Sócios do FC Porto aprovam as contas com prejuízo de 48 milhões de euros
Assembleia Geral realiza-se no Dragão Arena. Foto: D.R.

Sócios do FC Porto aprovam as contas com prejuízo de 48 milhões de euros

NACIONAL30.11.202300:53

Votação final: 434 favor (53%), 187 contra e 198 abstenções

Os sócios do FC Porto aprovaram esta noite, em Assembleia Geral, as contas relativas à exercício 2022/2023, com uma votação de 434 favor (53%), 187 contra e 198 abstenções. Foi uma reunião magna em que se debateram várias questões ligadas à situação financeira do clube e da SAD, com um discurso arrasador do putativo candidato André Villas-Boas. Fernando Madureira, líder da claque, e Henrique Ramos, sócio agredido na Assembleia Geral no passado dia 13, saíram em defesa de Pinto da Costa e acusaram o ex-treinador de ingratidão.

Muitos sócios vão deixando já o Dragão Arena depois da votação das contas, embora ainda haja sócios inscritos para falar. José Fernando Rio, candidato nas anteriores eleições, foi um dos que já saiu do pavilhão e à saída cumprimentou Nuno Lobo, contra quem concorreu nesse sufrágio.

Recorde aqui abaixo todas as incidências da Assembleia Geral dos dragões:

O discurso de Pinto da Costa: «Ficou hoje aqui demonstrado que o clube é dos sócios, dos que votam a favor, dos que se abstêm e dos que votam contra. O clube é dos sócios. Queria cumprimentar todos os que vieram aqui hoje. As televisões disseram que iam acompanhar esta assembleia ao segundo, mas não vão usar nada porque não têm nada com que denegrir o FC Porto. Há uma coisa que eu quero aqui dizer publicamente. Desde que aqui cheguei ao FC Porto como presidente e, em todas as alturas, o Fernando Madureira foi um guarda pretoriano do FC Porto. As nossas equipas beneficiaram desse amor ao FC Porto, do amor que sempre dava às nossas equipas. Obrigado, Fernando Madureira. Henrique Ramos que, involuntariamente, participou na confusão da última Assembeia Geral, veio dizer aqui o que pensa na maior liberdade. Aqueles que escrevem que o FC Porto é uma ditadura, não sei se queriam dizer dentadura, veio provar que todos podem dizer e criticar o que lhes vai na alma. Ao senhor associado Villas-Boas, quero dizer-lhe que pela primeira vez na sua vida de portista veio a uma Assembleia Geral. Veio para dizer mal, para propor a recusa das contas. Espero que reconsidere, que não venha ler papéis com números que lhe põem à frente. Que venha à Assembleia Geral dizer o que lhe vai na alma, não dizer o que lhe escrevem num papel para ele vir aqui dizer. Eu não estou em campanha eleitoral. Tenho muito orgulho em ser presidente do FC Porto. Que pensemos todos que temos de estar à volta do FC Porto, juntos à volta da nossa equipa de futebol. Não é com ações destrutivas que se pode ajudar a equipa a conseguir um objetivo importante, como vamos ter no dia 13 de dezembro. Nós vamos vencer porque a nossa aposta do ponto de vista desportivo foi firme, consciente do que somos capazes de fazer. É isso que vamos conseguir. É nisso que vamos continuar a trabalhar para esse objetivo»

Pinto da Costa fechou a Assembleia Geral, dizendo que «o clube é dos sócios e não dos bancos».

As contas do FC Porto foram aprovadas: 434 favor, 187 contra e 198 abstenções num universo de 819 associados presentes.

Iniciou-se a votação das contas. André Villas-Boas e Angelino Ferreira votaram contra.

Fernando Gomes, administrador da SAD, pediu novamente o uso da palavra para responder a André Villas-Boas: «Em 2011, a equipa técnica e jogadores custavam 50 milhões de euros ao FC Porto. O esforço para ter uma equipa muito competitiva. De então para cá, apesar das dificuldades todas, o FC Porto ganhou seis ligas portuguesas e três taças de Portugal», disse, evocando a época em que o treinador dirigiu os dragões.

Estiveram presentes 819 sócios do FC Porto na Assembleia Geral.

Henrique Ramos, sócio agredido na Assembleia Geral do dia 13, deixou críticas a André Villas-Boas durante o seu discurso: «O associado da cadeira de sonho vem hoje pela primeira vez a uma AG do FC Porto... Como é que em abril de 2020 votou a favor de Pinto da Costa quando o cenário não era melhor do que encontramos hoje em dia. Ou as contas em 2020 eram muito melhores, ou então se foi na Columbia, num workshop de uma semana que aprendeu a fazer a tabuada. O clube está a delapidar-se, como diz, mas é a primeira vez que vem a uma assembleia geral do F. C. Porto. Tenho ambições, temos todos, mas é preciso outra coisa, respeito pelo FC Porto, é preciso decência, unir as pessoas e apresentar mais alguma coisa?», questionou.

Segue-se a vez de Nuno Lobo usar da palavra. «Estou eternamente grato a Pinto da Costa, mas não entendo que numa empresa enorme, ano após ano, apresente estes resultados e as pessoas [financeiros] continuem a ocupar os mesmos postos», criticou.

Depois, foi a vez de Fernando Madureira, líder da claque Super Dragões, discursar. «Mais do que as contas, estou mais triste por não ter ganho o campeonato. Apesar de ter uma licenciatura e mestrado em desporto não vou falar das contas. Era impossível bater o brilhantismo do Fernando Gomes. O André citou coisas de 2011 e eu vou falar de uma citação dele ao Jornal de Notícias em fevereiro de 2019, em que diz 'enquanto o presidente for vivo deve liderar esta instituição' [aplausos]. Queria perguntar ao sócio e ex-treinador: se abdicassem dos prémios não votaria contra estas contas? Eu pergunto ao doutor Fernando Gomes se sem esses prémios as contas passavam de negativas a positivas? Não se esqueçam de uma coisa, todos juntos é muito difícil combater os inimigos, divididos será pior».

André Villas-Boas já falou e acabou ovacionado. Criticou a gestão da SAD e assinalou a má situação financeira do FC Porto. Eis o seu discurso: «Saudações portistas para todos. Gostava de iniciar esta intervenção com a citação de um dos membros da Direção aqui presente: 'A sustentabilidade do negócio do futebol todos o sabemos não é fácil e sofre de imponderáveis vários, mas o FC Porto criou um modelo de negócio para atenuar os efeitos da recessão económica, da crescente dificuldade no acesso ao crédito e, acima de tudo, preparar o clube para o futuro e imposições da UEFA do fair-play financeiro. Estamos preparados, sem abdicar da razão de existirmos, que é vencer troféus, resistirmos sempre à tentação de nos afundarmos em dívidas'. Revista Dragões, outubro 2011. Nessa data a dívida financeira do FC Porto era de 98 milhões de euros e o passivo total de 202 M€. 12 anos depois a dívida financeira do FC Porto é de 311 M€ e o passivo total de 499 M€. Hoje os capitais próprios atribuídos aos sócios são de 199 M€. Desde 2011 a administração do FC Porto recebeu mais de 27 M€ em renumeração fixa e variável, sem considerar as sempre polémicas ajudas de custo entre viaturas, combustíveis e despesas com cartões de crédito. Como facilmente se constata a citação acima foi ultrapassada no tempo. Ao contrário de 2011, hoje estamos profundamente afundados em dívidas, temos a maior parte das receitas antecipadas e estamos em vias de conceder direitos de exploração comercial e respetivas receitas para os próximos 15 anos a uma empresa americana. Não existe visão, nem planeamento, nem um modelo de negócio económico sólido que garanta a sustentabilidade financeira do FC Porto. Ao longo dos últimos 12 anos, o passivo mais do que duplicou com mais de 300 milhões de euros, o que é revelador da indiferença da atual administração para a existência do FC Porto enquanto clube de associados. Lamentavelmente, já não vamos lá apenas com retoques da equipa diretiva, que se avizinham ou ainda descurando acordos de confidencialidade em contraponto com as mais elementares regras de rigor e transparência e obrigações de uma empresa cotada em bolsa. Pergunto à administração se seria capaz de hipotecar o futuro das vossas famílias à proporção e velocidade com que hipotecam o futuro do F. C. Porto. Não tenho outra alternativa que não seja manifestar a minha reprovação às contas aqui apresentadas, condicionando a aprovação das contas à devolução da remuneração variável recentemente recebida pela atual administração», disse.

André Villas-Boas também pediu o uso da palavra, tal como Nuno Lobo.

Angelino Ferreira, ex-administrador do FC Porto, bem Fernando Madureira, também pediram a palavra e vão falar.

Relativamente a um dos prometidos novos parceiros dos dragões, Fernando Gomes anunciou que a nova empresa irá adquirir uma fatia de 30 por cento da Porto Comercial, mantendo-se os restantes 70 por cento na posse dos dragões, nascendo igualmente uma nova empresa no universo portista. Este parceiro está já na esfera de negócios de Real Madrid, Barcelona, Milan e NBA, entre outros. Além do mais, garantiu que a entrada de dinheiro no FC Porto no que diz respeito a este negócio é efetiva e não se trata de uma operação de adiantamento de receitas.

Fernando Gomes revelou que «a atividade económica» do FC Porto está «cada vez mais forte» e que «foi por isso que uma grande empresa internacional decidiu fazer uma parceria com o clube» para a exploração comercial do Estádio do Dragão, que irá ajudar a melhorar a situação dos capitais próprios negativos da SAD. O administrador financeiro referiu-se ainda ao «aumento dos custos de pessoal», vincando que os mesmos se relacionaram sobretudo com prémios pagos ao plantel de futebol relativos ao título nacional conquistado em 2021/22. No final houve alguns aplausos.

Fernando Gomes também voltou a explicar o negócio do Otávio, mormente a opção de a SAD só o ter vendido mais tarde para ganhar mais 20 milhões de euros, e depois os prémios pagos à Administração. «O que diz a comissão de vencimentos? Num ano em que o FC Porto seja campeão, vá à Liga dos Campeões e tenha resultados positivos nas contas, a administração receberá um prémio. Jogadores e treinadores recebem o que está determinado nos contratos. Foi uma situação excecional, mas podem ter a certeza que, no próximo ano, a Administração não terá prémio nenhum», assegura.

Fernando Gomes abordou, entre outros pormenores, a diferença de receitas conseguidas através de bilheteira entre FC Porto e Sporting. «Vi nas redes sociais e inclusive num jornal que as receitas de bilheteira do FC Porto eram metade do Sporting. O FC Porto vende os mesmos lugares e tem metade das receitas. Não é nada disso. As receitas de bilheteiras de 10 milhões, o que faz o Sporting, tudo for receitas entram aí, 19 milhões de euros, o FC Porto, como sempre fez, as receitas de bilheteiras são lugares anuais e de jogo e depois os camarotes e tribunas VIPO porque estão ligadas a sponsors entram na publicidade. O FC Porto tem 19,2 M€ de bilheteira se não fosse essa separação».

Fernando Gomes, administrador da SAD do FC Porto responsável pelas finanças, é o primeiro a falar aos sócios. As contas relativas a 2022/2023 vão sendo mostradas através de imagens que passam em ecrãs. Prejuízo de 2,4 milhões de euros no capítulo individual, enquanto o resultado consolidado, de todo o grupo FC Porto, terminou com um prejuízo de € 48,7 M.

Lourenço Pinto inicia os trabalhos, perante cerca de um milhar de associados no Dragão Arena. Os ecrãs do pavilhão transmitem a reunião. «Peço em consciência para dar uma ideia do que somos, somos Porto. Todos tem direito à critica, todos têm direito a concordar ou não. Todos têm direito a expressar-se. Que o façam com respeito. Aqui todos somos críticos e sempre o fomos e dissemos na AG o que nos vai na alma. Não podemos ser humilhados. Peço a todos que respeitam os outros. Estejam ou não de acordo, peço que respeitem e vamos fazer esta AG como gosto: concorrida e com lealdade e que no final haja um vencedor e que seja o nosso Porto», afirmou Lourenço Pinto.

Com os trabalhos quase a começar, no Dragão Arena celebrou-se muito o terceiro golo do Inter ao Benfica, que deu o empate (3-3).

Nuno Lobo, o único candidato assumido às eleições de abril, também chega ao palco da Assembleia Geral. À entrada, disse que ia votar contra o Relatório e Contas que a Direção do clube vai apresentar esta noite. Mostrou-se otimista em relação aos trabalhos e convencido que não haverá incidentes. «As minhas expectativas é que corra tudo bem, ao contrário do que aconteceu na última Assembleia Geral. Que haja democracia, liberdade de expressão. Contas? Provavelmente votarei contra, não subscrevo novamente estas contas do FC Porto, isto não é futuro. Talvez haja menos gente por causa do mau tempo, mas de certeza que não é receio dos sócios», disse, à entrada.

A Direção está no Dragão Arena, liderada pelo presidente Pinto da Costa. Vítor Baía e Fernando Gomes, vice-presidentes do clube, entraram logo a seguir. A Assembleia Geral está prestes a começar.

Neste momento estão perto de 1000 sócios no pavilhão do FC Porto.

Com a afluência a aumentar e as cadeiras no solo ocupadas, foi aberta a bancada central do Dragão Arena para disponibilizar mais lugares para os sócios portistas

Inicialmente marcada para as 21 horas, a AG apenas terá início às 21.30 horas, pois à hora prevista para arrancar não estavam ainda 75% dos sócios necessários.

Angelino Ferreira, ex-administrador financeiro da SAD do FC Porto também é um dos sócios presentes.

Pinto da Costa também já se encontra dentro do Dragão Arena.

Início dos trabalhos atrasado alguns minutos. Já depois das 21 horas, ainda está a entrar gente no Dragão Arena e o início da Assembleia Geral encontra-se ligeiramente atrasado. A zona das cadeiras está agora mais bem composta, mas as bancadas continuam desertas.

Ao contrário do que sucedeu na anterior AG, desta vez há também cadeiras em cima do campo. Assim, as bancadas do pavilhão apenas serão utilizadas caso todas as cadeiras estejam ocupadas.

Henrique Ramos, o sócio portista que foi agredido na anterior AG (e cuja a segunda intervenção levou a nova vaga de confusão, motivando a suspensão definitiva da reunião), também já está no Dragão Arena.

Fernando Madureira, líder da claque Super Dragões, está também no Dragão Arena, palco da AG do FC Porto.

Poucas centenas de sócios até ao momento no pavilhão, sem aglomerados ou filas.

Abertura de portas à hora, empresa de segurança a organizar a entrada e ainda muitos lugares de inscrição. As cadeiras estão no recinto do Dragão Arena e ouve-se jazz...

André-Villas Boas chegou e já entrou no pavilhão, mas não prestou declarações à Comunicação Social presente no exterior do recinto.

Os primeiros associados começam a entrar no Dragão Arena. Tudo de forma ordeira e pacífica.

Os primeiros associados começam a formar fila no pavilhão. O mau tempo pode afastar muitos da reunião magna.

Há carros da polícia junto ao Dragão Caixa.

Realiza-se esta noite, a partir das 21 horas, a Assembleia Geral (AG) Ordinária do FC Porto, no Dragão Arena. Uma reunião onde, entre outros pontos, vai estar em discussão a votação o Relatório de Gestão e das Contas Individuais, como também das Contas Consolidadas. 

A Assembleia Geral decorrerá no pavilhão Dragão Arena por ter capacidade para receber mais pessoas. Na assembleia que acabou cancelada, o local teve que ser alterado duas vezes, depois de os responsáveis pela reunião terem percebido que não havia condições para efetuar os trabalhos, quer no auditório, primeiro, quer na tribuna presidencial, depois, devido à grande afluência de associados.

A Direção liderada por Pinto da Costa vai apresentar um prejuízo operacional de 2,43 milhões de euros na época passada. Esse valor, juntamente com os números que englobam a SAD e as restantes empresas do universo portista, resulta num saldo negativo de 48,29 milhões. Por outro lado, o ativo da SAD baixou para 356,29 milhões, enquanto o passivo aumentou de 530,11 para 532,27 milhões de euros. Os capitais próprios negativos são agora de 175,980 milhões.

Os gastos operacionais, na ordem dos 18,536 milhões de euros, e o facto de as receitas associativas terem baixado, passando de 6,579 milhões, na época anterior, para 6,021 milhões em 2022/23, estão na origem do balanço negativo. Dizer ainda que o valor envolvido na transferência de Otávio para o Al Nassr (60 milhões) não está incluído nas contas.

A segurança vai ser reforçada de maneira a evitar o que aconteceu no passado dia 13, mais novos episódios de violência e mais incidentes. Haverá mais segurança dentro do Dragão Arena e mais polícias nas imediações do Estádio do Dragão. Estarão mais agentes presentes, em comparação com a anterior assembleia, com o objetivo de montar um efetivo adequado, de modo a garantir a segurança e a ordem públicas. No entanto, a Polícia não estará dentro do pavilhão, mas sim fora e de prevenção.

Tendo em conta a contestação que a atual Direção tem sido alvo, algo que ficou bem visível na assembleia geral de dia 13, e o estado preocupante das finanças do clube, não está excluída a hipótese de o relatório e contas ser chumbado. Se tal acontecer, haverá nova assembleia.

«A partir das 21h00 desta quarta-feira realiza-se no Dragão Arena uma Assembleia Geral Ordinária com a seguinte ordem de trabalhos: 

1- Apreciação, discussão e votação do Relatório de Gestão e das Contas Individuais e respetivo Parecer do Conselho Fiscal e Disciplinar, referente ao período compreendido entre 1 de julho de 2022 e 30 de junho de 2023. 

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2- Apreciação, discussão e votação do Relatório de Gestão e das Contas Consolidadas e respetivo Parecer do Conselho Fiscal e Disciplinar, referente ao período compreendido entre 1 de julho de 2022 e 30 de junho de 2023. 

3- Meia hora para serem tratados assuntos de interesse para o Clube. Para participar nesta reunião magna é obrigatório apresentar o cartão de sócio. Só é permitida a entrada a associados com mais de 18 anos que se tenham inscrito até 29 de novembro de 2022 e que possuam a quota de setembro de 2023 atualizada.