para viagens intercontinentais para cumprirem a missão de defender a seleção, no caso o Canadá.

«Acho que, nesta altura, é demais para os jogadores», atira o médio, numa conversa por ‘Zoom’ com a imprensa canadiana. «Podemos ver que muitos jogadores internacionais, especialmente os que atuam na Europa, já estão a retira-se da seleção nacional devido ao acumulado de lesões. Grandes jogadores e grandes equipas sofrem com a sobrecarga e com muitas lesões», aponta. Um desses casos foi justamente o do capitão do Canadá Alphonso Davies, que pediu dispensa da seleção por fadiga extrema.

«Nós, como jogadores, temos que nos unir e decidir o que é realmente importante, porque vir para a seleção nacional tira-nos também tempo com a família», lembrou, reforçando que as pausas para as seleções acentuam o desgaste dos jogadores mais valiosos: «Com todas as viagens, não há muito tempo para recuperar. Quando voltamos aos nossos clubes, temos um jogo 48 ou 72 horas depois. Na minha opinião, acho que é demais.»

«Ao mesmo tempo, há esse comprometimento em jogar pela nossa nação. Tentamos estar sempre 100 por cento disponíveis, mas às vezes  é simplesmente impossível», assume o portista, chamado pelo selecionador Jesse Marsch para a dupla jornada contra o Suriname, para a Liga das Nações da CONCACAF. Não obstante o desgaste, Eustáquio está determinado em dar tudo em campo e incentivar os companheiros a fazer o mesmo: «A minha preocupação pessoal é fazer tudo o que pudermos para deixar o técnico feliz com os nossos desempenhos.»