Sporting-Rio Ave, 2-0 Gyokeres insaciável, pazes com St. Juste, Debast médio fantástico e os golos desperdiçados: tudo o que disse Rui Borges
Treinador do Sporting olha para o que falta da época e acredita que o final vai ser feliz
- A eliminatória podia ter ficado resolvida em Alvalade. Ficou mais satisfeito com a vitória ou desiludido com o desperdício?
- Deixa-me satisfeito a equipa dar demonstração de confiança, compromisso e rigor de início ao fim. Era um jogo perigoso, frente a uma equipa que se percebia que vinha para o contra-ataque, tínhamos de estar ligados a momentos de transição, posse de bola e a equipa manteve ligação atá ao final do jogo. Deixou-me satisfeito que na segunda parte tivessem com ambição enorme, queríamos mais do que o 2-0, criámos várias oportunidades, podíamos levar a eliminatória mais resolvida, mas é o que é.
- Aquando da saída do Trincão ficou a falar com ele. O que lhe disse?
- Apenas estava a perguntar se estava cansado. Precisamente por ser um jogador com muitos minutos, aqui ou ali vai-se notando esse desgaste, mas disse-me que está bem, que tem descansado bem. É um jogador que pode resolver o jogo a qualquer momento, ligado mesmo nos processo defensivo. Está cansado, mas está ligado para este final de campeonato.
- Quando St. Juste saiu deu-lhe um grande abraço. Estão feitas as pazes?
- Não há pazes nenhumas... Maior demonstração de confiança não posso dar, tanto ao St. Juste ou a outro. Desde que cheguei, até se lesionar, jogou sempre, agora voltou de lesão, apenas lhe disse que fez bons 60 minutos. É este St. Juste que queremos sempre. Saiu para precaver porque veio de uma paragem, deu resposta enorme e ajudou imenso a equipa. Tem toda a nossa confiança, como todos os outros.
- O que acha de o VAR não ter tido intervenção no lance do penálti? O Sporting é a equipa com mais penalties a favor em Portugal.
- Não vi o lance ainda. Os jogadores têm muita qualidade técnica, muita força. Para mim isso dita que estamos muitas vezes na área do adversário, que fica mais exposto a fazer faltas.
- Voltou a usar sistema de três centrais. Vem aí o jogo com o SC Braga, é uma forma de confundir o adversário na preparação do encontro?
- O sistema inicial vale o que vale, já o disse várias vezes. Dentro da estratégia de jogo podemos fazer um ou outro movimento para entrar num espaço mais alto, dentro de algumas coisas temo-nos indo adaptando. A equipa está em crescendo. A energia é diferente, a confiança também, a ambição é enorme, se calhar por isso é que estamos na frente do campeonato, por toda a resiliência que temos tido. A ambição, o aumento do acreditar e do físico leva a que as coisas correm cada vez melhor.
- Gyokeres fez o 18.º golo de penálti, hoje à Panenka. É um momento que a equipa treina muito ou ele individualmente?
- É um jogador que é focado e quer crescer em todos os pormenores, é competitivo, nunca quer descansar, já faltam adjetivos para o Viktor. É diferenciado, é o melhor jogador do nosso campeonato e não fugimos a isso, pelos golos, penalties e o que faz a equipa crescer, enquanto atleta, jogador e colega fantástico dá mais confiança aos colegas.
- Debast voltou a fazer uma boa exibição a meio-campo, é uma aposta mais do que ganha?
- Foi uma mudança ganha, tem dado resposta fenomenal. É um jogador que tem crescido de jogo para jogo, a confiança que demonstra tem sido estrondosa. Tem crescido imenso a todos os níveis, nas tomadas de decisão, no posicionamento, a qualidade técnica é tanta que se adaptou a médio facilmente. Joga mais vezes de costas, de frente toma decisões acima da média, tornou-se mais agressivo e intenso. Volto a dizer, chamamem-me maluco, mas no futuro pode ser um belíssimo médio centro.
- Disse que esta eliminatória só seria ganha na 2.ª mão, mas era possível ter saído daqui com mais golos, ficou surpreendido?
- Surpreendido não, mas devia ter ficado calado, se calhar por isso é que não marcámos mais [risos]. Falhámos muitos golos, mas vejo a resposta diária deles, sinto-os cada vez mais focados naquilo que é o mês e meio que falta para ganhar tudo o que é possível, vai ser reta final difícil, mas estamos focadíssimos. O jogo foi dentro do que esperámos, mas sim, podíamos ter mais golos face às oportunidades que criámos.
- Como é que se explica a um jogador estrangeiro o que significa a Taça de Portugal e jogar no Jamor?
- Tem que se mostrar uns vídeos e o que é a Taça. É o máximo que podemos fazer. Da nossa parte também é contar algumas histórias, vim de baixo sei o que é passar por todos os escalões do futebol. Para mim é um sonho, enquanto jogador também foi um sonho, é o máximo que lhe posso dizer, é especial.
- Considera que o foco é mais difícil nesta reta final quando está tudo mais perto?
- Nada é fácil, nada é dado ao acaso. Vejo-os focado. Têm dado demonstração de foco enorme e quererem ser vencedores. Aí é que se vêem os verdadeiros campeões. Estamos a um pequeno passo da final e termos capacidade de a vencer. No campeonato sermos o mais competentes até ao fim, agora temos de pensar no jogo de segunda-feira, que é o próximo. Acredito desde no dia que cá cheguei que será um final de época bonito.
- Catamo jogou em terreno diferente, gostou da resposta?
- Um jogador nunca pode estar preso a uma posição. Ele ali é bom. Aliás, os jogadores têm capacidade, jogam num grande clube e um jogador não pode estar preso, se puder acrescentar algo mais torna-se melhor jogador. Serve para todos. O Quenda também sabe jogar à esquerda. No Chelsea vai jogar a extremo, de certeza, e vai jogar tanto na direita como na esquerda.
- Considera que esta foi a exibição mais consistente desde que chegou ao Sporting?
- Em termos dos 90 minutos talvez sim... Em termos de vários fatores acredito que sim.