Reportagem A BOLA Pevidém: do sonho que a lesão não apagou até ao plano para travar o Benfica

NACIONAL09:00

O Pevidém enfrenta, este sábado, o Benfica na Taça de Portugal, um dos maiores desafios da sua história. Num clube de ambições e sacrifícios, destacam-se as histórias de João Marna, um avançado em busca da redenção, João Moreira, o diretor desportivo que sonha com o crescimento do clube, e João Pedro Coelho, o treinador que promete surpreender no relvado

Esta noite, o Pevidém, do Campeonato de Portugal, enfrenta o maior desafio da sua história recente ao defrontar o Benfica na terceira eliminatória da Taça de Portugal. Um encontro que transcende o desporto e carrega sonhos e sacrifícios de uma vila que vive e respira futebol. João Marna, avançado que recuperou de uma grave lesão, vê neste jogo uma oportunidade de ouro para se destacar. João Moreira, o diretor desportivo, encara o encontro como uma montra para o futuro do clube. E João Pedro Coelho, o treinador, acredita que, independentemente do resultado, o Pevidém sairá mais forte. Três histórias, contadas a A BOLA, interligadas pelo amor ao futebol e pela expetativa de um momento inesquecível. O palco está montado e será no Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas, em Moreira de Cónegos.

O sonho que a lesão não apagou

João Marna, avançado de 27 anos, está na sua segunda época ao serviço do Pevidém e vive uma fase de renascimento na carreira após uma grave lesão. Com sete jogos e dois golos esta temporada, o jogador mantém aceso o sonho de chegar à primeira divisão, apesar dos obstáculos que enfrentou.

«Quando sofri a lesão, foi um dos momentos mais complicados da minha carreira. A falta de confiança era evidente, tinha sempre aquele desconforto no tornozelo que me limitava. Mas, felizmente, com o tempo necessário de recuperação, consegui ultrapassar esse desconforto», relata João Marna. No entanto, a recuperação não foi fácil. Para um jogador que vive dos seus movimentos e agilidade, a luta foi tão mental quanto física. «No início da época passada, já estava sem dores e consegui voltar a fazer aquilo que mais gosto: marcar golos», disse, com uma determinação que reflete a sua ambição de superar a marca de golos (11) da época anterior.

João Marna é uma das figuras de proa do Pevidém, clube que, segundo ele, tem sido fundamental na sua recuperação e integração. «Desde o primeiro momento, senti que este era o projeto certo. O Pevidém foi como uma família para mim, ajudaram-me em tudo o que precisei», destaca.

João Marna, avançado do Pevidém. Imagem: Pevidém SC

O papel do diretor desportivo, João Moreira, foi crucial, ao acreditar que o jogador voltaria ao seu melhor nível. «Ele falou com o meu empresário e garantiu que aqui voltaria a ser o que era. Hoje, sinto-me completamente integrado», acrescenta Marna, que vê no Pevidém mais do que um clube, mas sim uma extensão da sua família.

O próximo desafio, contra um dos gigantes do futebol português, é encarado com entusiasmo: «É uma oportunidade única. Jogar contra o Benfica é uma honra e, para mim, uma grande oportunidade para mostrar o meu valor. Sei que será um jogo difícil, mas farei de tudo para marcar e ajudar o clube», afirma, sem esconder a ambição de brilhar perante um adversário tão prestigiado.

Além do futebol, Marna enfrenta outro desafio, o de conciliar o desporto com o trabalho na área da distribuição. «Este ano, estou a trabalhar e a jogar ao mesmo tempo, o que tem sido uma experiência enriquecedora. As pessoas do clube ajudaram-me imenso nesse processo», revela. No entanto, o jogador mantém o foco no futebol, acreditando que ainda pode regressar ao nível profissional que sempre ambicionou. «Prefiro focar-me no futebol e dar o meu melhor para, no próximo ano, estar novamente num nível profissional», afirma, embora reconheça a importância de preparar o futuro além das quatro linhas.

Marna tem o sonho de chegar à primeira divisão e sabe que, se não tivesse sofrido aquela lesão, talvez já estivesse lá, mas não perde a esperança: «Estou a trabalhar muito para concretizar o meu sonho. Vamos ver o que o futuro me reserva.»

Um desafio à dimensão do Pevidém

Para João Moreira, diretor desportivo do clube vimaranense, o jogo contra o Benfica é muito mais do que uma simples eliminatória da Taça de Portugal. É um momento que projeta o clube para uma dimensão mediática nunca antes vista, trazendo desafios e oportunidades em várias frentes. «Este jogo catapulta-nos para outro nível, não só em termos desportivos, mas também na organização e na visibilidade do clube», afirma o dirigente, que tem estado a trabalhar incansavelmente nos bastidores para garantir que tudo corre da melhor forma.

Embora o Pevidém tenha um grupo de trabalho dedicado, o dirigente não esconde a limitação das infraestruturas: «O clube, neste momento, não acompanha a equipa. Temos vindo a crescer muito, mas as condições deixam a desejar. Foi por isso que optámos por jogar no Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas», explica. Para o diretor, este jogo é uma forma de recompensar não só os jogadores e equipa técnica, mas também os adeptos e a comunidade da vila de Pevidém, que têm sido fundamentais no crescimento do clube.

João Moreira, diretor desportivo do Pevidém. Imagem: Rafa Nunes - Pevidém SC

João Moreira acredita que este encontro pode ter um impacto positivo no desenvolvimento futuro do clube, tanto em termos de notoriedade como de possíveis novos apoios e patrocínios. «Gostava que as pessoas olhassem para o Pevidém como o terceiro maior clube do concelho de Guimarães. Temos ambição, e isso merece ser respeitado», destaca, sem esquecer que, para captar mais investimento, o clube precisa de melhorar significativamente as suas infraestruturas.

A pressão de enfrentar um adversário como o Benfica também é encarada com naturalidade, já que o plantel é semiprofissional, mas João Moreira sabe que o grupo está bem preparado para o desafio. «Há uma grande euforia em torno do jogo, mas o nosso grupo tem experiência e sabe distinguir este momento de tudo o resto. Este é um prémio merecido, mas o foco está no futuro, no nosso campeonato», conclui.

O plano para travar o Benfica

João Pedro Coelho, treinador do Pevidém, sabe que a tarefa de defrontar o Benfica será difícil, mas está confiante no plano estratégico da sua equipa. «Temos um plano bem definido para o jogo. Sabemos das grandes diferenças entre as duas equipas, mas acredito que conseguimos diminuir essa distância com o nosso trabalho e preparação», refere o técnico, ciente da qualidade individual e coletiva dos encarnados.

Para o treinador de 42 anos, mais do que o resultado, o jogo contra o Benfica é uma oportunidade para testar os limites da equipa e evoluir. «Independentemente do que acontecer, sairemos deste jogo como vencedores. Será um teste aos nossos limites, tanto individualmente como coletivamente, e um momento de crescimento para todos», sublinha, valorizando o lado mental da preparação.

João Pedro Coelho, treinador do Pevidém. Imagem: Pevidém SC

Jogar fora do seu estádio não será desculpa: «Claro que gostaríamos de jogar em casa, mas as condições em Moreira de Cónegos são excelentes. A nossa motivação e preparação estão ao máximo. Vamos desfrutar cada segundo deste jogo», conclui.