Sporting: tudo sobre a saída de Coates
Sebastián Coates. MIGUEL NUNES

Sporting: tudo sobre a saída de Coates

NACIONAL07.07.202409:00

Problema de saúde de familiar antecipa regresso a casa; a gestão física e a poupança da SAD na folha salarial; Amorim, Varandas e Viana tudo fizeram para o segurar mas compreenderam a situação; o coração apertado

Foram 3444 dias de leão ao peito, desde o início do empréstimo do Sunderland ao Sporting, a 31 de janeiro de 2016, até ontem, 6 de junho de 2024, altura em que Coates, Sporting e Nacional anunciaram a transferência do central de 33 anos para o clube onde se formou no Uruguai. Oito épocas e meia depois e com oito títulos conquistados, o capitão deixa Alvalade e a principal razão para a saída está numa questão familiar, um problema de saúde de uma pessoa próxima que antecipa um novo rumo na carreira. Outras razões ajudaram também, do apelo ao coração à gestão física que o limitaria durante a época, mas a razão principal foi mesmo a família. A administração leonina compreendeu, a saída acontece sem encargos. O Sporting poupa na folha salarial.

A BOLA antecipou a saída de Coates na madrugada deste sábado, o Sporting e o jogador tornaram-na oficial logo pela manhã. «Hoje, para muitos e para mim, é um dia muito difícil. Tomei, juntamente com a minha família, a decisão de voltar ao meu país, de voltar ao Nacional. Por várias razões achámos que o melhor era voltar», anunciou o jogador.

Coates, no entanto, não enumerou essas razões. Mas a principal é a questão do estado de saúde do familiar, que precisa de cuidados no Uruguai e por isso Coates a antecipar um regresso ao país natal que era apara acontecer apenas no final da época. O central, recorde-se, terminava contrato com os leões em junho mas após ponderação e uma época em que teve desempenho que surpreendeu, apesar das limitações físicas devido a problema crónico no joelho direito, decidiu-se pela renovação por mais uma temporada. Para ajudar a defender o título nacional conquistado. Porém, esse intenção acabou por ser revertida.

Sebastián Coates ainda iniciou os trabalhos de pré-época. Mas ao problema de saúde do familiar juntou-se o apelo ao coração feito pelo Nacional — clube onde ganhou três campeonatos, que representou desde os escalões de formação e de onde saiu para o Liverpool em 2011/2012, para voltar por empréstimos dos ingleses em 2014, regressando a Inglaterra em 2014/2015 pela porta do Sunderland, que o emprestou aos leões que logo convenceu a exercer a cláusula de compra de 5 milhões de euros em fevereiro de 2017. Em junho último, Sebastián Eguren, antigo internacional uruguaio e hoje diretor geral do Nacional, esteve em Lisboa para tentar convencer o central a regressar à América do Sul. Coates maturou a decisão durante as férias e está agora de volta a casa.

Sem encargos

Para trás Coates deixa oito títulos e 369 jogos por um clube que aprendeu a amar e onde deixa o legado de estrangeiro com mais partidas de verde e branco vestido. E o amor dos sportinguistas que lhe reconhecem o mérito de grande jogador, excelente profissional e capitão exemplar. Quem lhe reconhece isso também é a administração dos verdes e brancos, que entendeu as razões do internacional uruguaio e o deixaram sair sem encargos. E poupa na folha salarial, porque Coates era um dos mais bem pagos do plantel.

De coração apertado

Também Coates permite-se assim a uma maior tranquilidade desportiva, porque teria sempre de gerir o problema no joelho e isso será mais fácil de compatibilizar numa liga menos exigente, com ritmo diferente. Na época passada, por exemplo, falhou alguns jogos, como o da Liga Europa com o Young Boys, na Suíça (3-1 no play-off de acesso aos oitavos), porque foi realizado em sintético e por isso mais propício a problemas físicos. Esta época a a gestão adivinhava-se ainda mais impeditiva, até pelos sinais do final da época, mais complicado de gerir em ano de exigência de Liga dos Campeões. Por tudo isto Coates parte, de surpresa para os adeptos, nem tanto para todos os envolvidos.

O central parte também de coração apertado. «Cheguei em janeiro de 2016, tive sempre a certeza de que era o passo certo na minha carreira, vir para este enorme clube, sempre me receberam da melhor maneira, tive sempre a convicção e ambição de conseguir atingir os objetivos pessoais e, mais importante, os objetivos do clube, a cada ano», disse o jogador no vídeo de despedida divulgado nas redes sociais.

«Quero agradecer ao mister, ao Hugo [Viana, diretor desportivo], ao presidente, que me respeitaram, como pessoa e jogador, que tentaram tudo para que eu mudasse de ideias, mas eu já tinha a decisão tomada. Obviamente que não foi uma decisão fácil, mas acho que nesta altura era a melhor decisão, a que me deixa tranquilo, porque sempre tentei fazer o melhor pelo clube, tentei dar o melhor de mim, trabalhar dia a dia para o clube. Quero agradecer a todos os que trabalham no clube, na Academia, que fazem tudo para que nós, os jogadores, sejamos melhores. Quero agradecer a todos os treinadores que tive no clube, a todos os jogadores que foram meus companheiros, ficarão para sempre no meu coração, foram e são muito importantes para mim», garantiu Sebastián Coates.

A terminar, o capitão não esqueceu os adeptos: «Quero agradecer a todos os sportinguistas, pelo vosso apoio, vou ter muitas saudades vossas, vou ter saudades de chegar à Academia, de chegar ao estádio, de dizer que fui jogador do Sporting. O maior legado que posso deixar é que os meus filhos torcem e torcerão pela vida fora pelo Sporting. Obrigado a todos pelo apoio. Vou ser sempre um leão.»

A trabalhar em Alcochete...

Foi ontem anunciado como reforço do Nacional, com contrato válido até dezembro de 2025. Vai não apenas jogar as provas nacionais no Uruguai como também a Taça dos Libertadores da América, mas entretanto, antes de rumar ao país natal, Coates vai ficar a trabalhar na Academia em Alcochete.

... despedida no 5 Violinos

A despedida de Sebastián Coates de Alvalade já tem data marcada: será no próximo dia 27, no Troféu Cinco Violinos, em que os leões defrontam o Athletic Bilbao. Homenagem será prestada.