Sócios do FC Porto votam contas com prejuízo de €48 milhões em Assembleia Geral
AG dos dragões, realizada na segunda-feira, foi suspensa

Sócios do FC Porto votam contas com prejuízo de €48 milhões em Assembleia Geral

NACIONAL29.11.202310:05

Apelos ao civismo para se evitarem as cenas degradantes verificadas na última reunião magna a 13 de novembro. Polícia fora do Dragão Arena, mas de prevenção junto ao recinto. Prova de fogo para Pinto da Costa e seus pares

Depois dos graves incidentes que marcaram a Assembleia Geral Extraordinária do passado dia 13, o Dragão Arena volta a ser palco, esta noite, pelas 21 horas, de mais uma reunião magna do FC Porto. Agora não com a finalidade de discutir e votar os novos estatutos - que entretanto caíram por terra -, mas sim avalizar as contas do Grupo FC Porto, que no exercício compreendido entre 1 de julho de 2022 e 30 de junho de 2023 deram um resultado negativo na ordem dos 48 milhões de euros.

A Direção do FC Porto já fez saber se tudo fará para que as cenas degradantes que mancharam o bom nome do clube e fizeram as manchetes dos jornais pela negativa não se repitam e, nesse sentido, apela ao civismo e investe também numa renovada logística e segurança privada reforçada, uma vez que a Polícia de Segurança Pública (PSP) não será requisitada de início para estar dentro do pavilhão, embora haja indicações para que esteja de prevenção do lado de fora e com um dispositivo em grande número, pronto a atuar se for necessário.

A verdade é que a crispação nas redes sociais entre as duas fações, a que continua a apoiar Pinto da Costa, na sua maioria constituída por elementos da claque dos Super Dragões, e a outra ao lado de André Villas-Boas - mantém-se acesa e isso pode desencadear momentos de tensão na AG agendada para esta noite.

Em termos logísticos, e para evitar as longas filas que se acumularam na reunião magna do passado dia 13, a Direção azul e branca pede que os associados cheguem o mais cedo possível e garante a existência de mais mesas para a acreditação, entre oito a dez locais para o efeito.

A instalação sonora também será melhorada para que se possa ouvir os representantes da Mesa da Assembleia Geral e quem subir ao púlpito para falar.

Outra das questões que provoca alguma apreensão é o facto de o Dragão Arena ter capacidade para apenas dois mil lugares sentados, sendo que se esperam mais do dobro de associados. Porém, a forma como o espaço desportivo foi construído permitirá sempre que muitos se acomodem de pé.

VOTOS DE PROTESTO

O Grupo FC Porto apresentou um prejuízo de mais de 48 milhões de euros, que dizem respeito a 47,6 milhões de euros da SAD, acrescidos de 2,43 milhões de euros do clube. Perante este cenário, não é de excluir que as contas possam ser chumbadas pelo universo azul e branco, mesmo que Pinto da Costa e Fernando Gomes tenham garantido uma forte melhoria do quadro financeiro até dezembro com a entrada do dinheiro proveniente da venda de Otávio (para o Al Nassr), dos prémios da presente edição da Champions e também de um negócio que está em marcha com um parceiro, a multinacional Legends, que propõe fazer a gestão do Estádio do Dragão - com o FC Porto a manter a parte dominante da Porto Comercial.

Uma das preocupações dos associados neste momento é o capital próprio do FC Porto, que no Grupo FC Porto está, atualmente, cifrado em €191,544 milhões negativos (só da SAD são €175,980 M) e este tema será, por certo, aflorado pelos sócios, pois muitos entendem que clube e SAD estão em falência técnica.

Num quadro de enorme divisão, os votos de protesto podem arrastar a AG para domínios de polémica acesa, sendo que os 30 minutos para tratar e discutir assuntos do clube prometem ser muito mais prolongados que isso.