«São mais as pessoas com o perfil genético para serem atletas de elite do que as que atingem esse nível»
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ENTREVISTA A BOLA «São mais as pessoas com o perfil genético para serem atletas de elite do que as que atingem esse nível»

FUTEBOL26.09.202408:00

Em entrevista a A BOLA, o professor Mark Williams revelou o que é preciso para ser um atleta de elite

Neste dia 26 de setembro realiza-se a conferência 'Procura pela Excelência no Futebol', organizada pelo Centro Universitário do Porto da Universidade Lusófona para celebrar o quarto ano do Mestrado em Treino Desportivo em Futebol, o primeiro do tipo em Portugal.

O grande destaque desta conferência será a presença do professor Mark Williams, principal investigador mundial sobre a tomada de decisão no futebol e especialista em ciência desportiva, que falou a A BOLA e desvendou os principais fatores que levam um atleta a chegar ao topo: «Há toda uma série de factores. Não excluo a possibilidade de que as componentes genéticas tenham influência no desempenho, ou seja, é bem possível que nem todos os jogadores possam ser de elite. Mas penso que são mais as pessoas com o perfil genético necessário para serem atletas de elite do que aquelas que, efetivamente, atingem esse nível.»

«Penso que tem muito a ver com oportunidade também. Trata-se de estar no sítio certo à hora certa, rodeado dos treinadores certos, dos jogadores certos, dos adversários certos, das infra-estruturas e estruturas de apoio certas. Se não tivermos essas estruturas, torna-se problemático. Por isso, é evidente que as hipóteses de ser um jogador de futebol bem sucedido são muito maiores se vierem de uma cultura futebolística forte, como Portugal, Inglaterra, Espanha, Brasil, etc... São ambientes fantásticos, porque o futebol é uma paixão nacional», continuou.

Contudo, o professor considera existirem características psicológicas fundamentais para que um atleta consiga ser bem sucedido: «A coragem, a resiliência, a dureza mental, o perfeccionismo e a motivação são coisas muito importantes. Há coisas que não se conseguem controlar, mas os únicos fatores sobre o qual têm controlo, até certo ponto, são a mentalidade e a forma como trabalham, como são capazes de ultrapassar as adversidades, porque o caminho para a excelência não é um caminho suave. É um caminho acidentado, com muitos altos e baixos.»

«Por isso, penso que essas competências psicológicas são importantes e talvez sejam impulsionadas, em certa medida, pela paixão e pelo interesse, no sentido em que a paixão que sentimos pelo desporto, o interesse e a motivação que temos para sermos bem sucedidos, nos ajudam a percorrer esse caminho», referiu o professor.

Professor Mark Williams (IHMC)

Sobre quais conselhos daria a um jovem desportista que ambiciona chegar ao topo, Mark Williams voltou realçar a importância do contexto e da... sorte: «Precisam de uma paixão e de um interesse forte. Para além disso, é preciso pensar no sentido de que não se trata apenas de treinar, mas de treinar da forma correta.»

«É preciso, também, tentarem colocar-se em situações em que possam ter sorte. Tentar estar no sítio certo, à hora certa. Talvez isso seja algo que não seja alcançado à primeira. Têm de continuar a tentar colocarem-se no lugar certo, à hora certa e esperar que tenham essa oportunidade», concluiu.