Checo falhou mais de 800 dias de futebol devido a uma lesão no joelho, sendo que a operação quase que levou a sua vida; quarta-feira capitaneou o Sparta Praga para a primeira vitória do clube em mais de 20 anos na Liga dos Campeões, recebendo o prémio de ‘MVP’
Quase 20 anos depois desde a última vez que passou a fase de qualificação, o Sparta Praga regressou à Liga dos Campeões em 2024/25 e venceu logo na primeira jornada, em casa e com números expressivos, frente ao Salzburgo (3-0).
Dezanove anos depois da última participação, Sparta Praga voltou à Liga dos Campeões e arrasou, vencendo por 3-0 o Salzburgo, equipa que, até, estará no Mundial de Clubes do próximo ano
Filip Panák, capitão dos campeões checos, foi titular e ainda fez uma assistência para o segundo golo, recebendo no final da partida o prémio de melhor em campo, atribuído pela UEFA. Mais tarde, o central ainda foi eleito para a melhor equipa da semana da competição, ao lado de Nuno Mendes, e também da fantasy, ao lado de Zeno Debast.
No entanto, o jogador de 28 anos teve de passar por muitas adversidades para chegar a este momento especial, o maior da sua carreira. Em outubro de 2018, quando ainda jogava pelo Karvina, o checo teve uma grave lesão no joelho, num jogo do campeonato, e teve de ser operado, voltando só a pisar um relvado em março de 2020, um ano e meio depois, já pela equipa B do Sparta.
Ele voltou a jogar de forma consistente e na equipa principal apenas em 2021/22, mas teve mais problemas na reta final da época e acabou por não jogar muito em 2022/23, perdendo a titularidade. Na temporada seguinte conseguiu recuperá-la, levando esse bom momento para a atualidade, onde é capitão e titular indiscutível, embora ainda sejam necessários alguns cuidados e muito descanso.
No total, Panák perdeu mais de 800 dias de futebol devido a essa lesão e tudo se deveu a complicações na primeira operação ao joelho, em que quase morreu. Nessa cirurgia, o fígado e os rins do jogador falharam, devido a uma inflamação, e passou várias semanas no hospital a recuperar.
«Numa primeira fase após a primeira operação, eu tive uma inflamação no meu joelho e os meus rins falharam. Fiquei duas semanas em reabilitação e outras duas semanas na ortopedia para limpar após a operação. Nessa altura a questão não era sobre futebol ou desporto, era sobre a minha vida. Passei a fazer diálise e o meu fígado também estava a morrer. Naquele momento, a questão era como salvar a minha vida», revelou, em entrevista ao jornal checo TN, antes de explicar que também superou essa fase graças à ajuda de um amigo e lenda do futebol na Chéquia, Rosicky, que também teve bastantes lesões na sua carreira e que atualmente é o diretor desportivo do Sparta Praga, onde joga.
«Ele disse-me para não sucumbir a isso, para tentar pensar positivamente. Disse-lhe que sempre que chego a casa estou de mau humor, que a minha vida fora do futebol depende muito da minha dor no joelho e ele confirmou que sabe exatamente do que estou a falar, que também já passou por isso», referiu.
Após estes seis anos, o defesa está, de certa forma, de regresso à normalidade antes da sua lesão, embora tenha de ser gerido com muito cuidado. Prova disso são os 479 minutos em seis jogos que realizou esta temporada, nem todos a titular, tendo ainda ficado de fora em algumas partidas, por não conseguir jogar sempre de forma consecutiva.
Depois desta vitória história para a liga milionária, o central regressou ao banco de suplentes e entrou apenas para a segunda parte na deslocação ao terreno do Ceske Budejovice, em jogo da nona jornada da liga checa, que terminou com uma vitória, por 2-0, para a sua equipa.
Tendo sido bicampeões da Chéquia na época passada, o objetivo do atleta e do seu clube passa por conseguir o tricampeonato, sendo que atualmente partilham a liderança com o Slavia Praga. Ambos estão com 22 pontos, acumulando sete vitórias e um empate, curiosamente os dois com o mesmo adversário, o Slovacko, embora o rival tenha uma melhor diferença de golos (15 contra 12).
A próxima partida para a Liga dos Campeões é em Estugarda, onde os checos querem continuar a mostrar que não regressaram 19 anos depois à competição apenas para existir, mas sim para competir.