Primeira parte com o Sporting foi de altíssimo quilate. A BOLA descodifica todos os movimentos com e sem bola. Nas derrotas também se aprende e Carvalhal tem a experiência necessária para o crescimento
El Ouazzani na primeira fase de pressão, Ricardo Horta e/ou Bruma a seguirem-lhe o rasto, João Moutinho e/ou Vítor Carvalho a complementarem o processo. Em simultâneo, Roger Fernandes ou Gabri Martínez, consoante o local onde estava a bola, acrescentavam mais uma unidade a esta teia. Foi assim que o SC Braga pressionou o Sporting, no último duelo da Liga, na primeira fase de construção dos leões, impedindo, durante toda a primeira parte, que o conjunto (ainda) orientado por Ruben Amorim saísse a jogar como tanto gosta, a partir dos centrais (Zeno Debast, Ousmane Diomande e Matheus Reis) e sempre com o apoio da dupla de médios interiores (Morten Hjulmand e Daniel Bragança).
Foram, pode dizer-se, 45 minutos de alto quilate de uns guerreiros do Minho com enorme ousadia ofensiva. E para que a estratégia resultasse na perfeição (ainda que apenas de forma parcial, uma vez que a etapa complementar foi… outro jogo), nada melhor do que colocar a cereja no topo do bolo: o(s) golo(s). Porque nessa primeira parte o SC Braga faturou por duas vezes, recolhendo aos balneários a vencer por 2-0. Ricardo Horta, aos 20 minutos, aproveitou um ressalto de bola na sequência de um cruzamento da direita de Roger Fernandes – El Ouazzani tinha desviado ao primeiro poste, de cabeça, e Zeno Debast, depois, aliviou de forma deficiente – para abrir o ativo, sendo que o capitão dos bracarenses voltou a faturar em cima do intervalo, após assistência perfeita de Bruma na sequência de um roubo de bola de João Moutinho no meio-campo ofensivo (a eficácia da pressão…).
Estava tudo (quase) perfeito. Por esta altura, os arsenalistas tinham (quase) tudo na mão para serem a primeira equipa a derrotar os leões nesta Liga. Tal não aconteceu, já que Sporting, transfigurado na segunda parte, acabou por vencer por 4-2, mas mesmo na hora da derrota há sempre algo de positivo que pode (e deve) extrair-se.
Depois de uma primeira parte em que a teia que Carvalhal teceu tolheu os movimentos do Sporting, viu-se um segundo tempo esplendoroso dos leões, que redundou numa ‘virada’ épica, muito graças ao dedo tático de Amorim…
Carlos Carvalhal já admitiu publicamente que tem uma equipa jovem, com vários jogadores que nunca tinham alinhado na elite nacional, algo que ajuda a perceber que em determinados momentos do(s) jogo(s) existem situações que estão diretamente ligadas à falta de maturidade. Esse é também um desafio para o técnico, que com a sua experiência está mais do que capacitado para fazer crescer o coletivo bracarense.
Afinal, quem deu aqueles 45 minutos de lição tática ao Sporting tem argumentos totalmente válidos para fazer crer aos adeptos que o processo está em franco crescimento e que tem tudo para redundar em sucesso. É preciso tempo e paciência. E vitórias, logicamente…